Sebastião José da Costa nasceu na freguesia da Sé (Faro), em 2 de Junho de 1883 e morreu em Lisboa a 2 de Julho de 1966. Iniciou a carreira militar na Marinha em 1902. Em 1926 ascende ao posto de capitão-tenente.
Matriculou-se na Faculdade de Matemática da Universidade de Coimbra em 1900. No ano seguinte realizou os exames que constituíam o curso preparatório para as armas de Cavalaria e de Infantaria na Escola do Exército. Frequentou a cadeira de Direito Internacional Marítimo e História Marítima no ano lectivo de 1903/1904, na Escola Naval. É neste contexto que conhece um dos intelectuais portugueses mais prestigiados do século XX, António Sérgio, e que vai mais tarde voltar a encontrar na revista Seara Nova.
Fez parte da tripulação da canhoneira D. Luís, como guarda-marinha e do cruzador D. Carlos I. Desde bastante jovem alinhou politicamente ao lado dos republicanos (1905). Quando se deu a implantação da República, estava no Extremo Oriente, a bordo do cruzador Rainha D. Amélia, com a patente de 2º tenente.Durante a 1ª Guerra Mundial fez parte da guarnição do contra-torpedeiro Guadiana, onde participou em numerosos comboios para Inglaterra, França e outras regiões. Comandou a canhoneira Cuanza em 1921, ano em que fundou e dirigiu um jornal quinzenário intitulado União Militar que se publicou em Tavira.
Em Novembro de 1922 parte para Macau onde foi exercer o cargo de chefe de gabinete do Dr. Rodrigo Rodrigues*, quando este foi governador de Macau entre 1923 e 1925. Nessa altura, convive com Camilo Pessanha e outras personalidades da cultura portuguesa e estrangeira em Macau, até Vicente Blasco Ibañez (escritor espanhol) lhe faz um elogio referindo-se a um “notável escritor português” na sua obra A Volta ao Mundo.
Em Macau ocupou as funções de Chefe da Repartição do Governador, pertenceu ao Conselho Legislativo do território, foi secretário-geral do Governo Interino, pertenceu ao Conselho de Finanças e ao Conselho Inspector de Instrução Pública. No âmbito das suas funções mostrou sempre “zelo, competência e lealdade”, conforme consta do louvor que recebeu a 30 de Janeiro de 1925, quando foi exonerado por ter terminado a comissão de serviço e “não desejar continuar na colónia”, tendo abandonado Macau em 1 de Fevereiro para regressar a Portugal onde vai ter uma vida bastante activa.
Quadro de Abel Manta, O Grupo do Consultório, 1955
No quadro aqui reproduzido foram representados (da esquerda para a direita): sentados, Aquilino Ribeiro, Ramada Curto, Carlos Olavo, Pulido Valente, Alberto Candeias; em pé, Vasco Ribeiro dos Santos, Mário de Alenquer, Fernando Lopes Graça, Manuel Mendes, Sebastião da Costa (o 3º a contar da direita), Câmara Reys e Abel Manta.
*Rodrigo José Rodrigues, nasceu em Cabeceiras de Basto, em 1879 e faleceu em Oliveira de Azeméis em 1963. Estudou na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, onde concluiu o curso (1902). Foi reitor do Liceu de Goa e professor na Escola Médica local. Após a implantação da República foi Governador-Civil de Aveiro (1911) e Porto (1911), foi deputado pelo Porto (1913). Foi Ministro do Interior entre 1913 e 1914. Foi eleito deputado por Lisboa (1915, 1921, 1922). Foi Governador de Macau entre 1922 e 1924 e secretário da delegação portuguesa à Sociedade das Nações entre 1925 e 1926/27. Afastado das funções políticas pela ditadura militar, reformou-se como capitão-médico.
NA: Post escrito a partir de um extenso artigo da autoria de Artur Ângelo Barracosa Mendonça apresentado em 2005 sob o título "Sebastião José da Costa: uma figura esquecida na cultura algarvia". A sua vida não se esgota nos anos em que esteve em Macau mas não 'cabem' no âmbito deste blog.
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