January 13th.
We went about all day in palanquins, seeing the sights of Macao. Nearly all the streets bear clerical names: "Rua Padre Antonio", "Calçada de bon Jesus", "Travessa de San Agosto". Macao is a very pretty town. The houses are generally not more than one storey high, most of them painted blue, pink, or yellow, with green shutters, and terraces instead of roofs, all having overhanging balconies reaching out to one another in friendly wise across the narrow streets, which swarm with Chinamen, who, contrary to their fellow-countrymen in Canton, look very peaceful. One of the particular features of the streets of Macao is the abundance of Portuguese priests, wearing long black beards, and women enveloped from head to foot in black mantillas. The natives of Macao are not attractive-looking. They are a race of half-castes - Portuguese father and Chinese mother, resembling orang-outangs, with their prominent jaws.
Fun suggested that we should visit a silk manufactory, where about six-hundred Chinese women were employed. Their Superintendent, a fat Portuguese dame, with a cigarette between her lips, forbad our gentlemen to pass before the rows of workwomen. After showing us through a dozen rooms, Fun brought us into a large hall where numbers of Chinese coolies, in Adam-like dress except the rag-vine-leaf, were occupied in boiling silk cocoons.
We were carried from the manufactory to the frontier of Macao and China. Our porters clambered up the stony ladder-staircases bearing the name of streets, which are all two yards broad, veritable corridors paved with sharp stones, with grass growing between them. We passed through the Chinese quarters of the town, where all the fronts of the houses have recesses containing grotesque-looking idols with twisted legs, the gods of prosperity, before which incenses are burnt.
Here we are on the frontier called "Porta Portuguese" Chinese soldiers guard the boundary. After having set foot on Chinese ground, we were carried back to Macao by a winding staircase-like path, and passed before the grotto of Luis Camoens, the celebrated Portuguese poet of the sixteenth century, exiled in the year 1556 for his daring liberal ideas. The great poet, who had been shipwrecked in these inhospitable seas, gained the shore of this newly-founded Portuguese colony, and took refuge in a grotto situated in a chaotic assemblage of rocks, in the hollow of a dale, where a monument has been erected to his memory. The site is
desolate and wild, looking upon the Chinese Empire and the ocean, where there is no land before the icy polar regions. Camoens lamented here his life of exile, and glorified his country in verse. By the side of the monument, on a large stone, a book is sculptured in the rock, bearing the names of all the works of the great poet.
Before returning to the hotel, we went to a Chinese photographer to have our group taken in palanquins. Our carriers were quite amusingly afraid of the aparatus, it being against the teaching of their religion to have their pictures taken, especially together with white-faced men. They paused, undecided what to do, to fly or to remain, and the next moment they suddenly disappeared; look where we would, we could in no manner discover them, and had our group taken sitting in palanquins placed on the ground.
Macao is a sort of Monte Carlo of the East, where the principal industry is play. All the numerous gambling saloons are kept by Chinamen. After dinner Fun took us to one of these play-houses, where a risky game named "fantan" goes on. We sat over the gambling tables on the top of a gallery where the game is carried on also. Our gambling neighbours put their stakes into a basket which was dropped down into the hall by the means of a long cord. We saw a venerable white-bearded Chinese croupier take a handful of counters which he placed on the middle of the table and began to count them with a long rod. I also tried my fortune and lost a dollar. Things are done here very unceremoniously; our croupier feeling hot, undressed and remained almost without clothes!
I wanted very much to see opium-smokers, and Fun led us by a queer old back-street to a bamboo barrack where a score of half-naked Chinamen lay on the floor in different stages of intoxication produced by the effect of opium, with ghastly smiles, their faces expressing the ecstatic delight of extraordinary bliss; the "haschish" carrying them away into paradisaical dreams. Beside each smoker a small cocoa-oil lamp was burning, to light their long pipes saturated with opium. After two or three puffs, the smokers fell into ecstacies, and swoon away showing the white of the eyes and looking altogether horrible. The smoke in the room blinded me and my head swam from the nasty smell of the opium.
