O arquitecto e historiador de arte Walter Rossa foi o coordenador do volume dedicado à Ásia da obra “Património de Origem Portuguesa no Mundo: Arquitectura e Urbanismo”. A colecção completa foi dirigida por José Mattoso e publicada pela Fundação Calouste Gulbenkian em 2010.
Nascido em 1962, Walter Rossa é docente do Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia e investigador do Centro Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Para além da actividade nas áreas da arquitectura e planeamento, tem-se dedicado à investigação em Teoria e História da Arquitectura e do Urbanismo, em especial nos domínios da urbanística, da cultura do território e do património do universo português, tendo já publicado diversos livros.
Em entrevista concedida por “e-mail” ao JTM, o investigador refere que o Oriente seria “algo diferente” sem o legado luso e refere que o património listado em Macau está bem conservado, quando comparado com outros lugares do continente asiático.
Em Macau quase se esgotaram os bens mais antigos, enquanto no que diz respeito aos mais recentes foram mais os que ficaram de fora do que os que foram incluídos. Tudo isso está explicado de forma mais ampla nos textos introdutórios do volume e de cada uma das subdivisões regionais.
- Quantas entradas tem o volume dedicado à Ásia? Destas, quantas abarcam o património de Macau?
O volume abarca 130 locais divididos em cinco áreas geográficas, dos quais estão integradas um total de 326 entradas, sendo que algumas dizem respeito a mais do que um edifício ou conjunto edificado. Macau tem 45 entradas, incluindo a relativa ao conjunto.
- No caso de Macau, como analisa o estado de conservação do património de origem portuguesa?
De uma maneira geral como boa, em termos relativos (com os demais na Ásia) como excelente. Os principais problemas levantam-se ao nível dos contextos.
- As igrejas são parte significativa desse património. Que outros itens surgem listados?
No que diz respeito aos itens de origem mais antiga poderemos acrescentar aos edifícios religiosos os de carácter militar e, aqui e ali, um ou outro palácio, ou seja, arquitectura civil. Mas quando avançamos no tempo, em especial a partir de meados do século XIX, contamos também com excelentes exemplares de equipamentos e espaços públicos, habitação colectiva, moradias, etc. Importa, contudo, chamar a atenção para um tipo de bens que normalmente não é tido em linha de conta e que é fundamental, não só porque é estruturante e o mais duradouro: o urbanismo.
- Um dos edifícios referenciados é o Casino Lisboa. Face ao esfuziante surgimento de outros casinos e edifícios em seu torno, acha que poderá permanecer como um dos ícones da cidade?
A minha resposta é positiva, mas obviamente sujeita ao plebiscito daqueles a quem compete, no dia-a-dia, essa decisão, ou seja, aos macaenses. Não continuam eles a considerá-lo como um ícone da cidade? Não é ele uma das imagens mais recorrentes da representação externa de Macau?
Excertos de uma entrevista realizada por Paulo Barbosa publicada no JTM de 9-2-2011
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