Excertos de uma entrevista do padre Manuel Teixeira em 1982.
(...) I came to Macao in 1924 for my ecclesiastical studies at the seminary of Macao under Jesuit fathers. My professor of French was a father belonging to the Foreign Missions Society of Paris. He was very interested in history and was the only historian at that time. He published a book called: Resumo da história de Macau. (A Summary of Macao History.) What was his name?
Father Regis Gervaix. In 1925 he went to Peking and became a professor of French literature at the Government University and there he published a new history of Macao in two volumes called “Abre’ge’ de l’histoire de Macao”. So it was that father who gave me the taste and inclination to carry on his work. Because on his departure Macao was left without historians. When I finished my studies in 1933, I started at once writing history and published my first book in 1937. And since then I have published a hundred and nine books on Macao history. (...)Was it Gervaix who started this?
The first man who wrote a history of Macao was a Franciscan friar, Jose de Jesus Maria: Azia Sinica e Japonica. A very nice volume. Professor C.R. Boxer has published the manuscript in two volumes. The book was written in between 1742 and 1745. He spent three years in Macao, consulting all the archives. Many of these do not exist any more. Then the second history of Macao was written in 1902 by a lawman, Montalto de Jesus: Historic Macao, then came father Gervais as I said and then….
Nota: na Revista de Cultura nr. 19 (II série) Abril/Junho de 1994 o padre M. Teixeira assina um artigo sobre o seu mestre. Aí conta que Gervaix era um péssimo professor mas um excelente historiador. Só dominava a língua francesa. De português nada! Eis a razão pela qual M. Teixeira tb viria a ser fluente em francês. No Cantonense nunca se aventurou mas, segundo consta, uma vez deu uma missa toda em chinês. Como? Decorou!
Mártires do Japão e Ferreira do Amaral
Vem tudo isto a propósito do quê? Do livro que dá o título a este post. A origem deste trabalho prende-se com um concurso oficial aberto pelo Governador de Macau para a publicação de uma monografia destinada à divulgação e ao ensino do passado histórico daquela antiga pérola do oriente. Foi por essa razão que Eudore Colomban, um intelectual francês que ali residiu durante décadas, decidiu escrever a obra. Colomban é o pseudónimo do padre Régis Gervais, missionário francês na Diocese de Macau entre 1916 e 1927 como professor do Seminário. Mas não só. Sob o pseudónimo de Gervásio, publica no jornal O Progresso, logo em 1916 um poema em francês de homenagem a Camilo Pessanha, intitulado «Desiludido de Tudo e de Todos!». Foi um grande investigador e divulgador da presença portuguesa no Oriente. "Entre as suas publicações é de salientar: Hommes et chose d´Extrême-Ocident (2 séries), Zéphyrin Guillemin, Grisailles (3 séries),, Brimborions, Esquisses jaunes, Resumo da História de Macau, Histoire abrégée de Macao (2 volumes), Principal redactor, durante muito tempo, do "Boletim Eclesiástico", ali iniciou a sua projectada obra sobre a influência portuguesa na China, a qual destinava, por gratidão, à família de Carlos da Maia. Em Pequim, como colaborador da Politique de Pekin, tem continuado a mostrar à China e ao mundo a generosa acção de Portugal no continente sínico", escreveu o homem que publicou o "Resumo", capitão JJNM.
A título de curiosidade refira-se que Regis Gervais(x) foi professor de Manuel Teixeira pelo que lhe terá incutido o gosto pela história e os conhecimentos de francês.
Voltando ao livro, o concurso acabou por não chegar ao fim já que o governador foi exonerado do cargo, vítima da partidocracia que caracterizava a 1.ª República. Reconhecendo o interesse daquele estudo, o capitão Jacinto José do Nascimento Moura, amigo e admirador do autor, decidiu publicá-lo às suas expensas. Foi em 1927 na tipografia do Orfanato da I.C. Em 1980 foi reeditado.
Esta história de Macau - que vai desde "os começos" até 1927 - foi publicada em capítulos anos antes (1924-25) no Boletim Eclesiástico da Diocese sob o título "Histoire populaire de Macao". No boletim Colomban assinou ainda artigos como "Expedição de Fernão Peres de Andrade de Cantão (1517)" e "La foi chrétienne au Congo (1490-1680)".
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