13 de Janeiro
Passamos o dia todo em palanquins, vendo os pontos turísticos de Macau. Quase todas as ruas têm nomes clericais: "Rua Padre Antonio", "Calçada de Bom Jesus", "Travessa de San Agosto". Macau é uma cidade muito bonita. As casas geralmente não têm mais de um piso, a maioria delas é pintado de azul, rosa ou amarelo, com venezianas verdes e terraços em vez de telhados, todos com varandas pendentes que se estendem entre si de forma amigável através das ruas estreitas, que fervilham de chineses que, ao contrário de seus compatriotas em Cantão, parecem muito pacíficos. Uma das particularidades das ruas de Macau é a abundância de padres portugueses, com longas barbas negras, e mulheres envolvidas da cabeça aos pés em mantilhas pretas. Os naturais de Macau não têm uma aparência atraente. Eles são uma raça de mestiços - pai português e mãe chinesa, parecidos com orangotangos, com mandíbulas proeminentes. Fun sugeriu que visitássemos uma fábrica de seda, onde trabalhavam cerca de seiscentas mulheres chinesas. A encarregada, uma senhora portuguesa gorda, com um cigarro entre os lábios, proibiu os homens de passarem frente às trabalhadoras. Depois de nos mostrar uma dúzia de divisões, Fun nos levou a um grande salão onde vários cules chineses, em trajes parecidos com os de Adão, excepto a folha de trepadeira, estavam ocupados em casulos de seda fervente.
Fomos transportados da fábrica para a fronteira com a China. Quem nos transportava fê-lo por escadas de pedra que levam o nome de ruas, todas com dois metros de largura, verdadeiros corredores pavimentados com pedras afiadas, com erva crescendo entre elas. Passamos pelos bairros chineses da cidade, onde todas as fachadas das casas têm reentrâncias contendo ídolos de aspecto grotesco com pernas retorcidas, os deuses da prosperidade, diante dos quais incensos são queimados.
Aqui estamos nós na fronteira chamada "Porta Portuguesa" (Porta do Cerco). Soldados chineses guardam a fronteira. Depois de pisar em solo chinês, fomos transportados de volta a Macau por um caminho sinuoso em forma de escada e passamos perante a gruta de Luís Camões, o célebre poeta português do século XVI, exilado no ano de 1556 pelas suas ousadas ideias liberais. O grande poeta, que naufragou nestes mares inóspitos, chegou às margens desta recém-fundada colónia portuguesa, e refugiou-se numa gruta situada num caótico aglomerado de rochas, na cavidade de um vale, onde está um monumento erguido em sua memória. O local é desolado e selvagem, olhando para o Império Chinês e o oceano, onde não há terra antes das regiões polares geladas. Camões lamentou aqui sua vida de exílio e glorificou o seu país em versos. Ao lado do monumento, sobre uma grande pedra, está esculpido um livro na rocha, com os nomes de todas as obras do grande poeta.
Antes de regressar ao hotel, fomos a um fotógrafo chinês para fazermos uma fotografia de grupo com os palanquins. Os nossos carregadores tinham medo do aparelho, sendo contra a sua religião tirar fotos, especialmente ao lado de homens brancos. Eles pararam, indecisos sobre o que fazer, sair ou permanecer, e de repente desapareceram; procurámos por todo o lado e nada pelo que nos sentámos no chão junto aos palanquins.
Macau é uma espécie de Monte Carlo do Oriente, onde o jogo é a principal indústria. Todos os numerosos salões de jogos são mantidos por chineses. Depois do jantar, Fun levou-nos a uma dessas casas, onde acontece um jogo arriscado chamado "fantan". Sentámo-nos numa mesa e ao nosso lado apostadores colocaram as suas apostas numa cesta que foi içada com recurso a uma longa corda. Vimos um venerável crupier chinês de barba branca pegar um punhado de contadores que colocou no meio da mesa e começou a contá-los com uma longa vara. Também tentei minha fortuna e perdi um dólar. Aqui é tudo informal; o crupier sentindo calor, despiu-se e ficou quase sem roupa!
