Este é o título de um poema que António Estácio dedicou a Monsenhor Manuel Teixeira em 1993 no livro "Roda de Amigos" com que celebrou 21 anos de vida em Macau.
Inda o sol não é nascido,
Mal rompe a claridade,
Sempre de branco vestido (1)
Lá vai ele pela cidade.
Com a sua batina ao vento
Cruzo com ele muita vez
Nas línguas é um protento
Põe grego qualquer chinês. (2)
Tem por conta o Seminário, (3)
Passa a ponte à tardinha,
Reza sempre o breviário
E às vezes a ladaínha.
E embora muito ocupado
Inda escreve os "Grãozinhos"
Tendo mesmo até fundado
Um lar (4) para pobrezinhos.
Já correu o mumdo inteiro
Desde Seul a Ourique
Nos jornais pede dinheiro
Que manda para Moçambique. (5)
Homem de grande franqueza,
Dir-vos-ei que apenas troca,
Os prazeres da boa mesa
Por uma terna beijoca.
Não conhece o desalento
É bastante emocional,
Transmontano cem por cento
É de Freixo (6) natutal.
Verdadeira instituição
Da terra que o acolheu
Traz Macau no coração
Com força que Deus lhe deu.
Assim deixo retratado,
De forma muito ligeira,
Como já tereis notado
O nosso Padre Teixeira.
(1) Era conhecido como o "Irmão branco".
(2) Falava muito mal o cantonense.
(3) Viveu durante anos sozinho na ala velha do Seminário de S. José.
(4) Em Chaves.
(5) Onde tinha uma irmã que era freira.
(6) Freixo de Espada à Cinta.
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