(...) o recrudescimento da pirataria no litoral chinês ao findar do século, vendo-se Macau directamente envolvido neste verdadeiro redemoinho. Este levantamento, chefiado por Zheng Yi, distinguia-se dos antecedentes, por não se contentar com a riqueza, isto é com o roubo. Estes piratas, com efeito, oriundos não só da China, mas também da Cochinchina e Formosa, pretendiam derrubar a própria dinastia. Por falecimento de Zheng Yi, sucedeu-lhe na chefia sua mulher que, manifestando extraordinárias qualidades pessoais, galvanizou à sua volta todos os sequazes de seu defunto marido. Formaram-se assim duas divisões navais, comandada por Zhang Baozai, a ostentar a sua bandeira vermelha, e outra por Guo Podai, orgulhosa de estandarte preto.
Concretizaram-se as suas ameaças. Em 1792, o mandarim de Xiangshan solicitou a colaboração portuguesa. O Senado aproveitou-se da ocasião para negociar o seu auxílio mediante o reconhecimento dos "antigos privilégios". Com efeito em 29-12-1792, o Senado escreveu para Goa a participar o pedido das autoridades chinesas relativo ao armamento de duas embarcações para combate aos piratas. O governador tinha-se manifestado pela afirmativa, mas o Senado propusera outra forma de colaboração: os mandarins poderiam fretar os navios por sua conta, e a cidade forneceria o armamento e o pessoal.
Os piratas não se contentavam em atacar apenas a navegação imperial. Macau tornava-se, para eles, objecto de natural cobiça. Urgia, portanto, preparar a cidade contra qualquer eventualidade. Se antes, a fortificação de Macau podia constituir motivo de fácil suspeita, por parte dos mandarins vizinhos, agora, pelo contrário, era a ocasião propícia para se meter dentro dela toda a tropa que se desejasse. Havia, com efeito, o receio de que os piratas, num golpe de audácia, tentassem a expulsão dos Portugueses. Seria o fim.
Em 31-12-1805 escreveu o Senado uma aflita carta ao Príncipe Regente a participar que, apesar de Goa ter enviado alguma assistência, não bastara para as necessidades. Houvera até necessidade de se venderem alguns barcos, não preparados para o combate. Com o produto desta venda, comprara-se um navio novo, o Ulisses, de teca, já preparado para receber o conveniente armamento.
Como se não bastasse a ameaça dos piratas, complica-se mais ainda a situação de Macau. Sob pretexto de possível ocupação da cidade pelos Franceses, os Ingleses pretendem ocupar Macau. Não havia sinais alguns de ameaça francesa. A única ameaça, e bem real, era a dos piratas. A 11 de Setembro de 1808 surge na rada de Macau uma flotilha britânica, chefiada pelo almirante Drury. Não vem defender Macau contra os piratas bem próximos, mas sim contra os Franceses, bem distantes. Tem ordens superiores para desembarcar os seus homens e de ocupar posições estratégicas. O governador, Bernardo Aleixo de Lemos Faria e o Senado opõem-se, quanto podem, ao desembarque. Arrastam-se as negociações longas e difíceis, nas quais participa também o ouvidor Miguel de Arriaga Brum da Silveira. O almirante inglês insiste: tem de cumprir as ordens recebidas. A 21 deste mês de Setembro assina-se uma convenção, segundo a qual se permite o desembarque inglês, sujeito embora a várias condições.
Uma vez em terra, os marujos britânicos envolvem-se, em breve, em questiúnculas com a população chinesa. Os mandarins vizinhos, de Qian Shan e de Xiangshan, e o próprio vice-rei de Cantão manifestamse abertamente contra a presença inglesa em Macau. Mais: Cantão ameaça enviar um exército contra Macau. Perante esta inesperada perspectiva, os Ingleses resolvem reembarcar. E, sempre utilitários, conseguem que Arriaga interceda por eles junto das autoridades chinesas, a fim de revogar o édito chinês que proibira o seu comércio em Cantão.
E tudo termina bem: os Ingleses reembarcam em 18 de Dezembro e, dias depois, em l de Janeiro de 1809, Cantão declara novamente a concessão de liberdade ao comércio inglês.
