Quem estudou no ensino primário durante as décadas de 1950/60 por certo leu este pequeno texto sobre a história de Macau, da autoria de Jaime do Inso:
”Alguns bandos de piratas, que dominavam nos mares da China, e contra os quais nos batemos tantas e tantas vezes, estabeleceram o seu quartel-general no território de Macau, donde saíam para pilhar toda a região vizinha. Os Chineses, vendo-se impotentes para os atacar, pediram o nosso auxílio. Depois de dois ou três anos de porfiadas lutas, conseguimos expulsar os piratas, refugiando-se estes numas ilhas, desde então conhecidas pelo nome de Ilhas dos Ladrões. Em recompensa daquele feito, o imperador da China confirmou a posse de Macau aos Portugueses, onde nos temos mantido desde 1557.
Mesmo durante os sessenta anos da dominação castelhana, a bandeira portuguesa não foi arredada. Os Macaenses resistiram vitoriosamente a todos os ataques dos inimigos – Holandeses e Ingleses.«Não há outra mais leal» assim o declarou D. João IV”
O texto acima é uma adaptação de um original escrito em 1929. O que se segue é de 1913.Mesmo durante os sessenta anos da dominação castelhana, a bandeira portuguesa não foi arredada. Os Macaenses resistiram vitoriosamente a todos os ataques dos inimigos – Holandeses e Ingleses.«Não há outra mais leal» assim o declarou D. João IV”
Vista a partir do Monte da Guia ca. 1900 (hospital S. Januário à esquerda e hotel Bela Vista ao fundo) |
“Macau – a cidade Santa, a Jóia das Terras do Oriente – é um mimo de paisagem e um mimo de tradição. Ali se abriga um pedaço da China milenária, imbuída da alma prodigiosa da gente de Portugal, que desde séculos criou fundas raízes de simpatia entre os filhos do ex-celeste Império…
Macau, com as suas ruas, calçadas tão tipicamente portuguesas, como se não vê em terra alguma do Oriente; com as suas casinhas de cores garridas, como num cenário, espalhadas pelos montes; com as suas vielas e becos nos velhos bairros e edifícios modernos nas novas avenidas, os seus miradoiros, as suas ruínas, muralhas e templos com os sinos a dobrar, aparece-nos como um presépio encantador, em dias primaveris, evocando a maior saudade de Portugal!
Macau – com seu bairro china ou basar, onde fervilha o formigueiro chinês, num vaivém constante, por entre os Cou-laus ou restaurantes, as cozinhas ambulantes, os gerinshás e as notas garridas das Pi-pá-chai; com os seus inúmeros Pagodes, onde, na sombra, se divisa Buda por entre as volutas do sândalo queimado; Macau onde se respira a atmosfera calma e perturbante da China que nos atrai e embriaga, que se detesta e se repete, só para mais nos cingir e dominar, Macau é, ainda, um símbolo do encantamento da China que, quanto mais nos martiriza, mais nos prende e nos faz querer. Macau, a janela aberta sobre a vastidão infinda da Terra Amarela, é um oásis de placidez, estação de repouso inigualável, preciosa e bela, jóia lusitana encastoada nas longínquas costas da China, onde tantos estrangeiros vêm respirar uma atmosfera de estranha quietude no maio de vertiginosa vida do Oriente, naquela mística embaladora que lhe empresta a pátina do tempo, numa evocação nostálgica das aventuras doutras eras.
Mas eis que já se divisa, numa volta da estrada, o alto da penha, com seu templo antigo, hoje restaurado – um monumento – onde os nossos marinheiros de antanho iam depor suas promessas à chegada a Macau, como que tecendo um fio de religiosidade entre a barra do Tejo e as distanciadas paragens daquelas partes da China, como então se chamava… Assim é Macau – a cidade Santa, a Jóia das Terras de Oriente!“
Macau, com as suas ruas, calçadas tão tipicamente portuguesas, como se não vê em terra alguma do Oriente; com as suas casinhas de cores garridas, como num cenário, espalhadas pelos montes; com as suas vielas e becos nos velhos bairros e edifícios modernos nas novas avenidas, os seus miradoiros, as suas ruínas, muralhas e templos com os sinos a dobrar, aparece-nos como um presépio encantador, em dias primaveris, evocando a maior saudade de Portugal!
Macau – com seu bairro china ou basar, onde fervilha o formigueiro chinês, num vaivém constante, por entre os Cou-laus ou restaurantes, as cozinhas ambulantes, os gerinshás e as notas garridas das Pi-pá-chai; com os seus inúmeros Pagodes, onde, na sombra, se divisa Buda por entre as volutas do sândalo queimado; Macau onde se respira a atmosfera calma e perturbante da China que nos atrai e embriaga, que se detesta e se repete, só para mais nos cingir e dominar, Macau é, ainda, um símbolo do encantamento da China que, quanto mais nos martiriza, mais nos prende e nos faz querer. Macau, a janela aberta sobre a vastidão infinda da Terra Amarela, é um oásis de placidez, estação de repouso inigualável, preciosa e bela, jóia lusitana encastoada nas longínquas costas da China, onde tantos estrangeiros vêm respirar uma atmosfera de estranha quietude no maio de vertiginosa vida do Oriente, naquela mística embaladora que lhe empresta a pátina do tempo, numa evocação nostálgica das aventuras doutras eras.
Mas eis que já se divisa, numa volta da estrada, o alto da penha, com seu templo antigo, hoje restaurado – um monumento – onde os nossos marinheiros de antanho iam depor suas promessas à chegada a Macau, como que tecendo um fio de religiosidade entre a barra do Tejo e as distanciadas paragens daquelas partes da China, como então se chamava… Assim é Macau – a cidade Santa, a Jóia das Terras de Oriente!“
Vista lateral da Sé (ca. 1900) |
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