Este café-restaurante ficava no nº 1M da Av. Almeida Ribeiro (San Ma Lou) frente aos Correios. Ao lado ficava a Tabaqueria Filipina, o cinema Apollo, o salão de bilhar Tai Chong e uma loja de tecidos. Era o espaço de eleição dos macaenses (e alguns portugueses, em especial os militares) entre as décadas de 1940 e 1970 (encerrou em 1973). Quando ainda não havia televisão era ali que se ouvia música (no rádio e na jukebox), sendo muito apreciado pelos pares de jovens namorados.
Antes do Ruby, o ponto de encontro dos militares era o Café Cecília, propriedade da família Quevedo da Silva. Lá comia-se um bom bife com batatas fritas e tomava-se um bom vinho tinto. Na época, os jovens macaenses também frequentavam o Café Imperial. Na oferta de "comida europeia" na década de 1960 havia ainda o restaurante Belo, Fat Siu Lau Solmar, Jimmy's Kitchen, Fong Yun e Waltzig Matilda.
O nome em chinês do Ruby era 紅 (hóng) 寶 (bão) 石 (shi); em cantonense hung, bou, sek. Havia um restaurante com o mesmo nome em Kowloon (Hong Kong).
Antes do Ruby, o ponto de encontro dos militares era o Café Cecília, propriedade da família Quevedo da Silva. Lá comia-se um bom bife com batatas fritas e tomava-se um bom vinho tinto. Na época, os jovens macaenses também frequentavam o Café Imperial. Na oferta de "comida europeia" na década de 1960 havia ainda o restaurante Belo, Fat Siu Lau Solmar, Jimmy's Kitchen, Fong Yun e Waltzig Matilda.
O nome em chinês do Ruby era 紅 (hóng) 寶 (bão) 石 (shi); em cantonense hung, bou, sek. Havia um restaurante com o mesmo nome em Kowloon (Hong Kong).
Memórias de um cliente assíduo, Jorge Robarts:
"Na década dos anos 50 existia em Macau na Ave. Almeida Ribeiro, o Ruby que era muito popular especialmente para a população portuguesa daquela cidade. O Café, chamemos assim este estabelecimento, ficava em frente à parte lateral dos CTT e tinha à sua esquerda um casarão de 3 pisos que pertenceu a um milionário chinês que fazia esquina com a rua Central onde estava sediado o comisssariado da PSP, e à sua direita uma loja de sedas, curiosamente não chinesas, mas paquistanesas, além de tapetes e artigos oriundos do Paquistão do sr. Ajhi e logo a seguir a Tabacaria Filipinas onde se vendiam charutos, cigarrilhas, isqueiros etc. e, por fim o teatro Apolo lugar onde tanta gente passou boas horas assistindo cinemas. Terminava aqui o quarteirão onde se inseria o Café Ruby.
Pois é deste Café que temos recordações inolvidáveis desse tempo, pois era aí o lugar onde a rapaziada se reunia quase diariamente, para passarem o tempo em conversa, muitas vezes sem qualquer objectivo, somente para matar o tempo, já que não havia nesse tempo, canais de televisão, e só havia a Rádio Clube de Macau, que só funcionava a partir das 20 horas até meia noite. Se a gente quisesse ouvir mais música ou os famosos "request", tínhamos que ligar para a rádio de Hong Kong, isto nos dias de bom tempo, porque o contrário quase que não se escutava aquela estação.
