A criação do convento de S. Francisco em Macau deve-se ao Frei Pedro de Alfaro (espanhol) em 1580. Daí que ainda hoje o Jardim de S. Francisco, ao lado, seja conhecido como jardim dos castelhanos. A igreja era conhecida como de Nossa Senhora dos Anjos (ou da Porciúncula). e tinha também seminário. Ao lado fica um pequeno forte com o mesmo nome.
Fr Pedro de Alfaro e seus companheiros foram bem recebidos dos nossos portuguezes em Macau (em 1579) ou por novidade a que nossa nação é mui propensa ou por devoção de que sempre seus moradores foram bem acreditados em que muito me pudera alargar nesta escriptura se não temera que por nascido no mesmo paiz poderei parecer suspeito e o quero deixar á fama e á experiencia.
O bispo D Belchior não falte quem o chame patriarcha os quizera ter por hospedes em sua casa os reverendos padres da Companhia com sua costumada caridade e muitos cidadões com devota e politica emulação os convidavam elles ou por não serem molestos que a hospedagem não tem de existencia para os applausos mais que tres dias ou por não faltarem a humildes exercicios escolheram o hospital dos leprosos a quem com caridade acudiam com humildade concertavam as camas e varriam a casa e assistiam ao serviço dos mais necessitados sem pejo de suas asquerosas e nojentas chagas grangearam com acção tão religiosa applausos e afeição que uns edificados afeiçoados outros e todos desejosos de lograr sua companhia e santa conversação lhes pediam edificassem convento para o que davam sitio e despesas que fr Pedro aceitou por ser mui conforme a seus intentos e se deu principio no anno de 1579 no mez de novembro sobre um pequeno montè na parte do oriente em respeito da cidade no começo de uma formosa praia cujas ondas de continuo ferem os muros que a cercam ficando o convento com a vista para o mar ao leste norte e meio dia e das muitas ilhas que por essas partes lançou a natureza e tambem do principal da cidade que fica ao occidente.
O bispo D Belchior não falte quem o chame patriarcha os quizera ter por hospedes em sua casa os reverendos padres da Companhia com sua costumada caridade e muitos cidadões com devota e politica emulação os convidavam elles ou por não serem molestos que a hospedagem não tem de existencia para os applausos mais que tres dias ou por não faltarem a humildes exercicios escolheram o hospital dos leprosos a quem com caridade acudiam com humildade concertavam as camas e varriam a casa e assistiam ao serviço dos mais necessitados sem pejo de suas asquerosas e nojentas chagas grangearam com acção tão religiosa applausos e afeição que uns edificados afeiçoados outros e todos desejosos de lograr sua companhia e santa conversação lhes pediam edificassem convento para o que davam sitio e despesas que fr Pedro aceitou por ser mui conforme a seus intentos e se deu principio no anno de 1579 no mez de novembro sobre um pequeno montè na parte do oriente em respeito da cidade no começo de uma formosa praia cujas ondas de continuo ferem os muros que a cercam ficando o convento com a vista para o mar ao leste norte e meio dia e das muitas ilhas que por essas partes lançou a natureza e tambem do principal da cidade que fica ao occidente.
O amor da pobreza foi o engenheiro d esta machina que em nada passou das calculações e linhas de sua geometria. O zelo das almas lhe acrescentou um seminario em que se criassem 20 meninos ou dos que convertessem do gentilismo ou dos já convertidos porque bem instruidos nos mysterios de nossa santa fé fossem prégadores dos seus naturaes que é certa grangearia a similhança ou identidade da natureza e propriedade da lingua.
Aqui prégaram com tanto zelo e fervor que inda os que ignoravam o idioma castelhano se moviam de suas acções a internos sentimentos particularmente fr João Baptista que com espirito imitado no nome gosava o dom deste ministerio seguindo as claras verdades do precursor. Faziam o divino oficio com solemnidade e devoção e tinham suas horas de oração com tão indispensavel exercicio como em convento de maior numero porque o espirito e não a quantidade notavel é quem faz a religião e sustenta a reformação e o tempo que lhes restava se consumia parte no ensino dos meninos parte na visita do hospital de que se não esqueciam obrigados do primeiro hospicio e grande tempo em aprender a lingua china com presupposto de tornar a Cantão alguns d elles." (...)
In Descripçao do Imperio da China, de Frei Jacinto de Deus*, Hong Kong, 1878.* Nasceu em Macau em 1612 e morreu em Goa em 1681
Nota: O convento seria demolido em 1861 para ali se construir um quartel que viria a ter o mesmo nome.
Sem comentários:
Enviar um comentário