No início da década de 1920 após o final da primeira guerra mundial e a implantação dos regimes republicanos em Portugal e na China no início da década anterior, a vida social e política nos dois países acalmou o suficiente para os dirigentes políticos pensarem em incrementar as relações económicas. De uma forma simples é este o contexto que introduzo post de hoje...
A 18 de Maio de 1928 foi inaugurada uma estrada entre Macau e a cidade chinesa de Seak Kei / Shekki, no distrito de Chung Shan/Zongshan, através da Porta do Cerco. O feito mereceu destaque na imprensa da época, e não foi somente em Macau.
O The straits Times de 21 de Março refere-se à obra poucos dias antes da inauguração que ocorreu ainda com a estrada por terminar. A infraestrutura ligava as duas cidades que distavam entre si cerca de 30 milhas uma distância que demorava entre 12 a 24 horas a ser percorrida. Com a nova estrada a ligação de carro passava a fazer-se em pouco mais de 2,5 horas.
Na inauguração estiveram presentes o governador de Hong Kong, sir Cecil Clementi, o governador de Macau, Artur Tamagnini Barbosa e altas individualidades chinesas.
Aspecto da estrada já do lado da China, perto da Porta do Cerco |
Logo em 1929 Jaime do Inso escreve sobre a importância desta obra para Macau.
"(...) de todas as medidas para ressurgimento ultimamente levadas a efeito, a mais importante e que servirá talvez para marcar como que uma nova era na vida de Macau, foi a abertura da estrada para Seac-Ki, cuja inauguração se efectuou em 18 de Março de 1928, com grande pompa e regozijo do povo chinês.
Há mais de trezentos anos que Macau vivia como que isolada da china por uma muralha na provisoria fronteira terrestre. Para além das Portas do Cerco, no istmo da península, ficava a «terra China», agreste e mal servida por uma estrada primitiva, estreito caminho lageado a serpentear por entre um vasto cemitério chinês, onde tudo éra mistério e, por vezes, perigo. Quando chegamos à colónia, vai para três anos, a nossa guarda de landins quasi que vivia num alerta constante! Do outro lado das portas do Cerco, a algumas dezenas de metros de distancia, os celebres «piquetes», em barracas sórdidas, cobravam impostos a seu belo prazer e de vez em quando, despertavam as sentinelas com tiros isolados. Hoje, tudo isso acabou; e, em lugar daquele aspecto de pé de guerra, vê-se uma magníficas estrada por onde se caminha livremente, e os nossos africanos, o maior trabalho que têm, é a contagem paciente das pessoas que entram e saem pelas celebres portas. (...)"
Há mais de trezentos anos que Macau vivia como que isolada da china por uma muralha na provisoria fronteira terrestre. Para além das Portas do Cerco, no istmo da península, ficava a «terra China», agreste e mal servida por uma estrada primitiva, estreito caminho lageado a serpentear por entre um vasto cemitério chinês, onde tudo éra mistério e, por vezes, perigo. Quando chegamos à colónia, vai para três anos, a nossa guarda de landins quasi que vivia num alerta constante! Do outro lado das portas do Cerco, a algumas dezenas de metros de distancia, os celebres «piquetes», em barracas sórdidas, cobravam impostos a seu belo prazer e de vez em quando, despertavam as sentinelas com tiros isolados. Hoje, tudo isso acabou; e, em lugar daquele aspecto de pé de guerra, vê-se uma magníficas estrada por onde se caminha livremente, e os nossos africanos, o maior trabalho que têm, é a contagem paciente das pessoas que entram e saem pelas celebres portas. (...)"
A cidade de Shekki na época da inauguração da estrada |
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