No dia 19 de Dezembro de 2009 assinalam-se os 10 anos da transferência da Administração portuguesa de Macau para a China, pondo fim a mais de 450 anos de presença de Portugal no território.
De porto de abrigo a capital mundial do jogo, Macau transformou-se num destino asiático que, dez anos após a transferência da administração, conjuga a singularidade da história portuguesa e a modernidade dos espaços que transformaram a região.
Longe vão os tempos em que a cidade serviu de abrigo aos navegadores portugueses no Oriente e longe vai também a época em que Macau era pouco mais do que um destino de jogo para alguns estrangeiros e muito uma "aldeia" de fim-de-semana para divertimento dos turistas de Hong Kong. A China mudou e Macau, tal como Hong Kong, regressou à "mãe-pátria". A explosão económica do continente, uma maior abertura ao exterior e a atracção pelo jogo trouxe à realidade o mito da "árvore das patacas", muitas vezes utilizado pelos portugueses para exemplificar as melhores condições de vida oferecidas no então território sob administração portuguesa.
Meio adormecida após a transição em 1999, a Região Administrativa Especial de Macau acordou com o lançamento do concurso para as licenças de jogo e modernizou edifícios, hotéis e casinos.
Com o passar dos meses as ruas encheram-se de gente e a cidade foi "dominada" por turistas atraídos pelos casinos. O jogo chamou mais de 20 companhias internacionais a uma licença de operação e os visitantes de Hong Kong foram substituídos em importância pelos do continente. Nas lojas, falar inglês já não é essencial porque o mandarim ou o cantonense dominam as conversas de negócios. Entre o abrir e fechar da torneira do turismo chinês para Macau, criaram-se também novas oportunidades do outro lado da fronteira com acordos económicos.
A cidade manteve a sua autonomia mas integra agora uma lógica regional de desenvolvimento, potenciando capacidades da triangulação com Hong Kong e com as províncias do continente.
Veio também a directriz de Pequim nomeando a cidade como o elo de ligação da China aos países de língua portuguesa com vista ao crescimento do comércio bilateral. A Igreja Católica em Macau serve de ponte entre a Santa Sé e a igreja oficial chinesa. As pedras da calçada à portuguesa ocupam agora mais espaço do que antes de 1999, os candeeiros de estilo antigo, mas "made in China", misturam-se nos monumentos que são património da Humanidade reconhecido pela UNESCO.
Entre a correria da nova era de desenvolvimento, Macau continua a ser um ponto de encontro e na rua, nas escolas e nos cafés cruzam-se várias nacionalidades, culturas e sabores.
Ser português ou chinês é uma vantagem para efeitos de fixação de residência e muito do desenvolvimento que hoje se vive fica a dever-se às bases deixadas por Portugal como o sistema jurídico e a educação gratuita reforçada pela administração chinesa até ao final do liceu.
Texto de José Costa Santos e Patrícia Neves, da Agência Lusa a 20-11-2009
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