Destacou-se por ter impulsionado a modernização daquela que hoje é a principal fonte de receitas do Governo da RAEM. Lopes dos Santos, que morreu no sábado aos 92 anos, deve ser ainda recordado como o homem que marcou o início das relações diplomáticas entre Lisboa e Pequim.
Com ele operou-se a mudança da concessão do jogo para Stanley Ho. Deu-se então uma abertura, dentro do sector, aos jogos ocidentais, crescendo exponencialmente as receitas da administração de Macau. Entre outros feitos, assim deverá ser recordado o antigo governador do território, António Adriano Lopes dos Santos, na opinião do historiador Moisés da Silva Fernandes. Em Macau, foi governador e chefe de guarnição militar em Macau entre 1962 e 1966, substituindo na altura Silvério Marques. “Deu o pontapé de saída para que cessasse a concessão de jogo à família Taixing, e fosse atribuída a Stanley Ho”, conta o historiador. Daí adveio uma “modernização” da indústria, abrindo caminho para uma futura liberalização. De acordo com Moisés Fernandes, foi só a partir dessa altura que “Macau começou a assistir ao crescimento exponencial do dinheiro que provinha do jogo”, acabando por determinar que este sector se tornasse “a principal fonte de rendimento”.Aliás, adianta Moisés Fernandes, “os antigos detentores do monopólio apenas utilizavam os jogos tradicionais chineses”. Mudando a concessão, sob a liderança do então governador Lopes dos Santos, “o sector transformou-se”, abrindo-se aos “jogos ocidentais”. O processo teve início com o antigo governador, Silvério Marques, mas acabou por ser concluído apenas com Lopes dos Santos. “Veio permitir a Macau ter acesso a novas fontes de rendimento, o que também lhe deu uma maior manobra política”, afirma.
O papel primordial do jogo
Se durante os anos 60 era o ouro a principal fonte de receitas e o jogo era relativamente secundário, com esta mudança de concessionário vai ocorrer “uma modernização”. E alcançando o jogo um papel essencial.Além disso, acrescenta o historiador, alia-se ao jogo e ao ouro a introdução das corridas de cães em Macau, garantindo, assim, uma diversificação das fontes de rendimento.Assim, resume, tendo Macau autonomia em relação a Lisboa na obtenção de receitas, durante este período dá-se “um aumento significativo de verbas para a administração portuguesa”. Ouve-se também, pela primeira vez durante este período, a expressão “Macau como centro de turismo”.
Com ele operou-se a mudança da concessão do jogo para Stanley Ho. Deu-se então uma abertura, dentro do sector, aos jogos ocidentais, crescendo exponencialmente as receitas da administração de Macau. Entre outros feitos, assim deverá ser recordado o antigo governador do território, António Adriano Lopes dos Santos, na opinião do historiador Moisés da Silva Fernandes. Em Macau, foi governador e chefe de guarnição militar em Macau entre 1962 e 1966, substituindo na altura Silvério Marques. “Deu o pontapé de saída para que cessasse a concessão de jogo à família Taixing, e fosse atribuída a Stanley Ho”, conta o historiador. Daí adveio uma “modernização” da indústria, abrindo caminho para uma futura liberalização. De acordo com Moisés Fernandes, foi só a partir dessa altura que “Macau começou a assistir ao crescimento exponencial do dinheiro que provinha do jogo”, acabando por determinar que este sector se tornasse “a principal fonte de rendimento”.Aliás, adianta Moisés Fernandes, “os antigos detentores do monopólio apenas utilizavam os jogos tradicionais chineses”. Mudando a concessão, sob a liderança do então governador Lopes dos Santos, “o sector transformou-se”, abrindo-se aos “jogos ocidentais”. O processo teve início com o antigo governador, Silvério Marques, mas acabou por ser concluído apenas com Lopes dos Santos. “Veio permitir a Macau ter acesso a novas fontes de rendimento, o que também lhe deu uma maior manobra política”, afirma.
O papel primordial do jogo
Se durante os anos 60 era o ouro a principal fonte de receitas e o jogo era relativamente secundário, com esta mudança de concessionário vai ocorrer “uma modernização”. E alcançando o jogo um papel essencial.Além disso, acrescenta o historiador, alia-se ao jogo e ao ouro a introdução das corridas de cães em Macau, garantindo, assim, uma diversificação das fontes de rendimento.Assim, resume, tendo Macau autonomia em relação a Lisboa na obtenção de receitas, durante este período dá-se “um aumento significativo de verbas para a administração portuguesa”. Ouve-se também, pela primeira vez durante este período, a expressão “Macau como centro de turismo”.
