sábado, 4 de abril de 2009

José dos Santos Ferreira, Adé


José dos Santos Ferreira, mais conhecido por Adé, foi um poeta de Macau. Nasceu em Macau a 28 de Julho de 1919 e faleceu em Hong Kong a 24 de Março de 1993. Viveu durante toda a sua vida na sua terra natal. O seu pai é um português oriundo de Portugal e a sua mãe é uma macaense.
Foi funcionário público, mas não apenas mais um. Nessa qualidade desempenhou as funções de chefe da secretaria do Liceu Nacional Infante D. Henrique. Se terminou o liceu em Macau o mais certo é ter no seu certificado de habilitações a assinatura deste ilustre senhor da terra.
Foi um dos maiores 'cultivadores' do 'patuá' / 'papiaçam cristã', um dialecto crioulo com base na língua portuguesa cujas origens remontam à antiga Índia portuguesa.
Seu pai era português e a sua mãe macaense. Viveu 88 anos falecendo em 1993. Deixou uma obra vasta de poemas, peças de teatro, livros, operetas.. tudo em patuá. Tem uma estátua no Jardim dos Poetas.
O patuá macaense é um dialecto que deriva sobretudo da língua portuguesa, misturando palavras e configurações de palavras do malaio, espanhol, canarim (de Goa) e, mais tarde, do inglês. Pelo menos a partir do século XIX, o chinês cantonense passou a ser, indubitavelmente a sua principal influência.
O patuá era usado como meio de contacto entre os navegadores portugueses e a população local. Gramaticalmente simplificada, a língua foi se desenvolvendo e conquistando adeptos que a achavam mais funcional e fácil de entender que o português ou o chinês, por exemplo. Actualmente, “patuá” de Macau está em vias de extinção. Em Macau, apenas os macaenses mais velhos falam a língua. Tanto assim que, estudiosos e amantes da língua estão a tentar transformar o “patuá” em Património Imaterial da Humanidade, uma forma de salvar a língua da extinção.
Obras que deixou:
Escandinávia, Região de Encantos Mil (1960); Macau sa Assi (em patuá) (1968); Qui Nova, Chencho (em patuá) (1974); Papiá Cristâm di Macau: Epitome de gramática comparada e vocabulário : dialecto macaense. Macau: [s.n.] (1978); Bilhar e Caridade (poesias) (1982); Camões, Grándi na Naçám (em patuá) (1982); Poéma di Macau (poesias, em patuá)(1983); Macau di tempo antigo: Poesia e prosa: dialecto macaense. Macau: author's edition (1985); Nhum Vêlo (em patuá) (1986); Poéma na língu maquista (Poesia em papel-de-arroz). Macau: Livros do Oriente (1992).
O Governo de Macau prestou-lhe homenagem ao mandar erguer uma estátua num dos jardins da cidade, frente ao Casino/Hotel Winn.

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