D. João Paulino de Azevedo e Castro (Lajes do Pico, 4 de Fevereiro de 1852 — Macau, 17 de Fevereiro de 1918) foi o 19.º bispo de Macau, tendo governado a Diocese entre 1902 e 1918.
Ca. 1900 |
Visitou as missões do Estreito de Malaca e Singapura (cidade onde a 5 de Junho de 1904 abençoou a primeira pedra da Igreja de São José), Timor (1905) e Hainan (1906), áreas onde fomentou o zelo missionário e a criação de novas escolas e missões. No ano de 1906, fundou em Macau o Orfanato da Imaculada Conceição, que entregou à direcção dos Salesianos. O foi primeiro director do orfanato foi Luigi Versiglia (1873-1930), depois bispo titular de Carystus e vigário-apostólico de Shiuchow (hoje Shaoguan), mártir e santo da Igreja Católica Romana.
Reorganizou as missões católicas no então Timor Português, ao tempo parte da diocese de Macau. Dedicou-se com igual energia ao governo diocesano, criando novas missões, colégios e aulas no seminário, então o principal estabelecimento de ensino de Macau. Por várias vezes presidiu ao conselho governativo da Província de Macau, na ausência do governador. Outra das suas preocupações foi a delimitação das áreas sob jurisdição da diocese de Macau, em particular a delimitação entre a sua diocese e a Prefeitura Apostólica de Kuangtung (Cantão), não apenas nas áreas adjacentes, mas também nos territórios do sudoeste da China. A questão foi suscitada por solicitação do governo francês junto da Sagrada Congregação de Propaganda, já que os Governos de Portugal e da França estavam interessados na fixação de novas delimitações à diocese de Macau e Prefeitura Apostólica de Cantão, esta sob jurisdição francesa.
Estrada D. João Paulino (acesso à Penha) e o Tanque do Mainato |
Neste processo conseguiu em 1908 o retorno à diocese de Macau, e por consequência ao Padroado Português no Extremo Oriente, da Prefeitura Apostólica de Shiu-Hing (hoje Zhaoqing), que havia sido sem sucesso permutada com a ilha de Hainan, devolvida ao domínio do prefeito apostólico de Cantão.
Ainda no âmbito da reestruturação da Diocese de Macau, em 1911 entregou a província de Heung-Shan à administração espiritual dos Salesianos e em 1913 repartiu a Prefeitura de Shiu-Hing entre os jesuítas e os sacerdotes diocesanos.
Interessou-se pelo o problema jurídico e espiritual do Padroado Português no Extremo Oriente, redigindo e publicando em 1917 a obra Os Bens das Missões Portuguesas na China. Também produziu e publicou uma vasta obra pastoral, incluindo numerosas provisões e escritos de natureza doutrinal, os quais foram reunidos e publicados postumamente por iniciativa da Fundação de Macau.
Na sua ida para Macau, D. João Paulino levou como secretário particular, o então seminarista José da Costa Nunes, seu conterrâneo da ilha do Pico, que haveria de lhe suceder no cargo e atingir o cardinalato.
Manteve sempre o desejo de regresso aos Açores, mas faleceu em Macau. Em 6 de Fevereiro de 1923 foram os seus restos mortais solenemente trasladados para a vila das Lajes do Pico, onde hoje é lembrado na toponímia e onde existe um monumento em sua memória. Também é lembrado na toponímia de Macau, na Estrada D. João Paulino.
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