Monsenhor Cónego José Machado Lourenço, ou simplesmente Monsenhor Lourenço,
conforme era conhecido e respeitosamente tratado, nasceu a 12 de Agosto de
1908, na freguesia das Cinco Ribeiras, ilha Terceira dos Açores. Era filho de (picoense), consorciados no Rio de Janeiro, Brasil. Após a instrução primária, juntamente com onze rapazes açorianos, partiu para Macau na companhia do
missionário padre João Machado de Lima, natural das Cinco Ribeiras, a esse tempo
em férias nos Açores. Deu entrada no Seminário de S. José, onde se distinguiu
pelos seus dotes literários e poéticos, e recebeu a ordenação sacerdotal na
Sé Catedral de Macau a 16 d’agosto 1931, servindo primeiramente na Missão
de Singapura e depois em Malaca.
Em 1935 regressou a Macau p’ra exercer o cargo de secretário particular de D. José da Costa Nunes, ao tempo bispo de Macau. Após um período de férias na Terceira em 1938, voltou p’ra Singapura, de onde transitou em 1941 p’ra Goa assumindo as funções de secretário do já então Patriarca das Indias Orientais, D. José da Costa Nunes. Em 1947 aposentou-se, acenando adeus às terras do antigo Padroado Português no Oriente, e passando a residir na sua terra natal, onde permaneceu até ao seu falecimento, a 15 de janeiro 1984. Apesar de se encontrar na situação de aposentado, jamais se manteve inativo, pois desenvolveu e realizou um admirável número de actividades pastorais, académicas e inteletuais, creditando-se como insígne sacerdote, professor, jornalista, escritor e pensador.
Foi ele um dos co-fundadores do Instituto Açoriano de Cultura, anexo ao Seminário de Angra e seu primeiro presidente eleito (1956-1978), bem como diretor da revista “Atlântida” durante o mesmo período, desempenhando seguidamente as funções de presidente da Assembleia Geral do Instituto, responsável pela realização das célebres Semanas de Estudos nos Açores. Além de assistir e colaborar com o capelão militar das Forças Armadas Americanas estacionadas na Base Aérea das Lajes, prestou igualmente assistência e colaboração em paróquias terceirenses. Lecionou quer no Seminário quer no
Liceu d’Angra. Tive-o como meu professor de Português e Inglês, de cujas aulas guardo excelentes recordações. Já me encontrava na Califórnia quando, em 1956, recebi a notícia que Monsenhor Lourenço havia sido nomeado Cónego da Sé Catedral d’Angra. O título de monsenhor fora-lhe conferido, anteriormente em 1947, por Pio XII numa recomendação de D. José da Costa Nunes. Consta-me que no período conturbado da revolução de 25 d’abril foi vilmente atacado quando trabalhava no jornal diocesano “A União”, de que foi diretor desde junho 1973 até maio 1978. Justificadamente, foi agraciado pelo Governo Português em 1982 com o grau de Comendador da Ordem de Santiago da Espada.
Monsenhor Lourenço notabilizou-se ainda através da publicação de muitas obras em prosa e poesia, das quais destacarei as seguintes:
A Mãe do Amor 1934, Aleluias de Alma 1937, Lusa Estrela 1940, Mensagem Cristã à Índia 1945, O Padroado Português do Oriente 1951, Regras de Gramática da Língua Inglesa 1952, Vida Divina 1954, O Romance dum Malaio 1954, Vitória 1959, Beato João Batista Machado de Távora 1965, Por Terras do Sagrado Ganges 1968, Benedicite 1968, Os Lusíadas Poema Católico 1968, Poetas do Povo 1969, Cinco Ribeiras Freguesia Branca 1979, e Açorianos em Macau 1981. Em 1982 era publicado o livro “De Camões, Do Seu Poema e do Espírito Lusíada”, versando primeiramente Os Lusíadas (poema clássico ou barroco?), e seguidamente Os Lusíadas (poema católico), com o acréscimo dos temas Camões em Macau (e na Terceira?), e o Patriotismo perene lição de Camões. Incluídas no livro aglomeram-se transcrições de palestras intituladas: Dívida ao Infante D. Henrique, Macau (Portugal na China), Goa e a Colonização Portuguesa, Responsabilidades Apostólicas no Ultramar, e Portugal no Oriente.
Todos quantos conviveram com Monsenhor Lourenço são unânimes em considerá-lo uma excelente pessoa, amigável e humilde, bondosa e afável, de espírito alegre e oportuno sentido humorístico. Ficaram célebres os seus frequentes “apartes” no decorrer das aulas. Contam-se centenas disses ditos instantâneos e apropriados, que seria longo repeti-los neste ligeiro recordando. Apenas como amostra relembro o episódio ocorrido quando um avião a jato, sobrevoado a Baía d’Angra, causou um “sonic boom” fazendo estremecer a cidade, e ao mesmo tempo alvoraçado os seminaristas, alguns dos quais levantaram-se das carteiras e correram p’ràs portas da aula. Foi então que, tranquilamente, da sua cadeira de professor, monsenhor Lourenço se fez ouvir: “Era favor não distrair o aviador!” Em verdade, o seu convívio tornava-se agradável, condimentado com pitadas de fino humor. Nunca ofendia nem escandalizava. Era sempre genuíno, com muita graça e calma!
