Nesse dia em 1640 terminava o período de 60 anos em que o Reino de
Portugal foi governado pela dinastia de origem austríaca dos Habsburgos. Esta ficaria conhecida por Dinastia Filipina já que todos os monarcas se chamavam Filipe.
Este período e esta data deixaram marcas na história de Macau cujo governo local se começou por denominar "Senado" (1583) e só depois "Leal Senado." A designação "Leal Senado"
deriva do nome oficial de Macau durante o período da administração portuguesa
("Cidade do Nome de Deus de Macau, Não Há Outra Mais Leal"), concedido
pelo rei português D.
João IV, em
1642 (ou
1654), como
recompensa à lealdade da população da cidade a Portugal, durante a ocupação filipina (1580-1640).
«Em nome d’el rei Nossso Senhor Dom João IV mandou o Capitão Geral d’esta Praça, João de Souza Pereira pôr este letreiro em fé na muita lealdade que conheceu nos cidadãos d’ella»
«Em nome d’el rei Nossso Senhor Dom João IV mandou o Capitão Geral d’esta Praça, João de Souza Pereira pôr este letreiro em fé na muita lealdade que conheceu nos cidadãos d’ella»
Macau foi o
único ponto de todos os territórios portugueses, metropolitanos e ultramarinos
que nunca içou a bandeira espanhola. Mas, o título Leal Senado só foi
oficialmente confirmado pelo rei português D. João VI (o anterior
Príncipe Regente)
a esta câmara municipal a 13 de Maio de 1810.
"Juiz e mais Officiaes do Senado da Camara da Cidade de Macao: Eu o principe regente vos envio muito saudar. Sendo-Me presente os bons serviços que Me tendes feito não só em mandar a este Porto hum navio com o fim de felicitar-me por occasião da Minha feliz chegada a este Estado, mas tambem pelos esforços com que procurastes, e fizestes repelir os Piratas que ameaçavão essa Colónia e, por haverdes em outras occasioões prestado uteis e importantes socorros pecuniários à Capital dos Meus Estados da India em circunstancias apertadas e arduas; E querendo dar-vos hum publico e perpetua testemunho de quão agradáveis Me tem sido todos estes distinctos serviços: Sou Servidos conceder-vos o título de - Leal - de que ficará gozando esse Senado perpetuamente.
Escrita ao Palacio do Rio de Janeiro em treze de Maio de mil oito centos e dez. Principe."
Para se perceber que ataques de piratas foram estes é preciso recuar a 1808. A 11 de Setembro desse ano uma esquadra inglesa, comandada pelo almirante Drury, surgiu nas águas de Macau. Era governador Bernardo Aleixo de Lemos e Faria que não conseguiu impedir o desembarque. Um destacamento de 300 homens ocupou a fortaleza da Guia e o forte de Bomparto e os restantes homens instalaram-se no velho seminário, nos prédios da Companhia das Índias Orientais e Inglesas e em tendas de campanha armadas no Campo de Vitória e em diversos cais. Os distúrbios causados pela tropa inglesa - roubava domicílios particulares e profanava sepulturas chinesas - indignaram a população, provocando uma reacção por parte dos chineses. Sob o pretexto de defender contra a eventualidade dum ataque chinês, o almirante pretendeu ocupar a fortaleza do Monte. O Ouvidor Arriaga conseguiu manobrar de tal forma os mandarins que estes se opuseram à ocupação dos ingleses. O almirante Drury resolve então partir para Cantão a fim de concitar o vice-rei para a sua causa. Mal recebido, regressou a Macau onde, ameaçado com fome e guerra por parte dos chineses, viu-se obrigado a deixar a cidade, em Dezembro de 1808, por assim lhe ter ordenado o Imperador Jiaqing.
Para se perceber que ataques de piratas foram estes é preciso recuar a 1808. A 11 de Setembro desse ano uma esquadra inglesa, comandada pelo almirante Drury, surgiu nas águas de Macau. Era governador Bernardo Aleixo de Lemos e Faria que não conseguiu impedir o desembarque. Um destacamento de 300 homens ocupou a fortaleza da Guia e o forte de Bomparto e os restantes homens instalaram-se no velho seminário, nos prédios da Companhia das Índias Orientais e Inglesas e em tendas de campanha armadas no Campo de Vitória e em diversos cais. Os distúrbios causados pela tropa inglesa - roubava domicílios particulares e profanava sepulturas chinesas - indignaram a população, provocando uma reacção por parte dos chineses. Sob o pretexto de defender contra a eventualidade dum ataque chinês, o almirante pretendeu ocupar a fortaleza do Monte. O Ouvidor Arriaga conseguiu manobrar de tal forma os mandarins que estes se opuseram à ocupação dos ingleses. O almirante Drury resolve então partir para Cantão a fim de concitar o vice-rei para a sua causa. Mal recebido, regressou a Macau onde, ameaçado com fome e guerra por parte dos chineses, viu-se obrigado a deixar a cidade, em Dezembro de 1808, por assim lhe ter ordenado o Imperador Jiaqing.
Mal
refeita deste incidente com os ingleses, viu-se a cidade obrigada a
auxiliar as autoridades chinesas, ameaçadas por Kam Pau Sai, chefe de temíveis piratas chineses que ameaçava a própria dinastia chinesa. Lutando com grandes
dificuldades financeiras, o negociador português do convénio de auxílio
mútuo luso-chinês conseguiu armar seis navios com 118 canhões, e
equipá-los com uma guarnição de 730 homens, sob o comando do capitão de
artilharia José Pinto Alcoforado de Azevedo e Souza. Após várias
batalhas perto de Lantau, a frota de Kam Pau Sai, composta de mais de
16.000 homens com 1.200 bocas de fogo foi derrotada em 21 de Janeiro de
1810. Kam Pau Sai recusa-se render à s autoridades chinesa e fá-lo perante o Ouvidor Arriaga. Paradoxalmente, mesmo depois desta ajuda, a China não cumpriu as promessas feitas a Macau em troca da ajuda e o imperador Jiaqing acabaria por elevar
Kam Pau Sai, em 10 de Abril de 1810, à dignidade de mandarim.
Sem comentários:
Enviar um comentário