Queria muito ver fumadores de ópio, e Fun conduziu-nos por uma estranha rua secundária até um barracão de bambu onde vinte chineses semi-nus jaziam no chão em diferentes estágios de intoxicação produzida pelo efeito do ópio, com sorrisos medonhos, seus rostos expressando o deleite extáctico de uma felicidade extraordinária; o "haxixe" levando-os para sonhos paradisíacos. Ao lado de cada fumador, uma pequena lamparina de óleo de cacau estava acesa, para acender seus longos cachimbos saturados de ópio. Depois de duas ou três inalações, os fumadores caíram em êxtase e desmaiaram, mostrando o branco dos olhos e parecendo totalmente horríveis. A fumaça na sala cegou-me e a minha cabeça girou com o cheiro nojento do ópio.
January 14th.
Today we visited the seminary of San Paulo, built by the Jesuits. When we entered the cathedral, a young Irish monk, in the brown habit of the Franciscan order, girded with a thick cord, came towards us, breviary in hand, clinking his sandals on the flag-stones. He took my husband and his companions to show them over the seminary; he said that ladies are not admitted within the walls of the seminary, and I had to remain in the cathedral with Maria Michaelovna. We went over the church and read all the inscriptions, after which we became a little bored and were pleased when our gentlemen came back, accompanied this time by the prior of the seminary, a grey-bearded Portuguese padre, round-faced and benevolent, who happened to be less Puritan than his young colleague, and invited me to come and drink a glass of Malaga in the refectory, but I refused point-blank this time.
We were back at the hotel just in time for the table d'hdte. After dinner we went to the pier, where we admired the phosphorescence of the sea, produced by the myriads of animalcules with which the ocean is infested at certain periods. The evening was fine and the air very mild.
When we passed before the Governor's abode, a sort of pavilion surrounded by a small garden named "Villa Flora" we seated ourselves on a broad stone parapet and listened to the band playing in the "patio" of the villa. How jolly it was to throw etiquette to the winds, and feel like simple mortals!
14 de Janeiro
Hoje visitámos o seminário de São Paulo, construído pelos Jesuítas. Quando entramos na catedral, um jovem monge irlandês, com o hábito marrom da ordem franciscana, cingido por uma corda grossa, veio em nossa direcção, breviário na mão, batendo as sandálias nas pedras. Levou o meu marido e seus companheiros para mostrar-lhes o seminário; segundo eles disse as senhoras não são admitidas dentro das paredes do seminário, e eu tive que permanecer na catedral com Maria Michaelovna. Fomos até a igreja e lemos todas as inscrições e já estávamos a ficar aborrecidas quando quando os nossos homens voltaram, desta vez acompanhados pelo prior do seminário, um padre português de barba grisalha, rosto redondo e benevolente, que por acaso era menos puritano do que seu jovem colega, e me convidou para ir beber um copo no refeitório, mas recusei à queima-roupa desta vez. Voltamos ao hotel bem a tempo do jantar. Depois da refeição fomos ao cais, onde pudemos admirar a fosforescência do mar, produzida pelas miríades de animais com que o oceano é infestado em determinados períodos. A noite estava boa e o ar muito ameno. Quando passamos diante da residência do Governador, uma espécie de pavilhão rodeado por um pequeno jardim chamado "Villa Flora", sentámo-nos num amplo parapeito de pedra e avistámos a banda que tocava no "pátio" da vila. Foi tão bom abdicarmos das regras de etiqueta e sentir-mo-nos como simples mortais!
January 15th.
This afternoon my husband called upon the Governor, who returned his visit an hour later; as to me, I exchanged visiting-cards with his wife.
Esta tarde o meu marido visitou o governador, que retribuiu a visita uma hora depois; quanto a mim, troquei cartões de visita com a esposa do governador.
January 16th.
This morning we left for Hong-Kong on the boat Scha. Our steamer tugged a barge loaded with cases of opium, for the sum of forty thousand Mexican dollars. The cargo will be transhipped afterwards on to another boat bound for the Sandwich Islands and San Francisco. Our steamer is escorted by a detachment of Portuguese soldiers. After three hours' sail we arrived at Hong-Kong."
Esta manhã partimos para Hong-Kong no barco Scha. O nosso navio puxou uma barcaça carregada de caixas de ópio, no valor de quarenta mil dólares mexicanos. A carga será posteriormente transbordada para outro barco com destino às Ilhas Sandwich e São Francisco. O nosso navio é escoltado por um destacamento de soldados portugueses. Após três horas de navegação, chegamos a Hong-Kong.
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