Em 1935 regressou a Macau p’ra exercer o cargo de secretário particular de D. José da Costa Nunes, ao tempo bispo de Macau. Após um período de férias na Terceira em 1938, voltou p’ra Singapura, de onde transitou em 1941 p’ra Goa assumindo as funções de secretário do já então Patriarca das Indias Orientais, D. José da Costa Nunes. Em 1947 aposentou-se, acenando adeus às terras do antigo Padroado Português no Oriente, e passando a residir na sua terra natal, onde permaneceu até ao seu falecimento, a 15 de janeiro 1984. Apesar de se encontrar na situação de aposentado, jamais se manteve inativo, pois desenvolveu e realizou um admirável número de actividades pastorais, académicas e inteletuais, creditando-se como insígne sacerdote, professor, jornalista, escritor e pensador.
Foi ele um dos co-fundadores do Instituto Açoriano de Cultura, anexo ao Seminário de Angra e seu primeiro presidente eleito (1956-1978), bem como diretor da revista “Atlântida” durante o mesmo período, desempenhando seguidamente as funções de presidente da Assembleia Geral do Instituto, responsável pela realização das célebres Semanas de Estudos nos Açores. Além de assistir e colaborar com o capelão militar das Forças Armadas Americanas estacionadas na Base Aérea das Lajes, prestou igualmente assistência e colaboração em paróquias terceirenses. Lecionou quer no Seminário quer no
Liceu d’Angra. Tive-o como meu professor de Português e Inglês, de cujas aulas guardo excelentes recordações. Já me encontrava na Califórnia quando, em 1956, recebi a notícia que Monsenhor Lourenço havia sido nomeado Cónego da Sé Catedral d’Angra. O título de monsenhor fora-lhe conferido, anteriormente em 1947, por Pio XII numa recomendação de D. José da Costa Nunes. Consta-me que no período conturbado da revolução de 25 d’abril foi vilmente atacado quando trabalhava no jornal diocesano “A União”, de que foi diretor desde junho 1973 até maio 1978. Justificadamente, foi agraciado pelo Governo Português em 1982 com o grau de Comendador da Ordem de Santiago da Espada.
Monsenhor Lourenço notabilizou-se ainda através da publicação de muitas obras em prosa e poesia, das quais destacarei as seguintes:
A Mãe do Amor 1934, Aleluias de Alma 1937, Lusa Estrela 1940, Mensagem Cristã à Índia 1945, O Padroado Português do Oriente 1951, Regras de Gramática da Língua Inglesa 1952, Vida Divina 1954, O Romance dum Malaio 1954, Vitória 1959, Beato João Batista Machado de Távora 1965, Por Terras do Sagrado Ganges 1968, Benedicite 1968, Os Lusíadas Poema Católico 1968, Poetas do Povo 1969, Cinco Ribeiras Freguesia Branca 1979, e Açorianos em Macau 1981. Em 1982 era publicado o livro “De Camões, Do Seu Poema e do Espírito Lusíada”, versando primeiramente Os Lusíadas (poema clássico ou barroco?), e seguidamente Os Lusíadas (poema católico), com o acréscimo dos temas Camões em Macau (e na Terceira?), e o Patriotismo perene lição de Camões. Incluídas no livro aglomeram-se transcrições de palestras intituladas: Dívida ao Infante D. Henrique, Macau (Portugal na China), Goa e a Colonização Portuguesa, Responsabilidades Apostólicas no Ultramar, e Portugal no Oriente.
Todos quantos conviveram com Monsenhor Lourenço são unânimes em considerá-lo uma excelente pessoa, amigável e humilde, bondosa e afável, de espírito alegre e oportuno sentido humorístico. Ficaram célebres os seus frequentes “apartes” no decorrer das aulas. Contam-se centenas disses ditos instantâneos e apropriados, que seria longo repeti-los neste ligeiro recordando. Apenas como amostra relembro o episódio ocorrido quando um avião a jato, sobrevoado a Baía d’Angra, causou um “sonic boom” fazendo estremecer a cidade, e ao mesmo tempo alvoraçado os seminaristas, alguns dos quais levantaram-se das carteiras e correram p’ràs portas da aula. Foi então que, tranquilamente, da sua cadeira de professor, monsenhor Lourenço se fez ouvir: “Era favor não distrair o aviador!” Em verdade, o seu convívio tornava-se agradável, condimentado com pitadas de fino humor. Nunca ofendia nem escandalizava. Era sempre genuíno, com muita graça e calma!
Artigo da autoria de Ferreira Moreno publicado no jornal Portuguese Times, New Bedford (EUA) na rubrica "Repiques de Saudade".
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