Pedro Manuel Pacheco Jorge Barreiros nasceu em Macau a 14 de Agosto de 1943. Descendente de uma ilustre família macaense - filho de Leopoldo Danilo Barreiros e Henriqueta Pacheco Jorge - licenciou-se na Faculdade de Medicina de Lisboa. Ainda jovem foi viver para Portugal.
Ingressou no quadro de Oficiais Médicos da Força Aérea Portuguesa em 1968. Como médico militar, fez uma comissão em Angola e foi cooperante técnico-militar em S. Tomé e Príncipe.
Em 1997 foi promovido a Major General Médico e Director de Saúde da Força Aérea em 1997.
Para além de médico foi ainda professor, dinamizador cultural, diigente associativo, escritor e pintor. Dizia que a arte da pintura surgiu em criança com um mestre chinês. Fez várias exposições não só em Macau como também em Portugal.
Outra das suas paixões era a escrita sendo um admirador e profundo conhecedor da obra de Venceslau de Moraes* e de Camilo Pessanha, personagens que também abordou na pintura.
Fez a primeira exposição individual no Porto, em 1974, estando representado em colecções particulares e oficiais, em Macau, Portugal, Angola, Brasil, Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe, Estados Unidos, França, Itália e Vaticano.
Tendo ido muito jovem para Portugal só regressou a Macau na década de 1990, um regresso que repetiu várias vezes e assinalado na mostra "Macau fui eu que nasci".
“Durante esses mais que quarenta anos vivi sempre em Macau, nessa cidade em que tinha nascido e que tinha, ao longo desses mesmos anos, construído dentro de mim e a que regressei em Outubro de 1990.
Quando desembarque do ‘hovercraft’ de Hong Kong senti-me, como se nunca tivesse saído de Macau, envolvido pelo calor húmido do Outono pelos cheiros, pelo ruído permanente com a musicalidade do falar cantonense.
Desde esse primeiro retorno, após os vinte e três anos que tinham passado, e nos que se seguiram, eu e a Graça vimos a metamorfose brusca que se deu em Macau cada vez que desembarcámos, sempre com uma emoção crescente.
Quadriculámos centenas de vezes a cidade horas a fio por dia, encontrando nos nossos passeios os sinais que sabíamos da nossa cidade construída e sonhada, pelas nossas recordações, leituras, conversas e imaginação.
Com um bloco de papel e uma caneta ou um lápis, parava de vez em quando para desenhar, fixando alguns ângulos como tinha por costume fazer em todas viagens que fiz.
Reproduzi inúmeras vezes as mesmas cenas, sobretudo em sítios em que me pudesse sentar ao ar livre a descansar um pouco dos quilómetros andados (o que cada vez, em Macau, se vai tornando cada vez mais difícil, mesmo a pé, sobretudo ao fim de semana e nas zonas mais centrais).
Essa série de blocos de desenho a preto e branco, tornaram-se, quando de regresso a Lisboa, os pontos de partida para os regressos de todos os dias a Macau.”
É autor do romance biográfico “Danilo no Teatro da Vida”, sobre o pai, Danilo Barreiros. Em parceria com a mulher, Graça Pacheco Jorge Barreiros, assinou a fotobiografia do avô “José Vicente Jorge - Macaense Ilustre”. Juntos assinaram ainda a autoria do guião do documentário “Macau, uma Paixão Oriental”, realizado por Francisco Manso. Foi também Pedro Barreiros que escreveu o capítulo introdutório de “Notas sobre a Arte Chinesa”, de José Vicente Jorge (primeira edição é de 1940).
Foi professor de Fisiologia da Escola de Serviço de Saúde Militar, assistente convidado da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, nas cadeiras de Patologia Médica e Clínica Médica, professor convidado da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, na cadeira da Iniciação à Clínica e regente da cadeira de Patologia Geral nos cursos de Saúde da Universidade Atlântica. Apresentou trabalhos científicos em congressos médicos realizados em vários países e publicou estudos e artigos em jornais e revistas de Medicina, Arte e Cultura.
* Foi comissário das comemorações de 150º Aniversário do Nascimento de Wenceslau de Moraes e fundador da Associação Wenceslau de Moraes.
Pessoalmente, só posso agradecer a paciência com que sempre me recebeu em sua casa, tal como a sua mulher, Graça Pacheco Jorge (uma autoridade em termos de gastronomia macaense), e nunca irei esquecer a forma apaixonada como falávamos de Macau, da sua história e do pai, Danilo Barreiros. Isto, claro está, para além da minha profunda admiração pelos seus quadros. Demorei até lhe pedir um para mim. Pequenino que fosse. Por vicissitudes várias nunca se concretizou mas sei que quando nos encontrarmos o fará. Pedro Barreiros morreu este sábado. Tinha 78 anos. Até sempre Pedro. E obrigado por tudo!
Com a sua partida perde Macau mais um ilustre macaense.
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