quinta-feira, 14 de março de 2024

"Macau - Património do Passado, do Presente e Para o Futuro"

"Macau - Património do Passado, do Presente e Para o Futuro" da autoria de Jorge Cavalheiro com fotografias de Joan Doat. Edição Quadrilingue em Português/Chinês/Inglês e Francês. Edição do Governo de Macau. 202 páginas
Embalados pelas ondas do Delta do Rio das Pérolas, com mais leito por onde correr para os mares do Sul da China, os chineses ergueram há mais de cinco séculos o Templo de A-Má. É a pedra de toque do percurso que em Julho de 2005 a UNESCO elevou a Património Cultural da Humanidade. Ali, onde um dia os portugueses, segundo a tradição, a salvo de uma tempestade, encontraram o nome para esta terra abençoada, começa a história da cidade antiga. Num longo passeio pelas memórias, o historiador Jorge Cavalheiro lembra o passado que não volta e um presente que Macau deu ao mundo: a sua multiculturalidade.
O Sol monta a brasa na calçada portuguesa que banha o Templo de A-Má. Jorge Cavalheiro lança o olhar sobre o monumento que parece ter brotado dos rochedos da encosta da Colina da Barra. Agrada-lhe a harmonia entre a obra humana e a Natureza. No pequeno lanço de degraus do templo entram e saem os passos apressados dos turistas. Muitos turistas chineses, que em Macau espreitam do buraco da fechadura o mundo ocidental, ainda hoje pedem sorte e saúde à deusa A-Má. O historiador português, que há muitos anos fez desta região sua morada, acredita que ali estão “os inícios de Macau”.
Durante vários séculos, pescadores festejaram as alegrias e carpiram desaires da faina do mar naquele espaço sagrado. “Aqui passavam as mulheres e os homens com os seus chapéus de bambu de abas muito largas. Vestidas com calças pretas e uma espécie de cabaias, elas andavam descalças e com as crianças num suporte às costas. Mais do que simplesmente turistas, eram verdadeiros crentes”.
Era ali, junto ao templo, que os juncos dormitavam depois de horas a fio na pesca. Professor na Universidade de Macau, Jorge Cavalheiro defende uma herança histórica que não sorri à calçada portuguesa, hoje morada de um quiosque de pintura ainda fresca, decorado como manda a tradição europeia, onde reluz a bugiganga turística.

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