Lopes dos Santos assiste a desfile militar
Diplomacia em extremos opostos
O nome de Lopes dos Santos fica também para a História por ter mantido pela, primeira vez, encontros “secretos com Ho Ping, mas com a autorização de Salazar”. O que tem ainda mais significado tendo em conta que os contactos que existiam, até então, entre a República Popular da China e Portugal, tinham sempre por intermediário o pai de Edmund Ho, Ho Yin.Tudo muda, porém, com a chamada crise de 1963 “quando agentes formosinos foram presos, enquanto se encontravam nas águas territoriais de Macau”, conta o historiador. “Isso levará então à aproximação entre as autoridades portuguesas e o Governo Central”, acrescenta.Apesar de ter resistido às pressões da RPC no sentido de entregar esses agentes formosinos, Lopes dos Santos aceitou “manter reuniões no Palácio de Santa com Ho Ping, que era o presidente do Conselho de Administração da Nam Kwong – a empresa que representava os interesses da China Continental e Macau”.Esses encontros marcaram o estabelecimento de um canal de comunicação directo, mas secreto, entre “o Governador de Macau e Ho Ping, o representante da RPC em Macau”.Aliás, na sequência da detenção desses agentes secretos formosinos, “o Governo do território elaborou uma nota oficiosa, em chinês e português, através do centro de informação e turismo, em que proibia actividades hostis contra a China Continental”. E veio a existir uma promessa formal da parte da administração portuguesa de Macau de que “qualquer actividade anti-China Continental levaria a que as pessoas envolvidas fossem entregues às autoridades centrais”.De realçar, acrescenta o historiador, que estes momentos são especialmente importantes, dado que entre ambos os regimes inexistiam relações diplomáticas. “Um era de extrema-direita e outro de extrema-esquerda”, realça. Finalmente, Lopes dos Santos acabou por ter um papel importante, de forma indirecta, no apoio aos milhares de refugiados que vieram para Macau em busca de abrigo, na sequência da política económica levada a cabo pelo então presidente da RPC, Mao Zedong, denominada Grande Salto em Frente. “Nesta época, previam-se somas astronómicas, no orçamento do território, para apoiar de forma indirecta os refugiados que entraram em Macau”, afirma Moisés Fernandes.
Artigo do jornal Ponto Final de 3 de Agosto de 2009 da autoria de Luciana Leitão
O nome de Lopes dos Santos fica também para a História por ter mantido pela, primeira vez, encontros “secretos com Ho Ping, mas com a autorização de Salazar”. O que tem ainda mais significado tendo em conta que os contactos que existiam, até então, entre a República Popular da China e Portugal, tinham sempre por intermediário o pai de Edmund Ho, Ho Yin.Tudo muda, porém, com a chamada crise de 1963 “quando agentes formosinos foram presos, enquanto se encontravam nas águas territoriais de Macau”, conta o historiador. “Isso levará então à aproximação entre as autoridades portuguesas e o Governo Central”, acrescenta.Apesar de ter resistido às pressões da RPC no sentido de entregar esses agentes formosinos, Lopes dos Santos aceitou “manter reuniões no Palácio de Santa com Ho Ping, que era o presidente do Conselho de Administração da Nam Kwong – a empresa que representava os interesses da China Continental e Macau”.Esses encontros marcaram o estabelecimento de um canal de comunicação directo, mas secreto, entre “o Governador de Macau e Ho Ping, o representante da RPC em Macau”.Aliás, na sequência da detenção desses agentes secretos formosinos, “o Governo do território elaborou uma nota oficiosa, em chinês e português, através do centro de informação e turismo, em que proibia actividades hostis contra a China Continental”. E veio a existir uma promessa formal da parte da administração portuguesa de Macau de que “qualquer actividade anti-China Continental levaria a que as pessoas envolvidas fossem entregues às autoridades centrais”.De realçar, acrescenta o historiador, que estes momentos são especialmente importantes, dado que entre ambos os regimes inexistiam relações diplomáticas. “Um era de extrema-direita e outro de extrema-esquerda”, realça. Finalmente, Lopes dos Santos acabou por ter um papel importante, de forma indirecta, no apoio aos milhares de refugiados que vieram para Macau em busca de abrigo, na sequência da política económica levada a cabo pelo então presidente da RPC, Mao Zedong, denominada Grande Salto em Frente. “Nesta época, previam-se somas astronómicas, no orçamento do território, para apoiar de forma indirecta os refugiados que entraram em Macau”, afirma Moisés Fernandes.
Artigo do jornal Ponto Final de 3 de Agosto de 2009 da autoria de Luciana Leitão
Sem comentários:
Enviar um comentário