De entre as mostras apresentadas no Museu de Arte de Macau, em 2013, algumas de muita qualidade, uma merece especial referência, pelo significado, singularidade e ampla participação de altas entidades e membros dos círculos culturais locais, que quiseram prestar uma sentida e merecida homenagem a um grande artista e promotor cultural desta terra, na comemoração do centenário do seu nascimento. Teve por título “Memórias do Papel de Arroz” e foi uma retrospectiva da obra de Chui Tak Kei (1912-2007), destacado filantropo, empresário e dirigente cívico e político, além de exímio pintor tradicional, de marcante sensibilidade. Assinalou-se também, na ocasião, o 60.º aniversário da Associação de Calígrafos e Pintores Chineses Yu Un, de que foi fundador e presidente.
(...) De facto, nesta exposição os visitantes puderam “apreciar não só as técnicas de pintura utilizadas mas também sentir profundamente a atitude nobre dos artistas a trabalhar em equipa”. Como humilde e talentoso discípulo de reconhecidos mestres, Chui Tak Kei recebeu deles valiosos ensinamentos e inspiração, projectando-se, ele próprio, como mestre de novas gerações de pintores, herdeiros da escola Lingnan.
Natural da aldeia de Xinhui (San Wui), muito perto de Macau, Chui Tak Kei frequentou o Seminário de S. José e depois o Instituto de Enfermagem de Cantão, mas foi nos sectores de engenharia e da construção civil que desenvolveu, de forma mais intensa, a sua actividade profissional, tendo sido um dos fundadores da Associação de Construtores Civis de Macau, de que se tornou depois presidente honorário vitalício.
Distinguiu-se, igualmente, no campo da intervenção cívica e como filantropo, o que lhe grangeou elevado prestígio social. Neste contexto, presidiu, com eficácia, à Associação de Beneficência Tung Sin Tong, muito relevante no apoio social às camadas mais carenciadas da população, ao mesmo tempo que foi vice-presidente da muito influente Associação Comercial de Macau e presidente da Associação de Conterrâneos de San Wui.
Foi deputado e vice-presidente da Assembleia Legislativa de Macau, membro do Conselho Consultivo do Governador de Macau, membro da assembleia municipal e vice-presidente do Leal Senado da Câmara de Macau, membro do Conselho de Redacção da Lei Básica da RAEM, membro da Comissão Preparatória da RAEM, membro permanente do Comité Provincial de Guangdong da Conferência Política Consultiva do Povo Chinês e presidente do Comité Consultivo para a Lei Básica da RAEM.
Numerosas distinções honoríficas foram-lhe atribuídas, destacando-se as Medalhas de Mérito Cultural e de Valor do Governo de Macau, a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Infante D. Henrique e, já na vigência da RAEM, as Medalhas de Lótus de Ouro e de Grande Lótus.
Faleceu com 95 anos de idade, estando a sua acção a ser continuada pelo filho, José Chui Sai Peng, actual presidente da Associação Yu Un, que recordou, na cerimónia de inauguração, o percurso do pai e da Associação que foi “desde a primeira hora um espaço privilegiado de reunião de artistas, promovendo um intercâmbio intenso entre artistas, pintores e calígrafos de Macau, do Interior da China e do estrangeiro”.
(...) De facto, nesta exposição os visitantes puderam “apreciar não só as técnicas de pintura utilizadas mas também sentir profundamente a atitude nobre dos artistas a trabalhar em equipa”. Como humilde e talentoso discípulo de reconhecidos mestres, Chui Tak Kei recebeu deles valiosos ensinamentos e inspiração, projectando-se, ele próprio, como mestre de novas gerações de pintores, herdeiros da escola Lingnan.
Natural da aldeia de Xinhui (San Wui), muito perto de Macau, Chui Tak Kei frequentou o Seminário de S. José e depois o Instituto de Enfermagem de Cantão, mas foi nos sectores de engenharia e da construção civil que desenvolveu, de forma mais intensa, a sua actividade profissional, tendo sido um dos fundadores da Associação de Construtores Civis de Macau, de que se tornou depois presidente honorário vitalício.
Distinguiu-se, igualmente, no campo da intervenção cívica e como filantropo, o que lhe grangeou elevado prestígio social. Neste contexto, presidiu, com eficácia, à Associação de Beneficência Tung Sin Tong, muito relevante no apoio social às camadas mais carenciadas da população, ao mesmo tempo que foi vice-presidente da muito influente Associação Comercial de Macau e presidente da Associação de Conterrâneos de San Wui.
Foi deputado e vice-presidente da Assembleia Legislativa de Macau, membro do Conselho Consultivo do Governador de Macau, membro da assembleia municipal e vice-presidente do Leal Senado da Câmara de Macau, membro do Conselho de Redacção da Lei Básica da RAEM, membro da Comissão Preparatória da RAEM, membro permanente do Comité Provincial de Guangdong da Conferência Política Consultiva do Povo Chinês e presidente do Comité Consultivo para a Lei Básica da RAEM.
