terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Inauguração de um mercado em 1940

A primeira versão do mercado municipal da Horta da Mitra - recentemente alvo de um restauro profundo - remonta a Agosto de 1886 no âmbito de obras profundas que transformaram uma zona pantanosa da cidade, sem infraestruturas sanitárias, insalubre e foco habitual de infecções habitada sobretudo por cidadãos chineses em barracas. Um relato de Dezembro de 1865 dá conta um incêndio onde foram destruídas mais de 200 barracas.
Seria o governador Tomás de Sousa Rosa a ordenar o saneamento da zona, uma empreitada que ficou a cargo da repartição das Obras Públicas, na altura dirigida por José Maria de Sousa Horta e Costa (viria a ser governador de Macau).
É neste contexto que é construído um mercado - para substituir o que existia antes, ao ar livre - de linhas simples, com uma cobertura suportada por colunas e sem paredes. Muito semelhante ao que existiu na Taipa (Rua do Cunha), foi projectado por Rafael Gastão Bordalo Borges, director de Obras Públicas, e o engenheiro João Canavarro Nolasco. A autorização de construção data de 27 de Maio de 1939.
O primeiro edifício do mercado da Horta da Mitra tinha uma área de 600 m2

Esse mercado - imagem acima - funcionou até quase ao final da década de 1930 quando foi demolido por volta de 1938 para ali ser construído o Mercado Municipal da Horta da Mitra - imagem abaixo - inaugurado a 4 de Junho de 1940 no âmbito das comemorações do duplo centenário da Fundação e Restauração de Portugal. Ainda hoje pode ver-se na fachada inscrito "1939", ano em que a obra ficou pronta.

As comemorações do duplo centenário da Fundação e Restauração de Portugal começaram a 2 de Junho de 1940 com uma sessão solene no Leal Senado tendo discursado o governador Artur Tamagnini Barbosa - imagem abaixo - (que também esteve na inauguração do mercado). Pontos altos das comemorações foram as inaugurações das estátuas de Nicolau Mesquita e Ferreira do Amaral
Mas houve mais. Houve a tradicional cerimónia religiosa Te Deum na Sé; foram inaugurados o edifício do Asilo da Mendicidade, o Campo Desportivo 28 de Maio (Canídromo) e ao lado a sede da União Nacional (actual canil), o hangar do Centro de Aviação Naval no Porto Exterior, o Pavilhão de Isolamento (junto ao hospital S. Januário), as ruas de Lopo e Inácio Sarmento de Carvalho, a Avenida Infante D. Henrique, a Estrada da Penha, a Avenida D. João IV, etc...



Curiosidade: na ocasião estavam em Macau Tamagnini Barbosa, que cessava funções como governador, e Gabriel Maurício Teixeira, que o iria substituir no cargo. T. Barbosa viria a morrer em Macau pouco depois, a 10 de Julho.

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