Por volta de 1867, num total de cerca de 50 mil habitantes na península, a povoação do Tanque do Mainato rondava os cerca de 500 chineses e pouco mais de 80 habitações.
Em 1869 de um total de 529 vias públicas, 14 estavam na zona da Penha e Tanque do Mainato.
Veja-se o que escreveu Bento da França em 1890:
"Para o lado oriental é a costa irregular entremeiada de bahias e de restingas salientes sendo banhada pelas aguas do mar da China; para a banda occidental correm as aguas do chamado porto interior, o qual consiste n'um pequeno canal que separa as ilhas da Lapa e Hian chan. De todas as bahias da parte oriental a maior e mais importante é a de D Maria II, a qual é limitada por um pequeno cabo encimado pelo forte do mesmo nome formando ao sul a bahia de Cacilhas á qual se segue uma costa assaz pedregosa e accidentada na direcção geral NE e na extensão de 2 400m até á restinga de S. Francisco onde novamente se abre a bahia da Praia Grande, separada das pequenas do Mainato e do Bispo, pelas restingas do Bom Parto. A partir da restinga do Tanque do Mainato ou de Santa Sancha continua a costa pedregosa e accidentada até voltar para o poente, tornear a fortaleza da Barra e seguir para o norte ao longo de todo o porto interior na direção da Ilha Verde."
Era pois uma zona bastante afastada da cidade cristã, essencialmente rural, conhecida pelas múltiplas chácaras (quintas) ali existentes.
Em 1895, por exemplo, o hotel Boa Vista estava no nº 1 da rua do Tanque do Mainato (竹仔室横街). Actualmente a rua chama-se Rua do Comendador Kou Ho Neng: começa na Calçada das Chácaras, ao lado da Estrada de Santa Sancha e da Calçada da Praia , e termina na Rua da Boa Vista , ao cimo da Calçada do Bom Parto.
Em termos toponímicos existiu como esta designação uma rua, um páteo, uma calçada e uma travessa.
O padre Manuel Teixeira escreve assim no livro "Os Militares em Macau":
"A muralha que, partindo d'esta fortaleza (leia-se da Barra), sobe a montanha na direcção sudoeste e vae acabar junto da ermida de N. S. da Penha de França, tem, sobre a porta chamada do Tanque do Mainato, a data de 1824, que deve ser de alguma obra que se fez."
O tanque ficava na encosta da Penha, alimentado pelas águas cristalinas que brotavam da colina.
Em 1897 num artigo da revista Occidente pode ler-se: "De todas estas povoações a mais insignificante é a do Tanque do Mainato , onde pouca industria e nenhum commercio ha."
Francisco de Carvalho e Rego refere-se assim aquela zona no início do século 20:
Ao dobrar a Fortaleza do Bom Parto, talhada no regaço do imponente Hotel Bela Vista, surgia o sinuoso caminho, que levava ao Tanque do Mainato, com a colina despida de casario, à excepção da velha e abandonada vivenda de Santa Sancha Em cima, a velha Ermida da Penha, cheia de unção religiosa e graça na sua simplicidade. Na última curva da ordenada beira-mar, via-se a “Fortaleza da Barra” e, mais adiante, em plano superior, a “Capitania dos Portos”, em estilo mourisco. (...)
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