Nas "Efemérides da História de Macau", Luíz Gonzaga Gomes refere que a 13 de Dezembro de 1924 "Seis prisioneiros chineses que estavam trabalhando na construção duma estrada na Ilha de Coloane, tentaram evadir, agredindo de surpresa e barbaramente duas praças africanas que os estavam vigiando e, depois de as terem desarmado, dirigiram-se ao quartel, onde mataram o 1.º Sargento Manuel Ferreira da Silva que comandava o posto militar da povoação de Ká-Hó, sendo depois mortos cinco e capturado um."
O tema viria a ser capa de um semanário em Portugal, o "Domingo Ilustrado" (1925-1927) na edição de 8 de Fevereiro de 1925, com o título "A Grande Chacina de Macau".
O jornal é o equivalente aos actuais tablóides de pendor sensacionalista.
O caso ocorreu em Ka-Hó, na ilha de Coloane.
Escreve o jornal que “Em pleno areal de Cka–Hó, um posto numa ilha de um kilómetro quadrado, os presos insubordinaram-se, assassinando com as ferramentas do trabalho os soldados portugueses. Depois correram ao quartel e mataram o sargento comandante, ferindo mais praças.
Por fim, no meio da carnificina, ficaram abatidos cinco dos revoltados e todos os soldados feridos e mortos”.
A ilustração, explica a publicação, é uma "reconstituição (dos acontecimentos) sobre documentos e fotos fornecidos na Sociedade de Geografia, por um oficial que já comandou este posto".
Veja-se outro exemplo da abordagem jornalística, na mesma publicação, também sobre Macau, na edição de 3 de Outubro de 1926, mas a propósito de um tufão.
A ilustração é acompanhada do título "O Tufão que anda perdido no Mundo!" e com a seguinte legenda:
Na Metrópole, nas ilhas, em Macau, um tufão, que os homens de sciencia classificam como sendo o mesmo, produz estragos formidaveis. Quando tomará pressão normal a enorme massa de ar?
Trata-se de um tufão que assolou Macau a 25 de Setembro de 1926.
O Diário de Lisboa escreve a 28 de Setembro:
"Um violento tufão assolou esta cidade. Nem todos os juncos de pesca que estavam ao largo recolheram, receando-se que a maior parte se tenha afundado causando a perda de muitas vidas. Os estragos no litoral são relativamente pouco importantes."
O cruzador "República" viria a ser afectado pelo tufão "indo encalhar sem avaria no lôdo para as bandas da Lapa. (…) Devo no entanto informar V. Exa.ª de que este tufão foi anormal, surpreendendo os observatórios de Hong Kong e Macau, os quais só poucas horas antes da passagem do meteoro anunciaram a sua aproximação desta região. O navio continua sem a menor avaria, devendo fazer-se a primeira experiência de o flutuar no próximo dia 12 de Outubro", explica Guilherme Ivens Ferraz, Comodoro do "República", numa carta enviada a partir de Macau ao Ministério da Marinha, a 8 de Outubro desse ano.
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