Em 1828 José de Aquino Guimarães e Freitas escreve
assim sobre Macau.
“As suas ruas são
estreitas, porém calçadas, e os canos que abrigam rapidamente engolem a água
das chuvas. A cidade é murada a norte e a sul. Daqui partem duas portas que
comunicam com o campo. Entre as portas eleva-se o Forte de S. Paulo do Monte, a
norte; a sul, existem dois fortes, entre eles o da Penha; três fortes defendem
a baía, em cuja entrada aparece o de S. Tiago; num alcantilado aparece o da
Nossa Senhora da Guia. Um extenso cais chamado Praia Grande oferece uma murada
deliciosa; a parte ocidental goza a vista do porto e a de uma ilha dada outrora
aos jesuítas (…)”.
Rua de S. Lourenço por G. Chinnery |
Excerto de uma carta do procurador dacidade de Macau, Pedro Feliciano de Oliveira Figueiredo, escrita em 15 de Maio de 1829,
e dirigida ao mandarim da Casa Branca:
“A cidade tem menos população e as casas em menor número. Tendo permitido os imperadores habitarem nela os portugueses, desde as Portas do Cerco até à Barra, os portugueses apenas habitam uma pequena parte, tendo livre as praias para desembarcarem e concentrarem os seus navios e alguns baldios para as suas hortas, mas de há vinte anos para cá a população chinesa, que era de 800 almas, cresceu para 40 000; das hortas e nos campos alugados aos chineses fizeram as suas várzeas, os baldios tomaram-nos os chinas para as suas boticas e até muitas casas de portugueses tomaram os chinas de aluguer e ficarem com elas sem pagarem os alugueres (tais são as de S. Agostinho, R. de S. Paulo, Gregório Abreu e Praia Pequena), que os chineses tomaram todas, edificando muitas barracas até no lugar em que era rua. Assim vão continuando pela Barra e pelo Patane, onde antigamente havia casas de portugueses, e estes reduzidos à Praia Grande e às casas do centro da cidade, reedificando-se quando estão velhas, não tomam terrenos, nem as suas igrejas. O bazar, que era fora da cidade, acha-se agora dentro dela e também a multidão de casas chinesas, não se podendo distinguir as dos homens bons das dos maus (...)”.
“A cidade tem menos população e as casas em menor número. Tendo permitido os imperadores habitarem nela os portugueses, desde as Portas do Cerco até à Barra, os portugueses apenas habitam uma pequena parte, tendo livre as praias para desembarcarem e concentrarem os seus navios e alguns baldios para as suas hortas, mas de há vinte anos para cá a população chinesa, que era de 800 almas, cresceu para 40 000; das hortas e nos campos alugados aos chineses fizeram as suas várzeas, os baldios tomaram-nos os chinas para as suas boticas e até muitas casas de portugueses tomaram os chinas de aluguer e ficarem com elas sem pagarem os alugueres (tais são as de S. Agostinho, R. de S. Paulo, Gregório Abreu e Praia Pequena), que os chineses tomaram todas, edificando muitas barracas até no lugar em que era rua. Assim vão continuando pela Barra e pelo Patane, onde antigamente havia casas de portugueses, e estes reduzidos à Praia Grande e às casas do centro da cidade, reedificando-se quando estão velhas, não tomam terrenos, nem as suas igrejas. O bazar, que era fora da cidade, acha-se agora dentro dela e também a multidão de casas chinesas, não se podendo distinguir as dos homens bons das dos maus (...)”.
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