O fortim de S. Pedro numa fotografia do final do século 19
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Por Jules Itier em 1844 |
Ao lado um mapa de meados do século XIX (1838) - parte da baía da Praia Grande - onde ainda se pode ver assinalado o Opu da Praia Grande (demolido em 1849) - e permite dar uma ideia da localização do fortim de S. Pedro.
Na década de 1920/30 toda a aquela zona foi aterrada e o fortim desmantelado.
Na década de 1920/30 toda a aquela zona foi aterrada e o fortim desmantelado.
Em 1851, o governador Isidoro Francisco Guimarães, visconde da Praia Grande, mandou construir um palácio na avenida da Praia Grande, em frente do fortim de S. Pedro, para nele instalar o Palácio do Governo e diversos serviços.
Em 1884, a sede do governo passou para o palácio do visconde do Cercal, ficando no anterior palácio apenas os serviços públicos.
Em 1951, o Palácio das Repartições (demolido em 1946) foi substituído pelo novo Edifício das Repartições Públicas, que a partir da década de 1980 albergou o Tribunal de Macau.
Em 1884, a sede do governo passou para o palácio do visconde do Cercal, ficando no anterior palácio apenas os serviços públicos.
Em 1951, o Palácio das Repartições (demolido em 1946) foi substituído pelo novo Edifício das Repartições Públicas, que a partir da década de 1980 albergou o Tribunal de Macau.
Esboço de G. Chinnery com o fortim ao centro
O Fortim de S. Pedro pelas mãos do pintor George Chinnery
Sobre este assunto reproduzo um excerto de "História da Arquitectura em Macau", da autoria de Maria de Lourdes Rodrigues Costa.
A instalação defensiva mais antiga deve ter sido o (...) Forte do Patane (ou Palanchica), perto da Ermida de St.° António. A maior parte das fortificações foi construída a partir de 1622, por vezes em locais onde existiam já alguns baluartes que tinham constituído uma primeira linha de defesa. A cidade foi então cercada por uma muralha de taipa, que começava no Patane, onde existia uma porta em arco, chamada Porta de St.° António ou Porta de S. Paulo. Acompanhava a linha de costa do Porto Interior, para poente, dirigindo-se depois para a colina do Monte até à Fortaleza de S. Paulo, junto do seu bastião noroeste. A partir do bastião sudeste da mesma fortaleza, a muralha descia até ao Baluarte de S. João, junto do qual se encontrava a Porta do Campo ou Porta de S. Lázaro. Virava seguidamente em direcção ao Fortim de S. Jerónimo, terminando na Fortaleza de S. Francisco, na extremidade norte da baía da Praia Grande.
Outro troço de muralha, a sul da península, começava na Fortaleza do Bomparto, subindo a encosta poente da colina da Penha até ao Forte de Na. Sa. da Penha de França. Descendo a encosta nascente, terminava junto ao Porto Interior.
Com a experiência derivada das guerras noutras paragens, os portugueses aplicaram nas fortalezas que erigiram em Macau os mais modernos processos de construção da época: muralhas pouco elevadas, que não excediam cinco metros de altura, seguindo os contornos do terreno, com uma espessura de três a quatro metros terminando em degraus; plataformas, bastiões, casamatas, aterros avançados para defesa exterior. As muralhas eram feitas de taipa, com parapeitos de tijolos, os engenheiros militares portugueses, seus construtores, souberam adaptar os seus anteriores conhecimentos aos materiais e métodos de construção locais.
