Nasceu a 11 de Julho de 1907 e faleceu a 20 de Março de 1976. Uma vida marcada pela entrega e dedicação à acção cívica e cultural de Macau. Por esta razão, e para homenagear a sua memória e realçar o seu exemplo, foi-lhe erigido um busto em lugar público, exposto primeiro no Jardim de S. Francisco e actualmente firmado no Jardim das Artes.
Foi também um profícuo agente do intercâmbio cultural China-Portugal, nas suas múltiplas acções e iniciativas, como escritor e tradutor. É autor de riquíssima bibliografia onde introduz e apresenta inúmeros aspectos da cultura chinesa para o universo da língua portuguesa; inversamente, também publicou e traduziu livros para língua chinesa. Personalidade sensível ao movimento das trocas culturais, conhecedor da língua chinesa, ele foi Secretário da Comissão da Elaboração do Regulamento do Curso de Língua Chinesa no Liceu Nacional Infante D. Henrique, o principal estabelecimento de Ensino Secundário para lusofalantes de Macau naquele tempo. Acabou por ser ali o professor da Língua Chinesa, defendendo sempre a importância do seu ensino junto da comunidade de língua portuguesa. Neste campo, publicou “Vocabulário Cantonense-Português”, “Vocabulário Português-Cantonense” e “Noções Elementares da Língua Chinesa”. As suas preocupações e acções pedagógicas devem ter-lhe sido inspiradas no berço; o seu pai, Joaquim Francisco Xavier Gomes, foi Director da Escola Central do Sexo Masculino, e sua mãe, Sara Carolina de Encarnação, foi também Directora da Escola Central do Sexo Feminino.
O pendor cultural que cedo animou o seu espírito, herdou-o também por certo da atmosfera culta da sua família, idêntica a muitas da comunidade macaense existentes nesses tempos em Macau. Luís Gonzaga Gomes (o Inho Gomes, como era tratado de forma carinhosa junto da comunidade macaense) foi um extraordinário auto-didacta, surpreendendo tão vastos conhecimentos culturais que transpiram dos seus múltiplos escritos. Traduziu para chinês “Os Lusíadas contados às crianças”, e a “Arte europeia na corte de Qianglong”, entre muitas outras obras escritas. Para dar a conhecer aos portugueses a riqueza etnográfica de Macau (folclore, costumes, tradições, lendas, artes, etc.) publicou “Lendas Chinesas de Macau”, “Festividades Chinesas de Macau”, “Contos Chineses”, “Curiosidade de Macau Antiga”, entre outros. Para introduzir os falantes de Português na Cultura da China, publicou, entre muitos outros, livros como “O Clássico Trimétrico”, “O Estudo de Mil Caracteres”, “A Piedade Filial”, “As Quatro Obras”, “O Livro da Vida e da Virtude de Láucio”.
Com a sua competência e conhecimentos da arte chinesa foi ele quem instalou o Museu Luís de Camões, hoje denominado Museu de Arte de Macau. Foi um grande coleccionador de arte chinesa e proprietário de uma valiosa biblioteca cujos livros doou e fazem parte do espólio da Biblioteca e do Arquivo Histórico de Macau.
Luís Gonzaga Gomes foi um símbolo de Macau – lugar de diálogo, de harmonia, de tolerância, de universalidade e de paz. Foi condecorado com a medalha do Infante D. Henrique, a medalha de Valor e a de Cavaleiro da Ordem das Palmas da França.
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