Brigue "Mondego" de S. M. F.* - Viagens de Macáo a Siam. de Siaõ a Singapore e de Singapore a Macáo.
De Janeiro a Maio, 1859.
(Por) Lúcio Albino Pereira Crespo, 2º Tenente da Armada.
O manuscrito abrange o período de 8/9 de Janeiro de 1859 a 13/14 Maio de 1859 e tem um total de 37 fólios com 19,5 x 12cm.
Trata-se do diário de bordo do brigue de guerra português «Mondego» que serviria para a edição posterior do livro "Relatório da Missão Extraordinária de Portugal a Siam". No jornal "Echo do Povo" este relatório também seria publicado.
De Janeiro a Maio, 1859.
(Por) Lúcio Albino Pereira Crespo, 2º Tenente da Armada.
O manuscrito abrange o período de 8/9 de Janeiro de 1859 a 13/14 Maio de 1859 e tem um total de 37 fólios com 19,5 x 12cm.
Trata-se do diário de bordo do brigue de guerra português «Mondego» que serviria para a edição posterior do livro "Relatório da Missão Extraordinária de Portugal a Siam". No jornal "Echo do Povo" este relatório também seria publicado.
Estamos perante, muito provavelmente, uma cópia do original do Livro de Bordo do navio (que tinham habitualmente dimensões muito maiores) feita na época, como forma de assinalar o fim da missão especial, ou Embaixada, enviada pelo Rei D. Pedro V ao Rei do Sião.
* Sua Majestade Fidelíssima
A missão começou em Macau...
"No dia 8 de Janeiro de 1859 pelo meio dia Sua Excelência o Conselheiro Isidoro Francisco Guimarães, Ministro Plenipotenciário de S. M. F. na China e Siam, partio de Macao com destino a Bangkok a bordo do brigue Mondego do commando do 1º Tenente da Armada José Severo Tavares, para cumprir a Missão de que S. M. o havia encarregado de, segundo os desejos manifestados por S. M. Magnifíca El-Rei de Siam, fazer um Tratado de Amizade, Commercio e Navegação entre Portugal e este paiz. Acompanhavam Sua Exª. o Ministro o 2.º Tenente de Armada José Maria da Fonseca, na qualidade de Secretario de Missão, e o Alferes do Exercito Francisco de Mello Baracho, como Addido.
No fim de seis dias de viagem com monção favoravel - na tarde de 14 de Janeiro - o brigue Mondego entrou nas agoas do golpho de Siam, e ao anoitecer do dia 20 fundiou no ancoradouro fora da barra de Bangkok entre vários navios mercantes de diversas nações, que alli se achavam ancorados."
As palavras são do governador de Macau, Isidoro Francisco Guimarães.
Refira-se que as relações entre Portugal e o Sião (actual Tailândia) remontam a 1511 sendo o primeiro tratado de comércio e amizade assinado em 1518. O tratado a que este post diz respeito seria assinado a 10 de Fevereiro de 1859.
Voltando ao manuscrito...
Trata-se de um documento histórico a todos os níveis, nomeadamente em termos de ciência náutica e dos dados sobre as relações entre os dois países incluindo o Relatório Oficial ao Reino de Sião para a conclusão do tratado de Amizade, Navegação e Comércio entre Portugal e o Sião. Em termos náuticos inclui dados sobre rumo, vento, latitude, longitude, variação de agulha, velocidade por hora, entre outros.
A viagem rumo ao Sião começou às 10 da manhã do dia 8 de Janeiro de 1859 sob comando do Primeiro Tenente da Armada, Severo Tavares. A bordo tinha de garantir a segurança da Carta Régia escrita pelo punho de Dom Pedro V e do seu representante, o Governador de Macau, Isidoro Francisco Guimarães.
O Mondego era um brigue de 20 peças de artilharia construído em 1844 no Arsenal da Marinha por Joaquim Jesuíno da Costa. Tinha sido custeado em 38.895.856 réis, e como brigue de tombadilho media 98 pés de comprimento sobre 28 pés de boca. A proa tinha 7 pés e meio contra os 8 pés a popa. O Mondego começou por estar em serviço na estação naval da costa ocidental de África para repressão do tráfico de escravos, depois em Timor para tratar dos limites da ilha com os holandeses e, a partir de 1855, na Estação Naval de Macau. Aqui tanto era usado para transportar o Governador de Macau a Hong Kong, como para combater piratas.
Brigue Mondego |
Considerada um sucesso, a "missão extraordinária" terminou a 15 de Maio de 1859 em Macau.
Excerto do diário de bordo:
"No dia 15 de Maio, tendo o pratico do rio a bordo, suspendemos e fizemos-nos de vela, demandandio a Fortaleza de S. Tiago da Barra de Macao, por onde passámos depois das 6 horas da manhã, com vento S.SSE regular - Seguimos pelo rio acima com o pano estuigado, e fundeámos defronte da Alfândega às 7 horas da manhã - fazendo-se a amarração a dois ferros - como de costume = Findando desta maneira a Commissão da Embaixada a Sião = e ficando-se preparando o navio, para outra igual Comissão para Pachely, e Japão. 1859/6/5."
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