Numerosas distinções honoríficas foram-lhe atribuídas, destacando-se as Medalhas de Mérito Cultural e de Valor do Governo de Macau, a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Infante D. Henrique e, já na vigência da RAEM, as Medalhas de Lótus de Ouro e de Grande Lótus.
Faleceu com 95 anos de idade, estando a sua acção a ser continuada pelo filho, José Chui Sai Peng, actual presidente da Associação Yu Un, que recordou, na cerimónia de inauguração, o percurso do pai e da Associação que foi “desde a primeira hora um espaço privilegiado de reunião de artistas, promovendo um intercâmbio intenso entre artistas, pintores e calígrafos de Macau, do Interior da China e do estrangeiro”.
Testemunho pessoal
Não obstante a diferença enorme de idade (mais de três décadas), sempre considerei Chui Tak Kei um dos meus melhores amigos da comunidade chinesa. A sua sensibilidade, moderação e experiência fizeram dele um conselheiro constante e respeitado e, ao longo de toda a minha vida pública em Macau, pudemos conversar muitas vezes, tomando um chá ou jantando juntos. Quando os seus sobrinhos Chui Sai Cheong e Chui Sai On regressaram dos Estados Unidos, quis logo que eu os conhecesse, o mesmo acontecendo com o filho José, um dos quadros tecnicamente mais qualificados de Macau, a quem me ligam relações de amizade e confiança.
Chui Tak Kei foi também meu colega na primeira legislatura da Assembleia Legislativa e no Conselho de Redacção da Lei Básica, duas situações que nos aproximaram ainda mais, sobretudo pelas longas jornadas de preparação da mini-constituição da RAEM, e numa viagem que fizemos a Lisboa, como deputados, para, em representação da Assembleia, explicarmos aos partidos políticos portugueses e a outras entidades nacionais as alterações ao Estatuto Orgânico de Macau. As deslocações proporcionaram-nos muitas horas de convívio e trabalho em comum.
Na última década da administração portuguesa quis ouvi-lo algumas vezes sobre os processos de “localização” dos quadros e da língua, considerados prioritários no seio do Grupo de Ligação Conjunto. Apesar das suas permanências mais longas na aldeia natal, à medida que a idade avançava, mostrou sempre disponibilidade para dar uma opinião, sempre segura e sensata. Também fui um admirador dos seus trabalhos artísticos, especialmente os seus elegantes bambus, bem como as amendoeiras em flor e as orquídeas, maravilhosamente estampados em papel de arroz.
A sua partida definitiva, em 2007, era esperada. Mesmo assim, causou consternação e a sua ausência determinou a saudade de um homem bom que muito deu a Macau e às suas gentes.
Não obstante a diferença enorme de idade (mais de três décadas), sempre considerei Chui Tak Kei um dos meus melhores amigos da comunidade chinesa. A sua sensibilidade, moderação e experiência fizeram dele um conselheiro constante e respeitado e, ao longo de toda a minha vida pública em Macau, pudemos conversar muitas vezes, tomando um chá ou jantando juntos. Quando os seus sobrinhos Chui Sai Cheong e Chui Sai On regressaram dos Estados Unidos, quis logo que eu os conhecesse, o mesmo acontecendo com o filho José, um dos quadros tecnicamente mais qualificados de Macau, a quem me ligam relações de amizade e confiança.
Chui Tak Kei foi também meu colega na primeira legislatura da Assembleia Legislativa e no Conselho de Redacção da Lei Básica, duas situações que nos aproximaram ainda mais, sobretudo pelas longas jornadas de preparação da mini-constituição da RAEM, e numa viagem que fizemos a Lisboa, como deputados, para, em representação da Assembleia, explicarmos aos partidos políticos portugueses e a outras entidades nacionais as alterações ao Estatuto Orgânico de Macau. As deslocações proporcionaram-nos muitas horas de convívio e trabalho em comum.
Na última década da administração portuguesa quis ouvi-lo algumas vezes sobre os processos de “localização” dos quadros e da língua, considerados prioritários no seio do Grupo de Ligação Conjunto. Apesar das suas permanências mais longas na aldeia natal, à medida que a idade avançava, mostrou sempre disponibilidade para dar uma opinião, sempre segura e sensata. Também fui um admirador dos seus trabalhos artísticos, especialmente os seus elegantes bambus, bem como as amendoeiras em flor e as orquídeas, maravilhosamente estampados em papel de arroz.
A sua partida definitiva, em 2007, era esperada. Mesmo assim, causou consternação e a sua ausência determinou a saudade de um homem bom que muito deu a Macau e às suas gentes.
Texto de Jorge Rangel (3º da esq.), presidente do IIM, com Chui Tak Kei (3º da dta.)
24.06.1998: O encarregado do Governo de Macau, Vitor Pessoa (quarto a contar da direita), ladeado pelos cidadãos eméritos de Macau Monsenhor Manuel Teixeira e Chui Tak Kei, condecorados pelo Leal Senado no âmbito das comemorações do Dia da Cidade.
Foto de Wong Sang/Lusa
PS: o Liceu de Macau na Baía da Praia Grande foi construído pela empresa de CTK
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