Uma imagem carregada de história: partida para o 1º Grande Prémio de Macau Paul du Toi corta a meta em 2º lugar
Desembarque da viatura de Eddie Carvalho
Curva Melco... os comissários de pista eram os militares Curva do Reservatório
Bancadas de bambu para ver as bombas de outrora relíquias de hoje em dia Em 1954, algumas zonas do percurso eram de terra batida e pedra da calçada
Uns mais decisivos do que outros, mas Todos contribuiram para a realização do 1º Grande Prémio de Macau em 1954. A saber, por ordem aleatória: Macedo Pinto, Engº Antas, Paul du Toit (um suíço residente em Hong Kong), António Nolasco da Silva, Carlos Humberto da Silva, Capitão Cruz e António Lage.
Numa tarde, à mesa de um café, um grupo de amigos resolveu fazer algo diferente em Macau.. uma gincana de automóveis, que na época não eram mais de 400 no Território. Foi assim que o suíço Paul du Tois veio de Hog Kong passar um fim-de-semana a Macau. Visto in loco o que poderia ser o percurso, Paul du Tois classificou-de imediato como Grande Prémio (6,26 Km) e melhor do que o do Mónaco.
Ainda hoje é um dos maiores cartazes turísticos de Macau.
António Cambeta, residente em Macau conheceu um dos 'fundadores do GP de Macau.
"O senhor Engenheiro Macedo Pinto era uma pessoa muito minha conhecida, ele foi o Director dos Correios de Macau por longos anos. para além da paixão que tinha às corridas de automóveis, possuia um pequeno iate, e foi através desse iate que me tornei seu amigo pessoal, era casado com uma senhora chinesa, que para a época era já uma senhora super moderna, dando nas vistas o seu modo de trajar. No primeiro Grande Prémio de Macau saiu vencedor o piloto Eduardo de Carvalho, ficando em segundo lugar o suiço Paul de Tois e e em terceiro lugar Raimundo Rocha, portugu6es tendo a volta mais rápida do circuito sido efectuada por Gordon Bell com o tempo de 4.12.005, é de realçar que os três primeiros classificados conduziam viaturas TR2."
Era uma vez... numa tarde de 1954
Quando, numa tarde de 1954, durante uma conversa de café, quatro homens meteram ombros à tarefa de realizar uma prova de automóveis em Macau, estavam longe de supor que a “brincadeira” que pretendiam levar a efeito pudesse algum dia ganhar a dimensão que hoje têm as provas no Circuito da Guia.
De facto, foi de uma brincadeira que nasceu o Grande Prémio de Macau. E quem o diz é o engenheiro Macedo Pinto, um dos quatros entusiastas responsáveis pelo facto de as corridas automóveis terem hanho corpo neste Território sob administração portuguesa.
Macedo Pinto, Carlos Silva, Paulo Antas (já falecido), capitão Cruz – são os nomes da primeira hora. Encontravam-se os quatro frequentemente, e um dia...
Estávamos em 1954 – conta Macedo Pinto – e não havia em macau mais do que 300 ou 400 automóveis. Uma tarde, em conversa no café, lembrámo-nos de organizar uma gincana, mas uma gincana com foros de coisa invulgar. O Carlos Silva recordou-se, então, de escrever para Hong-Kong, para o clube de automóveis local, pedindo informações sobre a forma de organizar a prova, que não queríamos circunscrita a um local fechado, que, na nossa ideia, devia envolver toda a cidade.
Escreveram mesmo e a resposta não se fez esperar. Resposta, aliás, bem diferente daquela que aguardavam, já que surge em cena um homem de origem suiça, Paul de Tois de seu nome, e que para Macedo Pinto merece as honras de ser considerado o “pai” do Grande Prémio de Macau.
Pois Paul de Tois, em vez de escrever a enviar informações, resolveu deslocar-se a Macau, aproveitando um fim-de-semana.
Fomos recebê-lo e ele, indivíduo de um dinamísmo fantástico, foi directo ao assunto e perguntou-nos o que queríamos fazer, continua Macedo Pinto. E disseram-lhe, calcule-se, que tinham um circuito...
Pegámos num automóvel e fomos dar uma bolta ao que é o actual Circuito da Guia, que era o percurso que já tinhamos delineado. E a nossa surpresa não pôde deixar de ser enorme quando vimos o Paul de Tois aos pulos.
Isto não é uma gincana. O que vocês têm é o circuito para um Grande prémio!
Era isto que ele nos dizia, enquanto olhávamos uns para os outros com aquele olhar que pode ter alguém que pura e simplesmente pensa que estão a brincar com ele.
Paul de Tois, porém, com todo o seu dinamísmo, e uma capacidade invulgar para convencer as pessoas, fez-lhes ver que não estava a brincar, insistia mesmo:
- Vocês têm um circuito que é o melhor do que o do Mónaco. Nunca imaginei que pudesse haver em Macau uma coisa destas! E o certo é que os quatro decidiram que era de acompanhar aquele homem. Mesmo que se tratasse de um louco, tinha-os convencido.
