quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Canto e Castro: de guarda-marinha a Presidente da República

João do Canto e Castro da Silva Antunes Júnior (1862-1934) foi um oficial da Marinha e quinto Presidente da República Portuguesa, de 16 de Dezembro de 1918 a 5 de Outubro de 1919. Enquanto militar passou por Macau entre 1884 e 1887.
Numa edição de 1898 da publicação "Portugal em Africa: revista scientifica" (de onde é a ilustração) pode ler-se:
"Este heroe que preparou o caminho que guardou aberto o campo a tantos outros heroes João do Canto e Castro Silva Antunes nasceu em Lisboa a 19 de maio de 1862 sendo seus paes José Ricardo da Costa Silva Antunes e D Maria da Conceição do Canto e Castro Mascarenhas Valdez Em novembro de 1881 alistou se na companhia de guarda marinhas e tendo completado o respectivo curso foi promovido a guarda marinha em outubro de 1883 Seguiu em janeiro de 1884 para Macau onde fez a estação de tres annos que ora então o tempo requerido para a promoção a 2º tenente regressando em abril de 1887 e sendo promovido a este posto depois do competente exame pratico em julho. Enquanto esteve em Macau passando ali o transporte Africa com destino a Timor obteve licença para seguir n elle até esta longinqua possessão portugueza afim de colher mais conhecimentos n essa ilha e nos portos onde o navio tocava.(...)"
Filho de um general seguiu também a vida militar, mas na Armada, sendo esse um dos dois motivos que levaram o Presidente da República, Sidónio Pais, a convidá-lo para o cargo de secretário de Estado da Marinha (o mesmo que ministro), em Outubro de 1918, era, então, contra-almirante. Outro motivo prendeu-se com as suas convicções monárquicas - ainda que fosse considerado um moderado - que permitiriam, por um lado, combater a tradicional implantação republicana na Armada e por outro, ser bem aceite num Governo sidonista, numa época em que este se aproximava cada vez mais à direita e ultra-direita e se afastava do centro. Mas esteve por pouco tempo à frente da pasta da Marinha - apenas cerca de dois meses (9 de Outubro a 14 de Dezembro de 1918) - pois o assassinato de Sidónio Pais conduziu à queda do elenco governamental e à escolha de Canto e Castro para lhe suceder. Chegava assim à Presidência da República um monárquico que, pouco tempo antes, tinha sido convencido a muito custo a integrar um Governo republicano e a quem o desempenho do mais alto cargo da Nação embaraçava. A agitação política então vivida dificultou o exercício do cargo, marcado por revoltas militares, greves e quedas e eleições de vários governos.
Em 5 de Outubro de 1919 foi eleito um novo Presidente, António José de Almeida, permitindo a Canto e Castro retirar-se. Foi ainda governador de Lourenço Marques e de Moçâmedes na década de 90 do século XIX. Morreu em 1934.
In Biografias da Rede de História Contemporânea.

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