Nos mapas de meados do século 19 (o de cima é de 1838) a zona onde hoje está o Jardim e Monumento da Vitória (Av. Sidónio Pais) surge com a designação Campo dos Arrependidos, alusão ao facto de ser o local onde em 1622 os holandeses que participaram na invasão de Macau se renderam/arrependeram e voltaram para trás.
A zona teve ao longo dos tempos mais variadas designações: desde Campo da Victória a Praça ou Largo da Vitória. Das terraplanagens nesta área já na segunda metade do século 19 sobrou a terra utilizada depois para terraplanar a zona pantanosa do Tap Seac. (imagem abaixo). Foi também 'aberta' a Avenida Vasco da Gama por volta de 1896/98. Estava dado o primeiro passo para a disseminação da população de origem portuguesa para fora das muralhas que circundavam a chamada "cidade cristã".
A vitória sobre os holandeses a 24 de Junho de 1622 foi logo assinalada oficialmente - Dia de Macau e feriado até 1999 - nesse ano pelo Senado que instituiu a Festa de S. João que incluía procissão, missa e salva de 21 tiros na Fortaleza do Monte.
Segundo relato de Carlos Caldeira por volta de 1850, “Esta missa se chamava de Vitória, para ela dava o Senado cinco patacas de esmola e concorriam a ouvi-la muitos moradores de Macau e suas famílias, indo as crianças com flores e bandeira: passavam por ali o dia com música e folguedos, numa espécie de festa de arraial, que foi muito do gosto e usança popular, até que a Missa passou a dizer-se na Ermida da Guia, a qual por fim caiu em esquecimento parece que desde 1844”.
O Monumento da Vitória ergue-se no meio do Jardim da Vitória, na Avenida de Sidónio Pais, celebrando a vitória dos portugueses sobre os invasores holandeses.
Entre meados do século XVI e inícios do século XVII, os Países Baixos (Holanda) tornaram-se a potência dominante na Europa, na sequência da revolução da burguesia e iniciaram a sua expansão para oriente, seguindo as rotas pioneiras dos portugueses, cobiçando a conquista de Macau, que sofreu uma série de incursões armadas holandesas, antes da tentativa real de capturar a cidade. Em 1622 os holandeses enviaram uma esquadra com mil soldados para tentar conquistar Macau. Durante a invasão, um padre jesuíta disparou um tiro de canhão da Fortaleza do Monte – na altura apenas um simples aquartelamento – que acertou no paiol dos holandeses, causando uma tremenda explosão que desnorteou as suas forças, que bateram em retirada, salvando-se assim a cidade. Para assinalar a vitória dos portugueses foi inaugurado a 26 de Março de 1871 o Monumento da Vitória, comemorando a Vitória sobre os Holandeses e assim o jardim ficou conhecido pelo mesmo nome.

O Monumento da Vitória foi feito em Portugal por Manuel Maria Bordalo Pinheiro. É composto por um soco octogonal sobre o qual se assenta um fuste canelado, tendo nele aplicado as duas cartelas, no estilo do século XVII, e encimado por dois escudos, um com as armas de Portugal e outro com as da Cidade, ornados de carvalho e loiro. É rematado, no topo, pela coroa real portuguesa. No monumento está a seguinte inscrição:
"Para perpetuar na memória dos vindouros a vitória que os portugueses de Macao por intercessão do bem-aventurado S. João Baptista a quem tomaram por padroeiro alcançaram sobre oitocentos holandeses armados que de treze naus de guerra capitaneadas pelo Almirante Roggers desembarcaram na praia de Cacilhas para tomarem esta Cidade do Santo Nome de Deus de Macao em 24 de Junho de 1622."
Sobre este feito Montalto de Jesus assinou um longo artigo publicado em 1894 no China Review (Vol. 21 - nº3) intitulado "Macao's Deeds of Arms" (Os Feitos de Armas de Macau).
Destaco ainda o que foi publicado no vol. 24 - nº3, em 1899, intitulado "Origin of the colony of Macao". Estava dado o mote para o livro que viria a ser publicado poucos anos depois, o "Historic Macau", em 1902.