Até à vulgarização do automóvel em meados do século XX, os transportes em Macau eram feitos por carruagens puxadas a cavalo, cadeirinhas e riquexós ou jerinxás.
As cadeirinhas eram uma espécie de liteiras, carregadas por dois ou mais
homens. No caso das cadeirinhas enquanto a esmagadora maioria tinha de recorrer ao aluguer, os mais abastados tinham a sua cadeirinha particular. Para se perceber o quanto se vulgarizaram refira-se que logo em 1872 se encontravam na “praça” cadeirinhas para alugar sendo mesmo publicadas no Boletim Official a tabela
de preços a praticar entre outras regras no âmbito do Código de Posturas do Leal Senado da Câmara de Macau (21 Novembro 1871 e revisão em 11 de Maio 1872). A partir de 1900 as cadeirinhas foram sendo progressivamente substituídas pelos riquexós.
O primeiro regulamento deste meio de transporte data de 1883, tendo sido alterado em 1888. Incluía questões relacionadas com a sinalização, estacionamento, circulação e preços do respectivo aluguer.
O primeiro regulamento deste meio de transporte data de 1883, tendo sido alterado em 1888. Incluía questões relacionadas com a sinalização, estacionamento, circulação e preços do respectivo aluguer.
Jerinxás juntos aos Correios na Praia Grande ca. 1900 |
Como forma de regularizar este sistema de transporte o governo optou pela concessão em regime de monopólio o que se veio a revelar-se uma má opção a ponto de terem surgido nos últimos anos do século 19 várias greves.
Notícia do jornal Echo de Macau de 3 de Janeiro de 1895:
"Estão em greve os conductores dos carros jinrickshas [riquexós]. É a segunda vez que isto acontece. Já estava previsto que o regime de monopolio traria por repetidas vezes estas semsaborias. O monopolista não pode explorar o publico, porque não pode alterar a tabella dos preços, visto que se obrigou por contrato a respeitá-la. Resta-lhe portanto explorar o trabalho insano dos pobres conductores. Augmentou o aluguel dos carros, exigindo dos conductores 17 avos por dia em logar de 15, além de urna pataca de deposito para garantia do mesmo aluguel. Reagindo contra esta exigencia, os conductores fizeram greve, que dura ha dois dias, causando serios inconvenientes ao publico. Quem cederá? É de crér que o monopolista terá de ceder, porque o contracto de monopolio, se não nos falha a memoria, obriga-o a pôr em circulação um certo numero de carros, sob pena de rescisão do contracto. [...] N’estas circunstancias, o único expediente que resta ao monopolista, para salvar a situação, é importar conductores para substituir os actuais, o que traz sérios inconvenientes, porque é de crer que os antigos conductores, acossados pela fome, sejam impelidos a cometer desatinos."
Para tentar revolver o problema, surgiu a hipótese de municipalizar este serviço. Uma ideia reflectida na imprensa local.Veja-se por exemplo o artigo publicado no jornal a A Verdade, de 15.6.1909 com o título: "Municipalização do serviço dos carros jinrickshas":
Sob o titulo neologico, aventa a Vida Nova a ideia de municipalizar o serviço dos jinrickhas, isto é, ficar o Leal Senado com o exclusivo dos serviços de transporte, ou, falando mais tecnicamente, da recovagem, assumindo esta corporação os direitos e deveres de recoveiro."
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