Ao fim de várias décadas ao abandono e após vários anos de obras de restauro profundo o icónico Hotel Central reabriu portas no final do passado mês de Abril.
O recém-renovado Hotel Central dispõe de 114 quartos, o restaurante Palace e um rooftop com vista de 360 graus para o centro histórico da cidade. O edifício de 11 andares com quase um século – foi o primeiro arranha-céus da cidade e o primeiro edifício a ter elevador – foi um marco local durante décadas até ao encerramento na década de 1990.
Ao abandono durante vários anos seria comprado em 2016 pelo Lek Hang Group por 1,5 mil milhões de patacas. As negociações dirigidas pelo líder da empresa sediada em Macau, Simon Sio, começaram em 2009 e só ao fim de sete anos chegaram a bom porto. Foram precisos mais três anos para obter as devidas autorizações tendo as obras começado no final de 2019. Para devolver a antiga glória ao hotel foram gastos mais de 400 milhões de patacas.
A decoração dos quartos é inspirada no design dos anos 20, 30 e 40. No piso térreo uma pequena exposição evoca a história de um dos hotéis mais icónicos do território.
Anúncio de 1948 |
O hotel foi inaugurado a 22 de julho de 1928 como Hotel President. Tinha seis andares - o mais alto da cidade - e lá dentro até cinema havia... A música era apreciada no 6º andar onde ficava o Club Hou Heng, "o maior e mais atraente desta cidade", segundo um anúncio de 1931.
Anúncio de 1931 |
Mudou de proprietários em 1932 e os novos donos, Fuk Tak Iam e Kou Ho Neng, escolheram como nova designação de Grand Central Hotel, tendo vingado a versão mais simples de Central. Poucos anos depois os dois sócios ganharam a concessão exclusiva do jogo no território e a Tai Heng usou o espaço para ali instalar salas de jogo. O sucesso da operação levou à necessidade da expansão. Na mesma avenida surgira entretanto (1941) o Grand Hotel já com 9 andares e o Central pretendia ter 11. Chau Chi Fan foi o arquitecto chinês responsável pelo projecto do que viria a ser "o maior hotel de Macau".
Entre 1937 e 1945, durante a guerra sino-japonesa e a segunda guerra mundial, o hotel foi palco de inúmeros episódios, incluindo atentados à bomba.
Quando em 1961 os proprietários do Central perdem o monopólio do jogo para a STDM de Stanley Ho o casino teve de encerrar iniciando-se um período de declínio.
No pós-guerra Ian Flemming foi um dos hóspedes famosos do hotel. O autor de James Bond mencionaria o hotel Central na obra de 1963 Thrilling Cities onde pode ler-se: "Quanto mais alto se sobe mais bonitas e caras são as meninas, mais altas são as apostas nas mesas de jogo e melhor é a música".
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