"30 Anos de Estado Novo 1926 – 1956" é um livro editado em Portugal em 1957 com coordenação de F. Matos Gomes. É manifestamente um instrumento de propaganda do regime que assim evocava três décadas passadas sobre o golpe militar de 28 de Maio de 1926. Macau ocupa o capítulo 7. A partir da página 573 pode ler-se...
“A província portuguesa de Macau tem sido verdadeiro porto de abrigo de milhares e milhares de necessitados. Fundada em 1557, a cidade de Macau encontra-se situada na China Meridional, em dois terços de uma pequena península da ilha chinesa de Heung San, a que os portugueses chamam Anção. Compreende esta província além da cidade de Santo Nome de Deus de Macau, as ilhas de Taipa e de Coloane.
Macau é uma cidade florescente, limpa, airosa e pitoresca. os seus edifícios e tabuletas chineses dão-lhe uma nota de exotismo, que é tanto mais viva e impressionante, quanto é certo que a fisionomia da cidade é tipicamente europeia. Possui largas avenidas, como as de vasco de Gama e de Almeida Ribeiro – a principal artéria da cidade – , bons edifícios públicos, como o Leal Senado, a Biblioteca Pública, a Escola Primária Oficial, o Hospital Conde de S. Januário, o Tribunal de Justiça, o Palácio do Governo e a Capitania dos Portos, Fortes, cheios de recordações, histórias, templos católitos e chineses, hospitais, escolas, etc. constituem um conjunto de grande beleza e grandiosidade.
Macau é um dos mais importantes centros comerciais do Extremo-Oriente. As suas indústrias são importantes, destacando-se a da pesca que emprega cerca de 20.000 pessoas, chegando a atingir um rendimento de 5 milhões de patacas anuais. A indústria dos panchões ou estalos da China, os pivetes, os fósforos, os tecidos, o vinho chinês e os artefactos de malha, constituem as principais indústrias de Macau. O movimento dos portos é intensíssimo. As gravuras que ilustram estas páginas mostram, ao alto, um pormenor do bairro económico; ao centro, o Palácio das Repartições Públicas; e em baixo o Palácio do Governo” . PS: as duas últimas legendas estão erradas; trata-se do Hospital de S. Rafael e do Edifício das Repartições. O 28 de Maio era uma referência para o regime e assinalada em todo o território português com pompa e circunstância. Deixou marcas também ao nível da toponímia e de alguns edifícios e/ou equipamentos públicos. Em Macau o espaço conhecido por Canídromo tem a designação Campo Desportivo 28 de Maio. Existia ainda um bairro social com essa designação. Foi construído em 1932 e ficou conhecido por Bairro Tamagnini Barbosa.
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