Do entusiasmo de Paul de Tois nasceu, assim o I Grande Prémio de Macau, que contou com um grande apoio do Hong Kong Motor Sports e mereceu o carinho das autoridades do Território.
Cosntruíu-se um “stand” em bambú e os carros foram para a estrada. Uma mistura incrível de carros de todos os tipos, como recorda Macedo Pinto. Que lembra mais.
Por exemplo, que o percurso entre a Casa Branca e o Ramal dos Mouros era em terra batida... Ele, além de organizador também concorrente, recorda-se ainda de que naquele troço do circuito o pó obrigava a que os pilotos orientassem a sua condução pela copa das árvores! Para a história, todavia, ficam outros factos, como ou de parte da pista se ter desfeito durante a prova. Mas, apesar de tudo, não pode dizer-se que as coisas tenham corrido mal.
Mesmo fazendo essa constatação, os quatro entusiastas pensaram que se tinha organizado o I Grande Prémio de Macau – e o último... Mal a prova acabou, no entanto, Paul de Tois, não lhe deu tréguas, a exemplo, aliás, do que aconteceu com a imprensa de Hong Kong. O Grande Prémio de Macau deve continuar – era a palavra de orde4m. E continuou mesmo!
Um ano mais tarde, os carros voltavam ao Circuito da Guia, então já completamente asfaltado. E não foi preciso esperar muito para que aparecessem as bancadas em cimento armado.
Todos os anos algo melhora, o que se percebe até pelos gastos de organização. A primeira edição do Grande Prémio de Macau custou 15 mil patacas. No ano seguinte as despesas subiram para 60 mil. Em 1956 foram precisas mais de 200 mil...
Entretanto, também o público começava a pagar bilhete. Uma pataca foi quanto custou o ingresso em 1955.
Mas os carros andavam, as corridas faziam-se. Isso, sim, era importante. E acontecia com o apoio da Polícia e do Exército, que emprestava os sinaleiros para a pista... A cronometragem, claro, era manual, e o conta-voltas feito com folhas de calendário...
Os anos foram passando. Apareceram os “fórmulas”, as motos, o reconhecimento da Federation Internationale du Sport Automobile, a inscrição no calendário internacional. E Macau projectava-se no Mundo através do seu Grande Prémio, um dos únicos três que ainda se disoutam em estrada aberta. Os outros são o Mónaco e Long beach, nos Estados Unidos.
E tudo a partir de uma brincadeira do grupo de quatro homens a que é preciso juntar o nome de António Lage, de pronto chamado para coloborar nas tarefas de âmbito comercial. Homens a quem o Grande Prémio de Macau tudo deve. Ter nascido, e também não ter acabado.
Como podia ter acontecido, no final da década de 50, quando umas das pontes para peões se abateu sobre o circuito. Era o fim para muitos. Macedo Pinto agitou a bandeira vermelha, mas houve o discernimento e a coragem para dar nova partida!
Macau continua, assim a ser palco privilegiado para as grandes máquinas.
Um dos grandes circuitos do Oriente e, sem dúvida, um dos mais espectaculares de todo o Mundo, pelas suas condições invulgares. Quem nunca “viveu” o Circuito da Guia, fica entusiasmado só por olhar o desenho dos seus contonos. Circuito da Guia que poderá vir a ser integrado num novo campeonato mundial. Para os homens da primeira hora essa possibilidade representa a atribuição de ‘borla e capelo” ao Grande Prémio de Macau. Eles bem merecem a distinção.
Quando, numa tarde de 1954, durante uma conversa de café, quatro homens meteram ombros à tarefa de realizar uma prova de automóveis em Macau, estavam longe de supor que a “brincadeira” que pretendiam levar a efeito pudesse algum dia ganhar a dimensão que hoje têm as provas no Circuito da Guia.
De facto, foi de uma brincadeira que nasceu o Grande Prémio de Macau. E quem o diz é o engenheiro Macedo Pinto, um dos quatros entusiastas responsáveis pelo facto de as corridas automóveis terem hanho corpo neste Território sob administração portuguesa.
Macedo Pinto, Carlos Silva, Paulo Antas (já falecido), capitão Cruz – são os nomes da primeira hora. Encontravam-se os quatro frequentemente, e um dia...
Estávamos em 1954 – conta Macedo Pinto – e não havia em macau mais do que 300 ou 400 automóveis. Uma tarde, em conversa no café, lembrámo-nos de organizar uma gincana, mas uma gincana com foros de coisa invulgar. O Carlos Silva recordou-se, então, de escrever para Hong-Kong, para o clube de automóveis local, pedindo informações sobre a forma de organizar a prova, que não queríamos circunscrita a um local fechado, que, na nossa ideia, devia envolver toda a cidade.
Escreveram mesmo e a resposta não se fez esperar. Resposta, aliás, bem diferente daquela que aguardavam, já que surge em cena um homem de origem suiça, Paul de Tois de seu nome, e que para Macedo Pinto merece as honras de ser considerado o “pai” do Grande Prémio de Macau.
Pois Paul de Tois, em vez de escrever a enviar informações, resolveu deslocar-se a Macau, aproveitando um fim-de-semana.
