Em Setembro de 1996 o jornal Arquitectos - da Associação dos Arquitectos Portugueses - dedicava pela segunda vez uma edição a Macau. Do número 163 fizeram parte artigos de Eduardo Lima soares, Francisco Caldeira Cabral, Luís Gouveia Durão, Francisco Figueira (1934-2009), Mário Duque e Maria José de Freitas.
Recorro a uma edição de 2014 do Jornal Tribuna de Macau para assinalar o aniversário do nascimento do arquitecto Francisco Figueira (1934-2009) que teve um papel fundamental nos "primórdios da defesa do Património de Macau", um processo iniciado na década de 1970 e que culminou em 2005 com a UNESCO a classificar o Centro Histórico de Macau como Património da Humanidade.
Na foto gentilmente cedida por Armindo Ferreira, na altura relações públicas do Centro de Informação e Turismo (CIT) surge na Fortaleza do Monte uma delegação de sete peritos da Associação de Turismo da Ásia Pacífico (PATA), chefiada pelo coronel Adnan (2º da esquerda), uma “autoridade” na protecção do património. A convite do CIT, a comitiva veio elaborar um estudo sobre medidas para preservar o património histórico, cultural e arquitectónico de Macau. Na foto podemos ver ainda (da direita para a esq.) Armindo Ferreira, Rufino Ramos (técnico do CIT) e Francisco Figueira, das Obras Públicas.Ao longo de uma semana, os peritos visitaram os principais pontos de interesse histórico e arquitectónico e realizaram “intensas” reuniões de trabalho, muitas vezes com o “valioso ‘input’” do padre Manuel Teixeira, contou Armindo Ferreira, frisando que o relatório definiu as “principais premissas” na área patrimonial para assegurar “uma acção contínua e sustentada” com vista a “preservar a memória de Macau”. Há mais de três décadas, foram assim tomadas as primeiras medidas nesse sentido, sendo que ao longo dos anos “imensa gente” também contribuiu para que Macau conquistasse o reconhecimento da UNESCO, acrescentou.
Armindo Ferreira recorda ainda uma nota “curiosa”: já nessa altura, Francisco Figueira propunha a criação de uma zona pedestre na Praça do Leal Senado e posteriormente o fecho da Avenida Almeida Ribeiro ao trânsito. A ideia causou “tremenda celeuma”, sobretudo junto dos proprietários de espaços comerciais da zona, porque as pessoas costumavam parquear os carros quase à porta das lojas e restaurantes. A Praça apenas seria fechada ao trânsito nos anos 90, uma década após ter sido autorizada a construção do edifício residencial e silo automóvel nas traseiras do edifício do Leal Senado, por não estarem ainda previstas as zonas tampão do Património. Tal medida “amarfanhou da pior forma possível” o Leal Senado e a Praça, lamentou.
Armindo Ferreira recorda ainda uma nota “curiosa”: já nessa altura, Francisco Figueira propunha a criação de uma zona pedestre na Praça do Leal Senado e posteriormente o fecho da Avenida Almeida Ribeiro ao trânsito. A ideia causou “tremenda celeuma”, sobretudo junto dos proprietários de espaços comerciais da zona, porque as pessoas costumavam parquear os carros quase à porta das lojas e restaurantes. A Praça apenas seria fechada ao trânsito nos anos 90, uma década após ter sido autorizada a construção do edifício residencial e silo automóvel nas traseiras do edifício do Leal Senado, por não estarem ainda previstas as zonas tampão do Património. Tal medida “amarfanhou da pior forma possível” o Leal Senado e a Praça, lamentou.
FF, primeiro da esquerda, em Janeiro de 1986, no 3º aniversário do Instituto Cultural de Macau. Ainda na foto, Adelina de Sá Carvalho, o comendador Alberto Dias Ferreira e Jorge Rangel. |
Francisco Figueira faleceu em 2009, aos 75 anos, mas o mérito da sua obra continua a ser amplamente enaltecido. Em 1976, participou na preparação da primeira lista do inventário do património e, em 1982, assegurou para Macau o prémio “PATA – Annual Pacific Heritage Contest”, pelo projecto de conservação do conjunto do Jardim Lou Lim Ioc e casas da zona do Tap Seac. Assumiu depois as funções de primeiro chefe do Departamento do Património Cultural do Instituto Cultural, organismo que, já sob a liderança de Ung Vai Meng, recordou Francisco Figueira como “uma personalidade pioneira na preservação do património cultural”, tendo contribuído de “forma decisiva” para acções que conduziram à inscrição de Macau na Lista do Património Mundial.
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