O primeiro período da diáspora macaense ocorreu em meados do século XIX e os principais destinos foram Hong Kong (a nascer na altura) e Xangai. Em 1877 já existiam 300 portugueses em Xangai e em 1883 passam para o dobro. Entre 1880 e 1952 foram perto de 5 mil.
Os movimentos migratórios macaenses seriam marcados pela invasão japonesa a partir de 1937, a II Guerra Mundial e a Guerra Civil na China, que obrigou milhares de macaenses residentes em Xangai a regressarem a Macau.
Sobre este último conflito, o jornal Notícias de Macau dá conta da chegada do primeiro grupo de "refugiados portugueses de Xangai" a Macau a 19 Maio de 1949.
Os movimentos migratórios macaenses seriam marcados pela invasão japonesa a partir de 1937, a II Guerra Mundial e a Guerra Civil na China, que obrigou milhares de macaenses residentes em Xangai a regressarem a Macau.
Sobre este último conflito, o jornal Notícias de Macau dá conta da chegada do primeiro grupo de "refugiados portugueses de Xangai" a Macau a 19 Maio de 1949.
Primeira página do jornal Notícias de Macau. Edição de 19 de Maio de 1949 |
Na década de 1940 na cidade chinesa de Xangai estavam registados no consulado português 1214 portugueses/macaenses. Com a guerra civil chinesa regressaram a Macau e em 1950 já eram apenas 61 os registados em Xangai (iriam depois para o Japão).
Entre 1949 e 1951 Macau acolheu perto de 500 refugiados oriundos de Xangai. Muitos deles já eram portugueses/macaenses de segunda geração, ou seja, nascidos nas cidades que os pais escolheram para viver. A partir do território, que mais uma vez mostrava a sua solidariedade, estes macaenses partiriam para uma nova diáspora e espalharam-se por cinco continentes estabelecendo-se em países como Brasil, Austrália, EUA, Canadá e Portugal, entre outros. O padre Lancelote Rodrigues iria destacar-se no apoio aos refugiados em Macau.
Sugestão de leitura: Romance "A Mãe" de Rodrigo Leal de Carvalho.
Este romance inspira-se em factos reais e narra a saga de Natasha Korbachenko. Nascida na Sibéria, exilada para a Manchúria devido à revolução bolchevista, Natasha parte depois para Xangai, onde sobrevive dedicando-se à prostituição. Ali conhece um estudante russo judeu (Vassili Yakovitch) com quem casa e tem cinco filhos. No momento em que Vassili se torna professor numa instituição de ensino superior em Xangai, eclode a guerra do Pacífico, sendo Xangai ocupada pelos japoneses, que iniciam uma perseguição aos judeus. A família Yakovitch foge para Macau onde irá viver enquanto aguarda a chegada de um visto de entrada nos Estados Unidos. No final da guerra, todos os vistos para entrada da família nos EUA são aprovados, menos o do filho Ivan, por ser deficiente mental. São então assolados pelo terrível dilema entre desistir do sonho americano ou abandonar o filho em Macau.
Excertos:
“Macau estava cheia de refugiados das mais variadas províncias da China, de países do Sueste Asiático e outros, fugidos às fomes e à guerra, europeus de múltiplas nacionalidades, de Hong Kong e de Xangai, todos à procura de abrigo”. (...)
“Mas para ela e para a família que não tinham passaporte? E quem não tem passaporte, não tem pátria. Sem papéis, não se é ninguém, não se existe. (...) ”
Este romance inspira-se em factos reais e narra a saga de Natasha Korbachenko. Nascida na Sibéria, exilada para a Manchúria devido à revolução bolchevista, Natasha parte depois para Xangai, onde sobrevive dedicando-se à prostituição. Ali conhece um estudante russo judeu (Vassili Yakovitch) com quem casa e tem cinco filhos. No momento em que Vassili se torna professor numa instituição de ensino superior em Xangai, eclode a guerra do Pacífico, sendo Xangai ocupada pelos japoneses, que iniciam uma perseguição aos judeus. A família Yakovitch foge para Macau onde irá viver enquanto aguarda a chegada de um visto de entrada nos Estados Unidos. No final da guerra, todos os vistos para entrada da família nos EUA são aprovados, menos o do filho Ivan, por ser deficiente mental. São então assolados pelo terrível dilema entre desistir do sonho americano ou abandonar o filho em Macau.
Excertos:
“Macau estava cheia de refugiados das mais variadas províncias da China, de países do Sueste Asiático e outros, fugidos às fomes e à guerra, europeus de múltiplas nacionalidades, de Hong Kong e de Xangai, todos à procura de abrigo”. (...)
“Mas para ela e para a família que não tinham passaporte? E quem não tem passaporte, não tem pátria. Sem papéis, não se é ninguém, não se existe. (...) ”
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