Afasta-se assim a ameaça inglesa. Resta ainda a dos piratas. Vivem-se, naturalmente, meses e meses de angústia. Novamente, Macau respira fundo. Os piratas são totalmente desbaratados em 21-1-1810. Meses depois, em 26-5-1810, o Senado, ao escrever para Goa, compraz-se em recordar que a esquadra portuguesa, com 6 navios apenas, derrotara 270 e tantas "embarcaçõens guarnecidas de groça artelharia, fazendo dois Corpos hum de 17 mil homens e outro de 8000...".
Concretizaram-se as suas ameaças. Em 1792, o mandarim de Xiangshan solicitou a colaboração portuguesa. O Senado aproveitou-se da ocasião para negociar o seu auxílio mediante o reconhecimento dos "antigos privilégios". Com efeito em 29-12-1792, o Senado escreveu para Goa a participar o pedido das autoridades chinesas relativo ao armamento de duas embarcações para combate aos piratas. O governador tinha-se manifestado pela afirmativa, mas o Senado propusera outra forma de colaboração: os mandarins poderiam fretar os navios por sua conta, e a cidade forneceria o armamento e o pessoal.
Os piratas não se contentavam em atacar apenas a navegação imperial. Macau tornava-se, para eles, objecto de natural cobiça. Urgia, portanto, preparar a cidade contra qualquer eventualidade. Se antes, a fortificação de Macau podia constituir motivo de fácil suspeita, por parte dos mandarins vizinhos, agora, pelo contrário, era a ocasião propícia para se meter dentro dela toda a tropa que se desejasse. Havia, com efeito, o receio de que os piratas, num golpe de audácia, tentassem a expulsão dos Portugueses. Seria o fim.
Em 31-12-1805 escreveu o Senado uma aflita carta ao Príncipe Regente a participar que, apesar de Goa ter enviado alguma assistência, não bastara para as necessidades. Houvera até necessidade de se venderem alguns barcos, não preparados para o combate. Com o produto desta venda, comprara-se um navio novo, o Ulisses, de teca, já preparado para receber o conveniente armamento.
Como se não bastasse a ameaça dos piratas, complica-se mais ainda a situação de Macau. Sob pretexto de possível ocupação da cidade pelos Franceses, os Ingleses pretendem ocupar Macau. Não havia sinais alguns de ameaça francesa. A única ameaça, e bem real, era a dos piratas. A 11 de Setembro de 1808 surge na rada de Macau uma flotilha britânica, chefiada pelo almirante Drury. Não vem defender Macau contra os piratas bem próximos, mas sim contra os Franceses, bem distantes. Tem ordens superiores para desembarcar os seus homens e de ocupar posições estratégicas. O governador, Bernardo Aleixo de Lemos Faria e o Senado opõem-se, quanto podem, ao desembarque. Arrastam-se as negociações longas e difíceis, nas quais participa também o ouvidor Miguel de Arriaga Brum da Silveira. O almirante inglês insiste: tem de cumprir as ordens recebidas. A 21 deste mês de Setembro assina-se uma convenção, segundo a qual se permite o desembarque inglês, sujeito embora a várias condições.
Uma vez em terra, os marujos britânicos envolvem-se, em breve, em questiúnculas com a população chinesa. Os mandarins vizinhos, de Qian Shan e de Xiangshan, e o próprio vice-rei de Cantão manifestamse abertamente contra a presença inglesa em Macau. Mais: Cantão ameaça enviar um exército contra Macau. Perante esta inesperada perspectiva, os Ingleses resolvem reembarcar. E, sempre utilitários, conseguem que Arriaga interceda por eles junto das autoridades chinesas, a fim de revogar o édito chinês que proibira o seu comércio em Cantão.
E tudo termina bem: os Ingleses reembarcam em 18 de Dezembro e, dias depois, em l de Janeiro de 1809, Cantão declara novamente a concessão de liberdade ao comércio inglês.
Afasta-se assim a ameaça inglesa. Resta ainda a dos piratas. Vivem-se, naturalmente, meses e meses de angústia. Novamente, Macau respira fundo. Os piratas são totalmente desbaratados em 21-1-1810. Meses depois, em 26-5-1810, o Senado, ao escrever para Goa, compraz-se em recordar que a esquadra portuguesa, com 6 navios apenas, derrotara 270 e tantas "embarcaçõens guarnecidas de groça artelharia, fazendo dois Corpos hum de 17 mil homens e outro de 8000...".
Texto encontrado numa pesquisa através da Internet sem qualquer referência ao autor e à época em que foi escrito.
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