quinta-feira, 24 de abril de 2014

Fabricantes de papel-moeda do BNU

O BNU de Macau (no território desde 1902), à semelhança do que aconteceu com as demais colónias onde o BNU era banco emissor, recorreu a empresas externas para a emissão de "papel-moeda". A primeira emissão do BNU em Macau foi a denominada ‘Antiga-Simples’. Foi produzida em 1905 pelos britânicos da Barclay & Fry Ltd., uma companhia especializada na impressão de papel-moeda e papéis de valor. Outro dos fabricantes londrinos a fornecer o BNU de Macau foi a Waterlow & Sons Ltd. a quem foram adjudicadas as ‘emissões Pagode’ (1945) e ‘Brum da Silveira’ (1952) para Macau.
O contexto social e político de determinadas épocas e a localização das colónias onde o BNU estava presente fez com que por vezes o envio de papel moeda não fosse possível. Tal facto ocorreu durante por exemplo durante a guerra sino-japonesa que deixou o território isolado do mundo por via da ocupação e bloqueio naval dos japoneses de grandes partes da China, incluindo Hong Kong já quando a segunda guerra mundial se alastrou ao Pacífico.
 

Uma das remessas que não chegou a Macau foi a ‘Emissão Pagode’ no valor de 3.769.975 patacas. Ficou retida em Lourenço Marques (actual Maputo) e as notas só viriam a circular em Macau a partir de 16 de Novembro de 1945.
Após insistentes pedidos por parte do Governador Gabriel Maurício Teixeira, o Ministério das Colónias, em 1944, outorgou o Decreto n.º 33 517, autorizando a Filial de Macau a proceder à emissão de Certificados como "moeda privativa da Colónia, do valor nominal a estabelecer pelo governador de Macau".
Perante a escassez de meios de troca o BNU Macau teve de recorrer a duas empresas da região para a produção das notas e das cédulas de que necessitava. Foi o caso da Hong Kong Printing Press para a produção de cédulas que circularam entre 1920 e 1946 e da Litografia Sin Chon & Cia que emitiu os denominados certificados de 1944 em condições muito rudimentares.
A denominada "Emissão Certificados" foi impressa na Litografia Sin Chon & Cia em papel de fabrico local e com recurso a pedras litográficas calcárias. Numa das faces, tinham os desenhos dos Certificados que tiveram como modelo a ‘Emissão António Ennes’ para Moçambique. Na emissão macaense, a efígie de António Ennes foi substituída pelo Escudo de Portugal com palmas e laço, o selo do BNU foi elevado e manteve-se a Rosácea no fundo mas com outro pigmento.
As pedras litográficas pesavam cerca de 35 Kg cada. Foram cortadas em forma de hexaedro rectangular e com as arestas ligeiramente arredondadas. Apresentam na face frontal três desenhos distintos: um para a moldura, outro para o fundo e o último para a rosácea. O processo gráfico de produção dos Certificados foi a cromolitografia, que permitia a impressão a várias cores. Esta obrigação foi posteriormente alterada pelo Decreto n.º 33 577, de 15 de Março de 1944, que autorizou a delegação dessas atribuições noutros funcionários do Governo (o Subdirector ou os primeiros-oficiais) e do Banco (o Guarda-Livros, o Tesoureiro ou o Chefe de Serviços). Ainda assim foram feitas inúmeras falsificações.
Estes Certificados tiveram também a particularidade de terem sido a única emissão do BNU em que os ornatos, os textos e as imagens no Verso da nota foram impressos na vertical.
Os Certificados apresentavam como data de emissão, 5 de Fevereiro de 1944. Foram emitidos nos valores de 5, 10, 25, 50, 100 e 500 Patacas e cada valor facial tinha a sua cor. Na sua totalidade foram emitidos 1.284.000 Certificados até 1947, ano em que foram retirados de circulação.
A Casa da Moeda de Lisboa foi outro dos fornecedores do BNU de Macau. Assegurou por exemplo as emissões das Ruínas da Catedral de S. Paulo de 1973 e 1979.
João Botas in JTM de 17.4.2014

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