"Macau no primeiro quartel de oitocentos", de Jorge de Abreu Arrimar, é um trabalho de história que abrange as vertentes política, económica, social, e também cultural, do território de Macau no primeiro quartel do século XIX. O seu autor – historiador, escritor e antigo director da Biblioteca Nacional / Central de Macau (1986-98) – produziu uma investigação baseada em importante documentação de arquivo e enquadrada na conjuntura política internacional em que a história macaense se insere, nomeadamente no âmbito das relações entre a China e as potências coloniais europeias. Aborda, igualmente, as rivalidades inter-europeias e os conflitos regionais no sul da China. O agitado meio mercantil de Macau, com o negócio do ópio cru (anfião) em crescente protagonismo, os grupos sociais do território macaense e as suas interacções, o poder político e a controversa questão da soberania, são, igualmente, temas tratados neste livro, edição deste ano do ICM.
A obra é constituído por dois volumes: vol. 1 - Influência e poder do ouvidor Arriaga; vol. 2 - António José da Costa uma voz dissonante. O primeiro volume tem por base a tese doutoramento em História Moderna, e o segundo volume a prova complementar desta mesma tese, apresentadas em 2007 na Universidade do Açores.
O primeiro volume é o resultado da pesquisa iniciada há já alguns anos, quando o autor ainda residia em Macau, tendo por objetivo principal o estudo de uma época profundamente marcada pela figura polémica e intrigante do ouvidor Miguel de Arriaga Brum da Silveira. O facto de Jorge Arrimar ter vivido nos Açores e em Macau, e Arriaga ser natural daquele arquipélago atlântico, motivou-o a estudar a vida e a obra desta relevante personagem de Macau oitocentista. Para além disso, esta era uma época menos estudada pelos historiadores da presença portuguesa no Extremo Oriente, mais interessados em épocas anteriores (séc. XVI-XVIII) e imediatamente posteriores, sobretudo a partir de meados do séc. XIX, quando a Guerra do Ópio dá origem ao nascimento da colónia inglesa de Hong Kong
O segundo volume é já o produto de uma fase posterior, quando, empenhado em encontrar fontes para trabalhar o tema da prova complementar, o investigador foi atraído por um conjunto de documentos, depositado no fundo Macau do Arquivo Histórico Ultramarino, que constituía o processo judicial que envolvera o ouvidor Arriaga e António José da Costa, macaense e figura da elite local. O recurso de António José da Costa, enviado a D. João, príncipe regente de Portugal, a pedir justiça contra os “veixames contra elle praticados” pelo ouvidor Arriaga, é uma importante peça da coleção de documentos estudados por este autor, especialmente porque denuncia aspetos sociais e económicos mais subterrâneos e que, geralmente, escapam a outros documentos, mais formais e menos transparentes. A análise feita permitiu clarificar aspectos mais obscuros relacionados com o comércio do ópio, as suas ligações e interdependências, o clientelismo e a corrupção, o grau de instrução dos moradores e as manipulações a que estavam sujeitos e os motivos mais de pendor pessoal que os terão levado a intervir na guerra contra os piratas. Neste volume, o autor apresenta a transcrição dos documentos do processo referido, mostrando como era tentacular o poder do ouvidor de Macau e como foi singular e dissonante a forte resistência que lhe opôs António José da Costa.
O primeiro volume é o resultado da pesquisa iniciada há já alguns anos, quando o autor ainda residia em Macau, tendo por objetivo principal o estudo de uma época profundamente marcada pela figura polémica e intrigante do ouvidor Miguel de Arriaga Brum da Silveira. O facto de Jorge Arrimar ter vivido nos Açores e em Macau, e Arriaga ser natural daquele arquipélago atlântico, motivou-o a estudar a vida e a obra desta relevante personagem de Macau oitocentista. Para além disso, esta era uma época menos estudada pelos historiadores da presença portuguesa no Extremo Oriente, mais interessados em épocas anteriores (séc. XVI-XVIII) e imediatamente posteriores, sobretudo a partir de meados do séc. XIX, quando a Guerra do Ópio dá origem ao nascimento da colónia inglesa de Hong Kong
O segundo volume é já o produto de uma fase posterior, quando, empenhado em encontrar fontes para trabalhar o tema da prova complementar, o investigador foi atraído por um conjunto de documentos, depositado no fundo Macau do Arquivo Histórico Ultramarino, que constituía o processo judicial que envolvera o ouvidor Arriaga e António José da Costa, macaense e figura da elite local. O recurso de António José da Costa, enviado a D. João, príncipe regente de Portugal, a pedir justiça contra os “veixames contra elle praticados” pelo ouvidor Arriaga, é uma importante peça da coleção de documentos estudados por este autor, especialmente porque denuncia aspetos sociais e económicos mais subterrâneos e que, geralmente, escapam a outros documentos, mais formais e menos transparentes. A análise feita permitiu clarificar aspectos mais obscuros relacionados com o comércio do ópio, as suas ligações e interdependências, o clientelismo e a corrupção, o grau de instrução dos moradores e as manipulações a que estavam sujeitos e os motivos mais de pendor pessoal que os terão levado a intervir na guerra contra os piratas. Neste volume, o autor apresenta a transcrição dos documentos do processo referido, mostrando como era tentacular o poder do ouvidor de Macau e como foi singular e dissonante a forte resistência que lhe opôs António José da Costa.
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