No sopé do Monte de S. Paulo (onde fica a Fortaleza do Monte) fica um dos dois templos de homenagem a Na Tcha, o da Calçada das Verdades, sendo mais antigo que o que existe junto às Ruínas de S. Paulo, edificado no final do século 19. Conhecido entre os chineses por Na Tcha Ché Hong, este data do ano de 1676.
Segundo Monsenhor Manuel Teixeira este templo/pagode é um “pequeno oratório, pois não há ali templo algum nem sequer uma capela, mas um alpendre. Descendo um lanço de oito degraus, achamo-nos num alpendre de madeira, sustentado de cada lado por três colunas de pedra. À direita, a mesa de sacrifício e um pequeno nicho do ídolo Ná-Ch´á, que mal se vê, pois é resguardado por um vidro em frente e coberto por telhas. É ele o protector do bairro. Segue-se uma sala, que esperávamos ser capela, mas é uma simples loja de venda de papéis e pivetes, tendo à direita da entrada o altar de Ná-Ch´á. Construído em 1850, foi reconstruído em 1876 e 1882.”
Numa publicação do Turismo de Macau fica-se a saber as origens do pagode:
Segundo a lenda, Na Tcha foi o terceiro filho do Rei Celestial Li Jing, dito, O do Pagode na Mão, que teve de arrancar toda a sua carne para a devolver à sua mãe e entregar os ossos que sobraram ao progenitor para poder salvar os pais e se redimir de ter morto o filho do Rei Dragão do Mar Oriental. O mentor de Na Tcha conseguiu trazê-lo de volta à vida arranjando-lhe um corpo feito de diferentes partes da flor de lótus. A partir daí, armado com o Anel do Céu e da Terra e deslocando-se nas Rodas do Vento e do Fogo, Na Tcha dedicou a sua vida a afastar maus espíritos e a submeter demónios.
Conta-se que a origem do templo de Na Tcha na Calçada das Verdades se deve à frequente aparição de Na Tcha no local disfarçado de comum mortal para brincar com as crianças do bairro e as abençoar. Assim, um dia uma pessoa avistou as Rodas de Vento e Fogo a elevarem-se nos ares e a partir daí acreditaram ser uma manifestação de Na Tcha e logo construíram um altar e a seguir o tal templo simples. Como Na Tcha tem o poder de afastar os espíritos malignos, é considerado uma divindade muito útil no combate às epidemias.
Durante a festa de Na Tcha, que se celebra todos os anos no 18º dia do 5º mês lunar, a efígie da deidade faz uma “ronda de inspecção” que parte do templo e percorre a Rua do Campo, a Avenida de Almeida Ribeiro, a Rua dos Mercadores e o Largo do Senado, locais onde têm lugar rituais de invocação de bênçãos. Esta procissão anual conta com a participação de centenas de populares e constitui um espectáculo fascinante que atrai uma numerosa plateia pelo caminho.
Na sua passagem por Macau Jaime do Inso também 'registou' as suas impressões do pagode: “No pequeno pagode de Na Ch´á-Miu, como que aberto no meio da rua em interessantíssima disposição, num dos recantos mais típicos da velha Macau, onde se venera o terceiro filho do primeiro imperador da China, tido por muitos milagroso, usa-se especialmente desfazer os maus intentos e pedir curas, obtendo-se remédios numa espécie de loja, sacristia ou habitação contígua que, com uma pequena imagem, uma virgem, parece alumiada em seu altar, com os amuletos, os pivetes, os papéis pintados...”
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