quinta-feira, 4 de novembro de 2021

"Macao, a sea-port town of China, in the province of Quangtong"

Macao, a sea-port town of China, in the province of Quang tong situated at the mouth of the Tigris in the entrance of the bay of Canton and built on a peninsula or rather a small island because it is separated from the land by a river where the ebbing and flowing of the sea are fenfi bly felt.
This tongue of land is joined to the rest of island only by a small neck about 100 yards across.
The Portuguese obtained this port from the emperor Camhy as a reward for the assistance they gave to the Chinese in destroying the pirates who from the islands in the of Canton infested the seas and ravaged all the coasts China.
Some writers pretend that this city had no inhabit but pirates when the Portuguese formed an establish ment in it and that they were only permitted to build huts covered with straw. However this be their whole extent of territory bounded by a wall is not more than eight miles in circumference. 
In this small spot the Portuguese carried on for a long time almost exclusively a considerable with the Chinese empire and with other countries in Asia, particularly Japan Tonquin Cochinchina and Siam. But by the luxury occasioned by increase of wealth and the injurious oppression of the Chinese the enterprising spirit of the Portuguese declined and the inhabitants Macao became enervated by a tropical climate.
Their trade to Japan failed their other speculations became precarious and this once prosperous settlement is now very much reduced. The houses at Macao are built after the  european manner but they are low and make little show.
Here are 13 churches and chapels and 50 priests to minister to the devotion of between four and five thousand laity. Of the two pagan temples at Macao belonging to the Chinese, one is curiously situated among a confused heap of immense masses of granite. This temple is comprised of three separate buildings one over the other the only ap proach to which is by a winding flight of steps hewn out of the solid rock.
The cave of Camoens situated a little above the loftieft eminence in the town was constructed probably in the same manner as the temple above described by bringing together a vast number of rocks. This cave a tradition current in the settlement belonged to Camoens, a Portuguese poet who resided a considerable time at Macao and in which cave it is said he wrote the celebrated poem of the Lusiad.
The whole population of Macao, according to the statement of La Perouse, maybe at 20,000 of whom 100 are Portuguese by birth, 2000 metis or half Indians and half Portuguese with as many Caffre Naves their domestics.
The rest are Chinese employ themselves in commerce and different trades by which they lay the Portuguese under contribution to their industry. These lait though almoft all Mulattoes would think themselves disgraced if they supported their families by exercising any mechanic art though their pride is not continually soliciting charity with importunity from every one that passes by them. (...)
This city is rendered pleasant in appearance by the fine houses occupied by the supercargoes of the different companies obliged to winter here and their fociety enlivens the place.
(...) De la Perouse the folio volume annexed to Sir George Staunton's Authentic Account of an Embassy from the King of Great Britain to the Emperor of China there is a plan of the city and harbour of Macao containing references to all the forts colleges convents and other public buildings and places of note and also the depth of water and nature of the ground in every part of the inner harbour as well as in the space between the peninsula and the northern entrance into the Typa taken from an accurate survey made by a gentleman long resident on the foot.
Excertos de The Cyclopaedia Or Universal Dictionary of Arts, Sciences and Literature, Volume 21 Por Abraham Rees, London, 1819.
Praia Grande em meados do século 19 (imagem não incluída no livro referido)

Tradução
Macau, cidade portuária da China, na província de Quang tong, situada na foz do Tigre, na entrada da baía de Cantão e construída numa península, ou melhor, numa pequena ilha, porque está separada da terra por um rio. Esta língua de terra está ligada ao resto da ilha apenas por um pequeno estreito de cerca de 100 metros de largura. Os portugueses obtiveram este porto do imperador Camhy como recompensa pela ajuda que deram aos chineses na destruição dos piratas que a partir das ilhas de Cantão infestaram os mares e assolaram todas a costa da China.
Alguns escritores admitem que esta cidade não tinha habitantes senão piratas quando os portugueses aqui se estabeleceram e que só lhes era permitido construir cabanas cobertas de palha. No entanto, toda a extensão do seu território delimitado por um muro não tem mais de oito milhas de circunferência. Nesta pequena localidade, os portugueses mantiveram durante muito tempo uma relação quase exclusivamente considerável com o império chinês e com outros países da Ásia, nomeadamente o Japão, Tonquin, Cochinchina e o Sião. Mas pelo luxo ocasionado pelo aumento da riqueza e pela opressão prejudicial dos chineses, o espírito empreendedor dos portugueses declinou e os habitantes de Macau tornaram-se enfraquecidos por um clima tropical.
O comércio com o Japão falhou, outros negócios tornaram-se precários e este outrora próspero assentamento está agora muito diminuído. As casas de Macau são construídas à moda europeia, mas são baixas e pouco vistosas. Aqui estão 13 igrejas e capelas e 50 padres para ministrar à devoção de quatro a cinco mil leigos. Dos dois templos pagãos de Macau pertencentes aos chineses, um está curiosamente situado entre um amontoado confuso de imensas massas de granito. Este templo é composto por três edifícios separados, um sobre o outro, cujo único acesso é por um lance de escadas sinuoso talhado na rocha sólida. (referência ao templo de A-Ma, na Barra)
A caverna de Camões situada numa colina da cidade foi construída provavelmente da mesma maneira que o templo descrito acima, reunindo um grande número de rochas. Esta gruta, uma tradição corrente na povoação, pertenceu a Camões, um poeta português que residiu bastante tempo em Macau e em cuja gruta se diz ter escrito o célebre poema Os Lusíadas. Toda a população de Macau, de acordo com La Perouse, talvez seja cerca de 20.000, dos quais 100 são portugueses de nascimento, 2.000 mestiços ou metade índios e metade portugueses (...). Os restantes são chineses, empregam-se no comércio e em diversos ofícios, pelos quais colocam os portugueses sob contribuição para a sua indústria. (...)
Esta cidade tem uma agradável na aparência pelas belas casas ocupadas pelos grandes comerciantes das diferentes companhias estrangeiras obrigadas a passar o inverno aqui e a sua concentração anima o lugar. (referência ao facto de o comércio em Cantão só estar disponível aos estrangeiros alguns meses do ano)

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