No primeiro de Abril de 1829, D. Manuel de Portugal e Castro oficia de Goa
para o Leal Senado da Câmara da Cidade do Nome de Deus de Macau para que esta
instituição “mandasse fazer nesta Cidade as demonstrações de alegria pela feliz
chegada do Sereníssimo Senhor Infante D. Miguel à Côrte de Lisboa”, e
“ordenando-lhe que tenham lugar todas aquelas demonstrações de regozijo público,
que em tão grandes e faustas ocorrências se costumam fazer, cumprindo que os
habitantes destes Estados se persuadam que um dos principais desvelos às
solicitudes do dito Sereníssimo Senhor Infante Regente em nome d’El-Rei, a bem
da Monarquia Portuguesa serão sempre os interesses e prosperidades dos mesmos
Estados, em que já se tem começado de entender”.
No “Boletim do Governo da Província de Macau, Timor e Solor”, publicado no dia
24 de Setembro de 1846, é registado o propósito de ser criado um novo jornal “A
Voz dos Macaístas”, nestes precisos termos:
“Tendo eu achado a permissão do Governo, para dar uma Folha semanal, que será intitulada – A Voz dos Macaístas – faço por esta constar a vós Macaístas. Macaístas! Faço por esta circular, saber-vos, em como me acho já estabelecido em Hong-kong, e pronto a dar publicação de um Periódico intitulado – A Voz dos Macaístas – no qual serão francas as colunas para todos e quais quer correspondências; advertindo aos meus concidadãos, que se eu abandonei a minha Pátria, foi por que me negaram a permissão de publicar o meu Periódico, talvez com receio de que nele se falasse verdades a eles pesadas ; mas o triste e lamentável estado a que se vê agora reduzido Macau, foram estes motivos suficientes, que me obrigou a largar a minha Pátria, e expor a todos os perigos, vindo estabelecer em um país estrangeiro, por que na Pátria é negado a liberdade de Imprensa: por tanto reanimai-vos Macaístas! é já tempo de fazer soar ao longe os vossos justos clamores! eu vos ofereço as minhas colunas, aproveitai-vos delas ! só vos peço que me coadjuveis com as vossas assinaturas ao meu Periódico, assegurando-vos que o meu intento é só de suplantar intrigas, desmascarar os perversos , abater os vícios e fazer triunfar os inocentes oprimidos! Hei Macaenses, ajudai-me nesta árdua e dificultosa tarefa! coadjuvai-me para que as justas queixas dos inocentes que possam por este meio chegar até aos augustos pés da nossa benigna Raínha, que nunca deixou de prestar ouvidos compassivos aos infelizes Macaístas! e clamai livremente. Não deveis temer! Macau! Quem te diria que havias de te ver reduzido num tão lamentável estado! Chorai Macaístas! Chorai! a desgraça da vossa Pátria. Ele sairá a luz no primeiro de Outubro próximo vindouro, por ano $8 , por 6 meses $5. As correspondências devem vir acompanhadas de um bilhete do seu autor para meu consto. Todo o pagamento deve ser adiantado.
Hongkong, Victoria, 18 de Setembro de 1846. M.M.D. Pegado”. Mercê de circunstâncias várias e de uma conjuntura política hostil, este projecto jornalístico não chegou a arrancar. Manuel Maria Dias Pegado esteve ligado a várias iniciativas editoriais e jornalísticas.
“Tendo eu achado a permissão do Governo, para dar uma Folha semanal, que será intitulada – A Voz dos Macaístas – faço por esta constar a vós Macaístas. Macaístas! Faço por esta circular, saber-vos, em como me acho já estabelecido em Hong-kong, e pronto a dar publicação de um Periódico intitulado – A Voz dos Macaístas – no qual serão francas as colunas para todos e quais quer correspondências; advertindo aos meus concidadãos, que se eu abandonei a minha Pátria, foi por que me negaram a permissão de publicar o meu Periódico, talvez com receio de que nele se falasse verdades a eles pesadas ; mas o triste e lamentável estado a que se vê agora reduzido Macau, foram estes motivos suficientes, que me obrigou a largar a minha Pátria, e expor a todos os perigos, vindo estabelecer em um país estrangeiro, por que na Pátria é negado a liberdade de Imprensa: por tanto reanimai-vos Macaístas! é já tempo de fazer soar ao longe os vossos justos clamores! eu vos ofereço as minhas colunas, aproveitai-vos delas ! só vos peço que me coadjuveis com as vossas assinaturas ao meu Periódico, assegurando-vos que o meu intento é só de suplantar intrigas, desmascarar os perversos , abater os vícios e fazer triunfar os inocentes oprimidos! Hei Macaenses, ajudai-me nesta árdua e dificultosa tarefa! coadjuvai-me para que as justas queixas dos inocentes que possam por este meio chegar até aos augustos pés da nossa benigna Raínha, que nunca deixou de prestar ouvidos compassivos aos infelizes Macaístas! e clamai livremente. Não deveis temer! Macau! Quem te diria que havias de te ver reduzido num tão lamentável estado! Chorai Macaístas! Chorai! a desgraça da vossa Pátria. Ele sairá a luz no primeiro de Outubro próximo vindouro, por ano $8 , por 6 meses $5. As correspondências devem vir acompanhadas de um bilhete do seu autor para meu consto. Todo o pagamento deve ser adiantado.