Aos fins de semana o Ruby enchia-se de malta, muitos com as suas namoradas, que depois de um cinema, passavam por lá para tomarem uma xícara de Ovaltine, ou de chá com limão com uns bolinhos para acompanhar. A partir das 19 horas o Ruby começava a ficar com poucas pessoas, já que a maioria regressava à casa para jantar e só os solteiros e na maioria militares em comissão de serviço em Macau, ficavam também para jantar. E foi assim que durou, durante muitos anos, eu penso que o Café esteve aberto até fins dos anos 70, quando já se vislumbrava as grandes mudanças na cidade
Eu próprio era assíduo frequentador do Ruby, primeiro namorando a minha primeira mulher Maria Fernanda de Senna Fernandes e mais tarde já casado, o hábito continuou a mandar na minha vontade e daí continuei a frequentar aquele estabelecimento comercial. Nos anos 60 após os graves incidentes da revolução cultural com início no dia 3 de Dezembro de 66, a grande reviravolta deu-se em Macau. Muitos dos velhos residentes deixaram a terra, outros pediram transferência e alguns até morreram de susto ou de desgosto e a viragem começou aí. Macau viveu a partir dessa data, uns maus anos de marasmo, tristeza e bastante humilhação e o governo português tudo fez para aguentar o leme da terra. Mas o mal estava feito e as coisas nunca mais foram iguais... a decadência do Ruby e de tantos outros estabelecimentos comerciais, foi irreversível até que surgiu o 25 de Abril de 74, a Revolução dos Cravos em Portugal.
Pois é deste Café que temos recordações inolvidáveis desse tempo, pois era aí o lugar onde a rapaziada se reunia quase diariamente, para passarem o tempo em conversa, muitas vezes sem qualquer objectivo, somente para matar o tempo, já que não havia nesse tempo, canais de televisão, e só havia a Rádio Clube de Macau, que só funcionava a partir das 20 horas até meia noite. Se a gente quisesse ouvir mais música ou os famosos "request", tínhamos que ligar para a rádio de Hong Kong, isto nos dias de bom tempo, porque o contrário quase que não se escutava aquela estação.
Aos fins de semana o Ruby enchia-se de malta, muitos com as suas namoradas, que depois de um cinema, passavam por lá para tomarem uma xícara de Ovaltine, ou de chá com limão com uns bolinhos para acompanhar. A partir das 19 horas o Ruby começava a ficar com poucas pessoas, já que a maioria regressava à casa para jantar e só os solteiros e na maioria militares em comissão de serviço em Macau, ficavam também para jantar. E foi assim que durou, durante muitos anos, eu penso que o Café esteve aberto até fins dos anos 70, quando já se vislumbrava as grandes mudanças na cidade
Eu próprio era assíduo frequentador do Ruby, primeiro namorando a minha primeira mulher Maria Fernanda de Senna Fernandes e mais tarde já casado, o hábito continuou a mandar na minha vontade e daí continuei a frequentar aquele estabelecimento comercial. Nos anos 60 após os graves incidentes da revolução cultural com início no dia 3 de Dezembro de 66, a grande reviravolta deu-se em Macau. Muitos dos velhos residentes deixaram a terra, outros pediram transferência e alguns até morreram de susto ou de desgosto e a viragem começou aí. Macau viveu a partir dessa data, uns maus anos de marasmo, tristeza e bastante humilhação e o governo português tudo fez para aguentar o leme da terra. Mas o mal estava feito e as coisas nunca mais foram iguais... a decadência do Ruby e de tantos outros estabelecimentos comerciais, foi irreversível até que surgiu o 25 de Abril de 74, a Revolução dos Cravos em Portugal.
Macau de passo a passo começou a reconstruir o que em poucos anos destruíram com a Revolução Cultural na China. Mas o Ruby já estava moribundo e em fins dos anos 70 fechou de vez, deixando apenas na memória daqueles que o frequentaram nos "anos de ouro". E foi esta a história de um Café muito popular e famoso, antes de nascer o restaurante Solmar na rua da Praia Grande, que seria então frequentado pelos macaenses e portugueses que trabalhavam em Macau. Mas o "sabor" era outro, nada era igual ao Ruby, os tempos eram outros e os preços também. Eu escrevi esta crónica de memória e se houver alguma falha peço para me corrigirem, se acharem que vale a pena."
Bom para ir com a namorada ou para arranjar namorada!
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