terça-feira, 21 de abril de 2015

Ilustração Portuguesa: 21 Abril 1923

"Macau deslumbra o visitante, pela actividade fabril e comercial dos seus oitenta mil habitantes da raça chineza, pela elegancia e riqueza das construções, pela limpeza e boa conservação do pavimento das ruas, pelo cuidado com que são tratados os seus jardins, pelas belas perspectivas que os acidentes do terreno oferecem e, finalmente, pelas grandiosas obras do porto de navegação oceanica, ha pouco iniciadas por uma companhia holandeza. (...)"
"Para os chinezes multi-milionarios é lugar de repouso, gozo e segurança nos seus palacios encantadores. Para o viajante é a cidade rica de prazeres, o clima suave, a estancia pitoresca, onde os dias passam velozes, sem que os seus olhos se fatiguem de vêr."


Macau que já figurara por diversas vezes nas páginas desta revista (antes com a grafia Illustração Portugueza), tem honras de capa no nº 891, a edição de 21 de Abril de 1923. O artigo intitula-se "Macau, A cidade mais pitoresca do nosso domínio ultramarino".
O artigo e as fotografias (ca. 20) são da autoria de M. Antunes Amor, funcionário público em Macau e que entretanto regressara a Portugal. É também dele a autoria de um pequeno filme sobre o território e que foi exibido em Portugal. É ainda autor de um artigo intitulado "Macau Pitoresco" publicado no "Estado da Índia" Ano II, n.º 47 (9 de Abril de 1925). Voltando à edição da IP de 21 de Abril de 1923... Neste registo fotográfico singular de Macau na década de 1920 podemos ver: o Palácio do Governo, a zona do bazar, o Leal Senado, antes das obras de 1939 e o relógio público que existia no largo; a avenida Almeida Ribeiro (San Ma Lou), com a “garage Macau” e o cinematógrafo Vitoria; uma loja de chá, um vapor (Sui An) a chegar ao Porto Interior, o jogo, etc...
Em Macau Antunes Amor foi superintendente das Escolas Municipais (a cargo do Leal Senado) tendo implementado diversos conceitos pedagógicos inovadores para a época, inclusive ao nível das condições das instalações: limites mínimos de cubagem de ar na sala por aluno, iluminação que deveriam os alunos receber do lado esquerdo, a forma de pegar no lápis ou na caneta, postura correcta nas carteiras, etc. Só não conseguiu que o recreio passasse a ser de hora a hora...

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