Apresentação do capítulo sobre a China de "A Volta ao Mundo" escrito entre 1940 e 1944, publicado em Macau pela Câmara Municipal das Ilhas, Taipa, 1998 - ano do centenário do nascimento do escritor.
Um dos maiores nomes da literatura portuguesa do século XX fez uma longa peregrinação por terras do Extremo Oriente no início da década de 40. Reuniu as crónicas do que viu e sentiu, incluindo Macau, no livro "A Volta ao Mundo". Ferreira de Castro chegou primeiro a Hong Kong e daí viajou até Macau, de barco, numa viagem de cerca de 3 horas... para depois se hospedar no hotel Bela Vista. "O estilo das casas, a sua brancura, a bucólica suavidade do conjunto, tudo, tudo lembrava certos trechos das províncias de Portugal, com a Senhora do Monte a servir de padroeira. (...) Os ingleses chamam a Macau 'colónia romântica e única' e efectivamente, visto do mar, lírico é o burgozito, que se destaca, pelo seu carácter lusitano, de todos os outros encontrados desde a ponta de Sagres ao Japão." (...) O vapor passa, lentamente, em frente da cidadezita, cada vez mais linda, contorna um dos esporões d aterra e vai fundear no Porto Interior, espécie de canal entre a Península de Macau e a ilha da Lapa, que emerge do outro lado. (...) No porto não se exige passaporte nem se abrem as malas. (...) Dirigimo-nos, mais tarde, ao Hotel da Bela Vista, que espairece junto da colina da Senhora da Penha. (...) Tem uma larga varanda de pedra e, ao lado, frondosas árvores. Dele se vêem, em frente, algumas ilhas, à esquerda a colina do farol da Guia, mais abaixo a grande e rútila enseada, com a sua praia e seu branco casario. É um panorama fulgurante. (...) A península, não obstante a sua pequenez, é formada por duas cidades: a portuguesa e a nativa."
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