Uma muralha com mais de 400 anos de história, situada perto do hospital Conde de São Januário, caiu parcialmente ontem, sem registo de feridos. Segundo o diário chinês Ou Mun e Exmoo News, uma associação local pede uma “reparação de emergência” ao Governo, a pensar na preservação do património cultural. Um responsável do Instituto Cultural (IC) afirmou que embora a muralha não esteja na lista dos edifícios que devam ser protegidos, possui valor histórico, tendo já enviado funcionários para acompanhar e avaliar. Chan Chi Leung, presidente do Instituto de Conservação e Restauro de Relíquias Culturais de Macau, disse que as ruínas da antiga muralha da cidade possuem mais de 400 anos de história e é uma das mais antigas muralhas da Península de Macau, embora seja pouco conhecida. “O seu valor histórico é mais elevado do que o Troço das Antigas Muralhas de Defesa, que fica em frente do Templo de Na Tcha, listada no Centro Histórico do Património mundial.”
O instituto considera que o Executivo tem que fazer os procedimentos de emergência após o lançamento da nova Lei da Salvaguarda do Património Cultural. Estes devem incluir o muro em questão, bem como a reabilitação das antigas muralhas da cidade. Lei Hoi Ian, do departamento de planeamento urbano, disse que há possibilidades da muralha ter sido danificada com o crescimento das raízes de árvores circundantes, e que as paredes não aguentam até que a nova lei surja. Lei Hoi ian espera que o Governo dê importância ao espaço. Tanto Chan Chi Leung como Lei Hoi Ian consideram que o Executivo precisa de obter consenso na conservação do património cultural de Macau, bem como adaptar a lista de preservação dos espaços. O IC revelou ainda que vão ser feitas obras de protecção temporária a cerca de cinco ou quatro muralhas, frisando que parte do trabalho de conservação já está a ser feito, e que tudo irá ser feito conforme programado.
O instituto considera que o Executivo tem que fazer os procedimentos de emergência após o lançamento da nova Lei da Salvaguarda do Património Cultural. Estes devem incluir o muro em questão, bem como a reabilitação das antigas muralhas da cidade. Lei Hoi Ian, do departamento de planeamento urbano, disse que há possibilidades da muralha ter sido danificada com o crescimento das raízes de árvores circundantes, e que as paredes não aguentam até que a nova lei surja. Lei Hoi ian espera que o Governo dê importância ao espaço. Tanto Chan Chi Leung como Lei Hoi Ian consideram que o Executivo precisa de obter consenso na conservação do património cultural de Macau, bem como adaptar a lista de preservação dos espaços. O IC revelou ainda que vão ser feitas obras de protecção temporária a cerca de cinco ou quatro muralhas, frisando que parte do trabalho de conservação já está a ser feito, e que tudo irá ser feito conforme programado.
O Ou Mun e o Exmoo News traçaram um breve retrato das muralhas históricas de Macau. Datadas do tempo da Administração Portuguesa, a data exacta pode recuar até 1569, durante a Dinastia Ming. O governo da Dinastia Ming não permitia que os portugueses construíssem muralhas privadas, por isso parte delas foram demolidas. Contudo, por forma a resistir às invasões holandesas, o governo de Macau voltou a construir algumas muralhas em 1632, tendo construído a que hoje se encontra no norte da península e a Fortaleza do Monte. As muralhas da cidade velha ainda podem ser visíveis junto à Estrada de São Francisco, atrás do Colégio Santa Rosa de Lima e na Rua Nova à Guia. Parte das paredes do Colégio Matteo Ricci ou o miradouro de Santa Sancha também são históricas. Outras partes foram incluídas na área do Centro Histórico de Macau, localizadas nas calçadas da freguesia de Santo António e em frente ao templo de Na Tcha.
Notícia e foto (em cima à esq.) publicadas no HM de 3.1.2013
Este troço da muralha antiga situa-se na Estrada Nova, atrás do Clube Militar e do Jardim de São Francisco.
Data do século XVII a maioria das fortificações de Macau. A cidade ficou cercada por uma muralha de taipa que começava no Patane, seguia pelo Porto Interior, Colina do Monte, Fortaleza do Monte, baluarte de S. João, Fortim de S. Jerónimo e terminando na Fortaleza de S. Francisco, no extremo norte da baía da Praia Grande.
Planta de Barreto de Resende: meados do século XVII |
Os mapas da época revelam a existência de 'duas' cidades: uma cidade cristã e de uma cidade chinesa, separadas, e localizadas entre a Praia Grande e a Praia Pequena. Ambas eram muradas . A começar pela residência do mandarim e pela cerca que os jesuítas construíram no monte de S. Paulo, concluída por volta de 1606 e que antecedeu a Fortaleza do Monte (finalizada em 1622).
A cerca dos Jesuítas em 1900 (traseiras da igreja/ruínas de S. Paulo) |
Nesta época pontuavam na geografia local as principais igrejas, ermidas e/ou baterias nos pontos elevados (Nossa Senhora da Guia, S. Francisco, Barra), bem como o templo chinês da Barra (Ma-Kou-Miu/Ma Ge Miao, ou Templo da Deusa A-Má), encravado entre a Colina da Barra e o “sorgidoro” (Porto Interior). Na margem Norte, entre um denso arvoredo e o istmo, regista-se a presença de algumas casas representando a aldeia chinesa de Wangxia (Mongha). Estes terão sido os primeiros habitantes de Macau, bem antes da chegada dos portugueses. Outra das populações mais antigas, residiam em embarcações junto à zona da Barra, e provinham da província de Fukien.
Muralha Chunambeiro e fortim do bomparto
Outro troço da muralha, a sul, começava na fortaleza do Bomparto, subindo a encosta poente da colina da Penha até ao Forte de Nª Srª da Penha de França. Descia a encosta nascente e terminava junto ao Porto Interior. As muralhas não tinham mais de 5 metros de altura, seguiam os contornos do terreno e tinham uma espessura de 3 a 4 metros terminando em degraus. Eram feitas de taipa com parapeitos de tijolos...
A fortaleza do Bomparto já estava concluída em 1622 e não se sabe a origem. Os muros assentavam nas rochas existentes na base... granito. Destinava-se a dar fogo de cobertura ao Porto Exterior e, simultaneamente, protegia o acesso ao Porto Interior. Inicialmente tinha a forma de um quadrilátero irregular, uma forma modificada posteriormente com a ampliação. Os parapeitos tinham 8 aberturas para canhões e deles partia a muralha que ligava este forte ao da Penha, no cimo da colina a poente. Apesar da construção, ainda hoje podem ser vistas (ainda que se tenha de ver com muita atenção) muitas partes das antigas muralhas. Algumas servem de suporte a casas/barracas pelo que será mais difícil identificá-las. A muralha junto ao Quartel de S. Francisco é das mais visíveis.
Na imagem - década 1930/40 - ainda se pode ver parte da muralha que ligava à Fortaleza do Monte
Em cima: planta da península de Macau, porventura a primeira com contornos geográficos 'realistas'. É da autoria do cartógrafo luso-malaio Manuel Godinho de Erédia e data de 1615-1620. Não encontrei até hoje uma indicação de que ele tenha estado em Macau, pelo que pode ser uma cópia de um mapa existente em Goa ou então feito a partir da observação por uma terceira pessoa. Certo é que não revela o que cerca de 1570-1600 já existia. Ou seja, as diversas habitações construídas pelos portugueses.
Na Fortaleza do Monte
Mapa da segunda metade do séc. XVI
Parte de muro/muralha: vista sobre a baía da Praia Grande ca. 1890-1900
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