No final do século XIX um comerciante chinês iria marcar de forma decisiva e a vários níveis a vida em Macau, tal foi a sua influência. Refiro-me a Lou Wa Sio, mais conhecido po Lou Kao, nono filho do clã Lou, originário de Xinhui, na província de Guangdong, muito perto de Macau.
No território deixou como legado uma mansão com marcas do período da dinastia Qing, na Travessa da Sé (imagem ao lado), e um dos jardins mais bonitos e mais chineses de Macau, feito à imagem e semelhança dos da cidade de Suzhou, e que acabaria por receber o nome do seu primogénito, Lou Lim Ieoc.
A mansão, com traços chineses e alguns elementos da arquitectura occidental, foi construída por volta de 1889 e era conhecida pela designação Salão do Ouro e dos Jades (Kam Yuk Tong).
Mas as marcas do legado não se ficam pelo património edificado. Lou Kao foi também um dos primeiros magnatas da indústrias do jogo.
Nos filhos vai deixar a semente da intervenção política. Lou Lim Ioc chegou a ser membro do Leal Senado e Lou Yi Ieoc (o terceiro filho) foi também um dos apoiantes da causa de Sun Yat-sen, o fundador da República na China em 1911. Em Macau Sun teve outros importantes apoios, como foi o caso do amigo Francisco Hermenegildo Fernandes e dos governadores Álvaro de Mello Machado (1910-1913) e Carlos da Maia (1914-1916).
Nos filhos vai deixar a semente da intervenção política. Lou Lim Ioc chegou a ser membro do Leal Senado e Lou Yi Ieoc (o terceiro filho) foi também um dos apoiantes da causa de Sun Yat-sen, o fundador da República na China em 1911. Em Macau Sun teve outros importantes apoios, como foi o caso do amigo Francisco Hermenegildo Fernandes e dos governadores Álvaro de Mello Machado (1910-1913) e Carlos da Maia (1914-1916).
Carlos da Maia e Lou Lim Ioc lado a lado em Macau em 1915 |
Para a história deste período ficou um documento muito importante. Uma carta, com data de 1916, escrita (em francês) por Sun Yat-sen a partir de Xangai e dirigida Carlos da Maia:
“É com verdadeiro prazer que venho exprimir-lhe os meus sinceros agradecimentos pela extrema bondade que testemunhou, em repetidas circunstâncias a todos os meus amigos políticos, sobretudo durante os últimos acontecimentos que tiveram lugar não longe de Macau. Não tenho palavras para vos expressar o reconhecimento profundo que dedico a tantos testemunhos de simpatia da vossa parte. Transmitindo-vos assim esses sentimentos, eu estou certo de ser o intérprete fiel de todos os republicanos chineses. Formulo ardentes votos, meu caro Governador, para que a ordem e a paz sejam rapidamente restabelecidas na China, a fim de que nós possamos, com a ajuda e o exemplo da República Portuguesa, instaurar na China os princípios e as bases de uma administração que traduza as aspirações do povo”.
Rotunda Carlos da Maia em Macau. Década 1920 |
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