Fomos recebê-lo e ele, indivíduo de um dinamísmo fantástico, foi directo ao assunto e perguntou-nos o que queríamos fazer, continua Macedo Pinto. E disseram-lhe, calcule-se, que tinham um circuito...
Pegámos num automóvel e fomos dar uma bolta ao que é o actual Circuito da Guia, que era o percurso que já tinhamos delineado. E a nossa surpresa não pôde deixar de ser enorme quando vimos o Paul de Tois aos pulos.
Isto não é uma gincana. O que vocês têm é o circuito para um Grande prémio!
Era isto que ele nos dizia, enquanto olhávamos uns para os outros com aquele olhar que pode ter alguém que pura e simplesmente pensa que estão a brincar com ele.
Paul de Tois, porém, com todo o seu dinamísmo, e uma capacidade invulgar para convencer as pessoas, fez-lhes ver que não estava a brincar, insistia mesmo:
- Vocês têm um circuito que é o melhor do que o do Mónaco. Nunca imaginei que pudesse haver em Macau uma coisa destas! E o certo é que os quatro decidiram que era de acompanhar aquele homem. Mesmo que se tratasse de um louco, tinha-os convencido.
Do entusiasmo de Paul de Tois nasceu, assim o I Grande Prémio de Macau, que contou com um grande apoio do Hong Kong Motor Sports e mereceu o carinho das autoridades do Território.
Cosntruíu-se um “stand” em bambú e os carros foram para a estrada. Uma mistura incrível de carros de todos os tipos, como recorda Macedo Pinto. Que lembra mais.
Por exemplo, que o percurso entre a Casa Branca e o Ramal dos Mouros era em terra batida... Ele, além de organizador também concorrente, recorda-se ainda de que naquele troço do circuito o pó obrigava a que os pilotos orientassem a sua condução pela copa das árvores! Para a história, todavia, ficam outros factos, como ou de parte da pista se ter desfeito durante a prova. Mas, apesar de tudo, não pode dizer-se que as coisas tenham corrido mal.
Mesmo fazendo essa constatação, os quatro entusiastas pensaram que se tinha organizado o I Grande Prémio de Macau – e o último... Mal a prova acabou, no entanto, Paul de Tois, não lhe deu tréguas, a exemplo, aliás, do que aconteceu com a imprensa de Hong Kong. O Grande Prémio de Macau deve continuar – era a palavra de orde4m. E continuou mesmo!
Um ano mais tarde, os carros voltavam ao Circuito da Guia, então já completamente asfaltado. E não foi preciso esperar muito para que aparecessem as bancadas em cimento armado.
Todos os anos algo melhora, o que se percebe até pelos gastos de organização. A primeira edição do Grande Prémio de Macau custou 15 mil patacas. No ano seguinte as despesas subiram para 60 mil. Em 1956 foram precisas mais de 200 mil...
Entretanto, também o público começava a pagar bilhete. Uma pataca foi quanto custou o ingresso em 1955.
Mas os carros andavam, as corridas faziam-se. Isso, sim, era importante. E acontecia com o apoio da Polícia e do Exército, que emprestava os sinaleiros para a pista... A cronometragem, claro, era manual, e o conta-voltas feito com folhas de calendário...
Os anos foram passando. Apareceram os “fórmulas”, as motos, o reconhecimento da Federation Internationale du Sport Automobile, a inscrição no calendário internacional. E Macau projectava-se no Mundo através do seu Grande Prémio, um dos únicos três que ainda se disoutam em estrada aberta. Os outros são o Mónaco e Long beach, nos Estados Unidos.
E tudo a partir de uma brincadeira do grupo de quatro homens a que é preciso juntar o nome de António Lage, de pronto chamado para coloborar nas tarefas de âmbito comercial. Homens a quem o Grande Prémio de Macau tudo deve. Ter nascido, e também não ter acabado.
Como podia ter acontecido, no final da década de 50, quando umas das pontes para peões se abateu sobre o circuito. Era o fim para muitos. Macedo Pinto agitou a bandeira vermelha, mas houve o discernimento e a coragem para dar nova partida!
Macau continua, assim a ser palco privilegiado para as grandes máquinas.
Um dos grandes circuitos do Oriente e, sem dúvida, um dos mais espectaculares de todo o Mundo, pelas suas condições invulgares. Quem nunca “viveu” o Circuito da Guia, fica entusiasmado só por olhar o desenho dos seus contonos. Circuito da Guia que poderá vir a ser integrado num novo campeonato mundial. Para os homens da primeira hora essa possibilidade representa a atribuição de ‘borla e capelo” ao Grande Prémio de Macau. Eles bem merecem a distinção.
Texto institucional sobre as origens do GP de Macau. Embora não o garantir a 100%, a autoria destas palavras é, muito provavelmente, de Rogério Santos, então Presidente do Leal Senado, entidade organizadora do Grande Prémio de Macau.
Créditos fotográficos: Recordações do GP de Macau, de José Estorninho e Folheto GP de Macau, tradição no Oriente, de Eduardo Tomé Silva Pires.
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