Hongkong, Victoria, 18 de Setembro de 1846. M.M.D. Pegado”. Mercê de circunstâncias várias e de uma conjuntura política hostil, este projecto jornalístico não chegou a arrancar. Manuel Maria Dias Pegado esteve ligado a várias iniciativas editoriais e jornalísticas.
Em Novembro de 1859 entraram no porto de Macau os seguintes navios : “Drie
Gebroiders”, de Vampú ; “Hap Shan”, de Henan ; “Edward et Julie”, de Hongkong ;
“Twee Jeannes”, de Vampú ; “Júpiter”, de Vampú ; “Georges & Henry”, de
Ningpo ; “Coliegni”, de Hongkong ; “Homer”, de Pedra Branca ; “Duke of
Wellington”, de Vampú ; “Scotland”, de Vampú ; “Flying Eagle”, de Hongkong ;
“Armonian”, de Vampú ; “Diana”, de Vampú ; “Rajah of Sarawak”, de Aung Rong ;
“Fmena Brons”, de Macassar ; “Kate Hooper”, de Melbourne ; “Stª. Lucia”, de
Manila ; “Hannover”, de Vampú ; “Goldfinger”, de Xangai ; “Solidad”, de
Hongkong.
Camilo Castelo Branco publicou a novela “O Senhor do Paço de Ninães” no
(extinto) jornal ‘Comércio do Porto’, sob a forma de folhetins, de Setembro a
Novembro de 1867. Um dos protagonistas é despachado para Macau. Sigamos um pouco
a prodigiosa imaginação criadora de Camilo : “Andava nas ilhas Filipinas um
homem, envolto num hábito sem distinção de ordem religiosa, túnica preta de
capelo, sandálias, barbas e cabelos intonsos. (…) Das ilhas Filipinas atravessou
longos mares e quedou-se em Macau. Aí topou, em 1618, um frade dominicano que o
conheceu e lhe chamou Rui Gomes. Era frei Diogo das Póvoas. Este e outros
estavam ali aparelhando-se para a missão da China. Era como certa a morte lá
dentro. Aquela investidura apostólica era dada com o adeus eterno dos que
ficavam aos que partiam. Os sequiosos de Deus, os que se apressavam em vê-lo,
pediam a missão da China e desde o primeiro passo começavam a contar os últimos
de sua vida”.
O chefe do serviço de saúde, dr. Lúcio Augusto da Silva, apresentou este
relatório sintético sobre o estado sanitário de Macau, em Dezembro de 1869 : “o
tempo na primeira década do mês apresentou-se encoberto, mais ou menos enevoado
e húmido, havendo chuva miúda e algum frio. Na segunda parte da terceira década
foi quase sempre descoberto, seco e às vezes quente, tornando a modificar-se um
pouco e a manifestar as primeiras condições nos últimos dias do mês. As doenças
predominantes foram os reumatismos, as bronquites e as febres intermitentes
quotidianas. Alguns casos houve de diarreias e visceralgias, e poucos de
disenteria. O estado sanitário da cidade foi bastante satisfatório”.
Pela Portaria Nº 15, de 16 de Fevereiro de 1871, o Governador António Sérgio
de Sousa nomeia um Professor : “Tendo o reitor do Seminário de S. José de Macau
representado a urgência de prover interinamente a cedeira de ensino primário
anexa aquele estabelecimento, pelo mau estado de saúde e avançada idade do
professor que a rege Joaquim Gil da Costa Pereira, e conformando-me com a
proposta do mesmo reitor ; hei por conveniente usando da autorização que me
concede o artigo 18º do decreto de 30 de novembro de 1869 nomear a Carlos José
Caldeira júnior para exercer interinamente o lugar de professor de instrução
primária na escola anexa ao referido seminário”.
Os estatutos da “Associação Promotora da Instrução dos Macaenses” foram
promulgados pelo Governador António Sérgio de Sousa, no dia 29 de Setembro de
1871. O artigo 2º dizia o seguinte : “O fim da associação é fundar e manter, sob
a denominação de ‘colégio comercial’, uma casa de educação e de instrução que
ofereça garantias de estabilidade e satisfaça as aspirações dos macaenses”.
Aos nove de Janeiro de 1870 teve lugar uma sessão solene para a entrega dos
Prémios às alunas do Colégio da Imaculada Conceição que se distinguiram nas
diversas disciplinas (Literatura Portuguesa; Língua Francesa; Língua Inglesa;
Cosmografia; Geografia; Caligrafia; História Sagrada; Aritmética; Catecismo; Trabalhos de Agulha; Arranjo e Ordem; Bom Comportamento). Os Prémios
“consistem em dez medalhas de ouro, do valor de 80 fr. cada uma, presenteadas
pelo ilustre benfeitor do colégio, Sr. Albino Silveira, (quem especialmente
promoveu a educação do sexo feminino em Macau); em outra medalha também de ouro
de 35 fr.; em 12 medalhas de prata dourada; em 20 de prata de diferentes
grandezas ; em um estojo de costura de muito valor e em uma pequena carteira com
suas pertenças ; em várias cruzes de ouro com suas correntes douradas ; e
finalmente em muitos livros de piedade, de literatura e de música. Antes da
distribuição e nos intervalos haverá algumas poesias recitadas e cantadas e
vários motivos tocados ao piano”. Só por manifesta falta de espaço é que não se
publica o nome das alunas premiadas.
Por António Aresta. Publicado no JTM de 20.06.2014
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