"Enquanto remávamos em direção à terra, numa linda manhã de maio, toda o cenário se tornou animado e bela. A baía termina em cada extremidade do crescente, de um lado num ousado promontório com uma fortaleza na qual hasteia a bandeira de D. Maria, e do outro pelo convento da Penha, não junto à costa, mas numa colina mais elevada, mais para o interior. Nos azul das águas inúmeras embarcações de todos os tipos, desde o junco ao pequeno tancar.
Depois temos a cidade com as suas igrejas, fortalezas, templos, casas pintadas com vários tons suaves, o alaranjado dos telhados e o verde da folhagem das árvores que se erguem ao lado ou espreitam acima delas. Além da vista para o ancoradouro da Taipa há ainda a entrada do porto interior com as montanhas ao fundo. Toda a paisagem em redor é uma das maiores pinturas que já vi no Oriente. (...)
A paisagem faz recordar o Sul da Europa, nas casas, por exemplo, e nos jardins em socalcos, bonitos em si mesmos, dignos de serem admirados. Não há muitos locais de interesse, sendo o maior o templo situado no sopé de uma colina à entrada do porto interior. Este templo é uma das mais belas exemplos da arquitectura chinesa que pode ser visto, talvez em todo o império chinês. (...)
A única atracção literária ou relíquia de Macau é uma gruta chamada gruta de Camões. (...) E depois há a grande atracção viva que poderá reivindicar um lugar nas fileiras do génio, o pintor George Chinnery. (...)
O Missionário Gutzlaff também é digno de uma honrosa menção. É um homem de talento extraordinário e de zelo indomável, espírito empreendedor e perseverança. (...)
Na arquitectura há pouco em Macau que atraia a atenção, a não ser o esqueleto da fachada do colégio dos Jesuítas, cuja pedra fundamental foi lançada há quase um século. O edifício que foi consumido por um incêndio em 1834. (...) Tudo o que resta é a fachada e o nobre lance de escadas que conduz a ela. (...)
A vista mais completa de Macau é obtida a partir de um forte chamado Monte, numa colina que se eleva ao centro da cidade. (....) Desta posição ficamos com a cidade aos nossos pés vendo o que separa o porto interior da baía de Macau.
O passeio principal é a Praia Grande, que é suavemente sinalizada com grandes pedras e se estende ao longo de quase metade da margem da baía. O atual governador prolongou este agradável passeio noturno em direção até ao forte na entrada da Baía e teria ido muito mais longe, mas o governo chinês interferiu e não permitiu. (...)
Este pequeno excerto é uma tradução/adaptação de um extenso artigo intitulado A Visit to China publicado em 1838 no Calcutta Monthly Journal and General Register.
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