A Fortaleza de N.ḁ Sr.ḁ do Bomparto encontrava-se concluída em 1622, não se conhecendo ao certo a data da sua construção. Nesse local existira antes um eremitério dos Agostinhos. Os muros, de taipa e de pedra, assentavam nas rochas existentes na sua base e eram sustentados por fundações de granito que se elevavam a 1,20 m, em média, acima do nível dessas rochas. Destinada a dar fogo de cobertura ao Porto Exterior, servia simultaneamente de protecção ao acesso ao Porto Interior, defendendo a zona de transição entre ambos. Tinha inicialmente a forma de um quadrilátero irregular, modificada posteriormente com a sua ampliação. Dispunha de um depósito de munições e de alojamentos para a guarnição. Os parapeitos tinham oito aberturas para canhões e deles partia a muralha que ligava este forte ao da Penha, no cimo da colina a poente.
Outro dos fortes mais antigos, demolido, reconstruído e novamente demolido, foi o de N.ḁ Sr.ḁ da Penha de França. Dentro das suas muralhas foi construída uma ermida dedicada a N.ḁ Sr.ḁ, inaugurada em 29 de Abril de 1622. Situado no topo da colina da Penha era, no entanto, considerado fortificação costeira, tendo como principal objectivo a defesa contra ataques por mar. O seu poder de fogo alcançava grande parte do perímetro da península, pois os seis canhões da sua plataforma podiam disparar em arco por sobre a cidade.
Em 1617 começou a ser construída a maior e mais importante das fortalezas de Macau, a de St.ḁ Maria do Monte, sob projecto do padre Jerónimo Rho e de Francisco Lopes Carrasco, capitão de guerra. Situava-se junto à Igreja de S. Paulo, perto do colégio dos Jesuítas. A construção da fortaleza só viria a terminar em 1626, mas esta teve já um papel significativo aquando do ataque holandês de 1622. Situada no ponto de ligação das muralhas que, vindo do Porto Interior, a ligavam ao Baluarte de S. João e ao Fortim de S. Jerónimo, a sudeste, tinha poder de fogo que abrangia todo o litoral em redor da península, numa época em que o mar chegava ainda aos contrafortes das colinas. Era o eixo de defesa da cidade, contra uma possível ameaça da China e um eventual ataque por mar, dado que o alcance de tiro, em arco, cobria as costas nascente, poente e sul, para além de proteger qualquer operação em terra, ao longo das muralhas. A fortaleza tem a forma de quadrilátero, com bastiões nos cantos e dispunha de uma grande casa da guarda, armazéns de munições e uma torre de três andares com artilharia. Posteriormente foi ali edificada uma residência para o comandante do forte, um quartel para as suas tropas, reservatórios de água e uma escadaria de acesso ao portão existente na muralha sul voltado para o primitivo núcleo habitacional.
A instalação defensiva mais antiga deve ter sido o (...) Forte do Patane (ou Palanchica), perto da Ermida de St.° António. A maior parte das fortificações foi construída a partir de 1622, por vezes em locais onde existiam já alguns baluartes que tinham constituído uma primeira linha de defesa. A cidade foi então cercada por uma muralha de taipa, que começava no Patane, onde existia uma porta em arco, chamada Porta de St.° António ou Porta de S. Paulo. Acompanhava a linha de costa do Porto Interior, para poente, dirigindo-se depois para a colina do Monte até à Fortaleza de S. Paulo, junto do seu bastião noroeste. A partir do bastião sudeste da mesma fortaleza, a muralha descia até ao Baluarte de S. João, junto do qual se encontrava a Porta do Campo ou Porta de S. Lázaro. Virava seguidamente em direcção ao Fortim de S. Jerónimo, terminando na Fortaleza de S. Francisco, na extremidade norte da baía da Praia Grande.
Outro troço de muralha, a sul da península, começava na Fortaleza do Bomparto, subindo a encosta poente da colina da Penha até ao Forte de Na. Sa. da Penha de França. Descendo a encosta nascente, terminava junto ao Porto Interior.
Com a experiência derivada das guerras noutras paragens, os portugueses aplicaram nas fortalezas que erigiram em Macau os mais modernos processos de construção da época: muralhas pouco elevadas, que não excediam cinco metros de altura, seguindo os contornos do terreno, com uma espessura de três a quatro metros terminando em degraus; plataformas, bastiões, casamatas, aterros avançados para defesa exterior. As muralhas eram feitas de taipa, com parapeitos de tijolos, os engenheiros militares portugueses, seus construtores, souberam adaptar os seus anteriores conhecimentos aos materiais e métodos de construção locais.
