Miguel Farini Spiguel (1921-1975), um turco radicado em Portugal desde 1944, foi o cineasta que mais filmou o “Oriente português” (Macau, Goa e Timor) tendo 'acrescentado à propaganda política do Estado Novo um pendor de promoção turística dos então territórios portugueses. Contava habitualmente com o apoio de instituições como a Agência Geral do Ultramar mas chegou a fazer pedidos de apoio de forma directa.
A 27 de Dezembro de 1959 enviou uma carta ao governador de Macau, Jaime Silvério Marques:
"(...) Embora pudesse seguir directamente para Timor, preferi fazer um desvio para Macau, terra da minha preferência, embora esse facto me onerasse de muito as minhas disponibilidades, o meu capital e crédito empenhados neste empreendimento ultrapassa de muito os 500 contos e para os amortizar conto com a boa qualidade e da possível venda dos mesmos às várias entidades oficiais, tais como a Agência Geral do Ultramar, Secretariado Nacional da Informação e Ministério da Educação Nacional. De todos estes documentários o de Macau tem menos defesa, porque já existem quatro feitos por mim e Vossa Excelência sabe tão bem como eu que em matéria de propaganda as atenções do Governo Central dirigem-se de preferência para as nossas províncias de Angola e Moçambique, deixando o resto à iniciativa particular como a minha ou ao critério e julgamento do Governador respectivo. (...)"
"Macau, Jóia do Oriente" - título inspirado em Jaime do Inso - é um documentário (15 minutos) apresentado publicamente em 1956. Face aos anteriores que tinham versado o território, tinha a grande novidade de ser feito a cores.
Em Macau Spiguel foi quase sempre acompanhado por Aquilino Mendes e pela sua câmara. Podem ver-se os dois na foto abaixo durante a rodagem do documentário "Macau" de 1960.
Neste, como noutros registos que se seguiram, Spiguel contou com a colaboração musical de Pedro Lobo.
Entrevistado para a revista "Filme" (n° 14, Maio de 1960) Spiguel afirmou acerca de Macau:
"Quis mostrar como a obra civilizadora dos portugueses tem um sentido particular, cristão, tolerante. Notou nas imagens do arrear da bandeira como é composta a escola? Notou a profusão de raças entre a juventude escolar? Notou essa mesma tolerância na multidão que povoa as ruas? Depois quis captar uma cidade com imagens de uma cor intensa. Macau a preto e branco não se justifica. O enterro chinês, os barcos à vela, a profusão dos cartazes coloridos, tudo isso pede cor. Devo dizer que a câmara do Aquilino foi particularmente feliz."
Outros registos de Sipguel sobre Macau:
Macau, Jóia do Oriente (1956),
Pescadores de Amagau (1958),
Macau (1960) Duração: 60 minutos
Reportagem - Oriente (1958),
Operação Estupefacientes (1967), reportagem em 3 episódios sobre a luta da Polícia Judiciária de Macau contra os traficantes de droga no território.
Macau de Hoje (1971),
Macau Industrial (1974),
Uma Pérola Chamada Macau (1974)
Macau (1977), já apresentado depois da morte do realizador.
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