"Relatorio da missão extraordinaria de Portugal a Siam de que foi encarregado Como Ministro Plenipotenciario de S.M.F. o Conselheiro Isidoro Francisco Guimaraes, Governador Geral de Macao, etc, etc, etc." é o titulo do documento da autoria de Isidoro Francisco Guimarães impresso em Macau pela Typographia de J. da Silva (localizada no nº 7 da rua Central em 1859.
Isidoro Francisco de Guimarães foi Governador de Macau entre 1851 e 1863, reportando-se este relatório à visita efectuada a Banguecoque entre 20 de Janeiro e 17 de Fevereiro de 1859.
A viagem começou em Macau a 8 de Janeiro e ao fim de seis dias, "como monção favorável", estavam na capital do reino do Sião (actual Tailândia)
O livro como cerca de 40 páginas descreve o encontro com o Praklang (Ministro dos Negócios Estrangeiros; a audiência concedida por Rama IV; descrição pormenorizada do cerimonial da corte siamesa na recepção de embaixadores e emissários estrangeiros; descrição do palácio e do gabinete do monarca siamês; discurso do embaixador de Portugal, proferido na audiência de 27 de Janeiro de 1859 com o rei do Sião; discurso de Rama IV na mesma cerimónia; texto integral do tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre os Reino de Portugal e Sião; Regulamento para os navios portugueses que vierem a Siam.
O regresso a Macau aconteceu a 17 de Fevereiro de 1859 a bordo do brigue Mondego. Passou por Singapura a 8 de Março, "sahindo dalli para hongkong no dia 18 a bordo do vapor inglez Carthage que chegou a Hongkong no dia 28".
Dali o governador seguiu no vapor "portuguez Fernandes que partia para Macao, e pelas 4 horas da tarde chegou à cidade do seu governo, onde foi recebido com as honras devidas à sua cathegoria".
O percurso da viagem está assinalado no mapa abaixo.
O brigue Mondego, de 20 peças, foi construído no Arsenal da Marinha pelo construtor Joaquim Jesuíno da Costa e lançado à água em 28 de Outubro de 1844. Em 1845, largou para Angola a fim de servir na Estação Naval da Costa Ocidental d'África para repressão do tráfico de escravos. Em 1849, partiu de Luanda para Lisboa. No ano seguinte, largou para Timor e conduziu Lopes de Lima o Presidente da Comissão encarregada de negociar os limites de Timor. Em 1851, parte da guarnição do brigue desembarcou (35 praças) por ordem de Lopes Lima, destacou, em serviço da Armada, a fim de animar a colonização portuguesa nestas ilhas; largou para Laga; deu fundo em Dalbutidana onde venceu numa luta renhida com piratas macassares. Mais tarde, o navio voltou a Dalbutiana incendiado a povoação. Em Maio de 1852, saíu a cruzar e deu fundo na Taipa. Em Julho de 1852 largou para Timor, conduziu o novo Governador Capitão D. Manuel de Saldanha da Gama. Em Setembro do mesmo ano, embarcou sob prisão, Lopes de Lima, devido as negociações com os holandeses terem sido conduzidas de modo que Portugal perdeu todas as ilhas situadas ao norte de Timor.
Desde 1855, passou a servir na Estação Naval de Macau. Em Outubro de 1856, largou para Hong-Kong com o Governador de Macau. Em Julho do ano seguinte, saiu em cruzeiro para a costa da China e, em Maio, visitou vários portos da China. Em Janeiro de 1859, largou para Sião e conduziu o Governador de Macau. Em Dezembro do mesmo ano, partiu de Macau com destino a Lisboa. Reparou em Singapura, tendo o construtor naval assegurado que o navio podia empreender sem receio a sua viagem para a Europa. Partiu em 20 de Dezembro desse ano. Durante a travessia o navio sofreu graves avarias conservando-se à tona com grandes dificuldades. Tendo avistado a galera americana "Uriel", de Boston, pediu socorro. Da galera prontificaram-se a recolher o pessoal, com extrema dificuldade, em consequência do grande mar. Durante a faina de salvamento, o Mondego afundou-se com os seus 40 tripulantes. O total de sobreviventes foi de 66 e o de falecidos 44. Os náufragos do Mondego chegaram a Lisboa em 26 de Abril de 1860.
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