A Fortaleza de N.ḁ Sr.ḁ do Bomparto encontrava-se concluída em 1622, não se conhecendo ao certo a data da sua construção. Nesse local existira antes um eremitério dos Agostinhos. Os muros, de taipa e de pedra, assentavam nas rochas existentes na sua base e eram sustentados por fundações de granito que se elevavam a 1,20 m, em média, acima do nível dessas rochas. Destinada a dar fogo de cobertura ao Porto Exterior, servia simultaneamente de protecção ao acesso ao Porto Interior, defendendo a zona de transição entre ambos. Tinha inicialmente a forma de um quadrilátero irregular, modificada posteriormente com a sua ampliação. Dispunha de um depósito de munições e de alojamentos para a guarnição. Os parapeitos tinham oito aberturas para canhões e deles partia a muralha que ligava este forte ao da Penha, no cimo da colina a poente.
Outro dos fortes mais antigos, demolido, reconstruído e novamente demolido, foi o de N.ḁ Sr.ḁ da Penha de França. Dentro das suas muralhas foi construída uma ermida dedicada a N.ḁ Sr.ḁ, inaugurada em 29 de Abril de 1622. Situado no topo da colina da Penha era, no entanto, considerado fortificação costeira, tendo como principal objectivo a defesa contra ataques por mar. O seu poder de fogo alcançava grande parte do perímetro da península, pois os seis canhões da sua plataforma podiam disparar em arco por sobre a cidade.
Em 1617 começou a ser construída a maior e mais importante das fortalezas de Macau, a de St.ḁ Maria do Monte, sob projecto do padre Jerónimo Rho e de Francisco Lopes Carrasco, capitão de guerra. Situava-se junto à Igreja de S. Paulo, perto do colégio dos Jesuítas. A construção da fortaleza só viria a terminar em 1626, mas esta teve já um papel significativo aquando do ataque holandês de 1622. Situada no ponto de ligação das muralhas que, vindo do Porto Interior, a ligavam ao Baluarte de S. João e ao Fortim de S. Jerónimo, a sudeste, tinha poder de fogo que abrangia todo o litoral em redor da península, numa época em que o mar chegava ainda aos contrafortes das colinas. Era o eixo de defesa da cidade, contra uma possível ameaça da China e um eventual ataque por mar, dado que o alcance de tiro, em arco, cobria as costas nascente, poente e sul, para além de proteger qualquer operação em terra, ao longo das muralhas. A fortaleza tem a forma de quadrilátero, com bastiões nos cantos e dispunha de uma grande casa da guarda, armazéns de munições e uma torre de três andares com artilharia. Posteriormente foi ali edificada uma residência para o comandante do forte, um quartel para as suas tropas, reservatórios de água e uma escadaria de acesso ao portão existente na muralha sul voltado para o primitivo núcleo habitacional.
Entre as fortificações construídas na época encontra-se o Fortim de S. Pedro, situado no que era então o ponto médio da baía da Praia Grande, onde hoje se encontra o monumento a Jorge Álvares. Construído depois de 1622, estava ligado à Fortaleza de N.ḁ Sr.ḁ do Bomparto e à de S. Francisco por uma muralha de pouca altura. A sua finalidade era a defesa da costa do Porto Exterior. Tinha, de princípio, planta triangular, mais tarde ampliada e reforçada. A sua construção era de alvenaria, com blocos de pedra de quatro a cinco toneladas. As muralhas em talude encontravam-se apoiadas em fundações de pedra ligadas às rochas existentes no local. (...)
O fortim na década 1900/1910
Agradecimento especial ao tenente-coronel Armando Cação e a Jon Doo
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