As imagens reproduzem quatro aguarelas com cenas marítimas do sul da China em meados do século 19. De cima para baixo e da esquerda para a direita: baía da Praia Grande Macau, a zona denominada Boca do Tigre a meio caminho entre Macau e Cantão, feitorias de França e dos EUA em Cantão e a embocadura de Whampoa com navios norte-americanos, franceses, dinamarqueses e britânicos.
De dimensões reduzidas (ca. 15x27 cm) este tipo de obras de arte tornaram-se muito populares pelo facto de serem encomendadas pelos comerciantes estrangeiros que nas viagens de negócios à China pretendiam levar no regresso a casa uma lembrança.
Para a execução destas pinturas (denominadas de exportação) foram usados os mais diversos suportes (tela, latão, marfim, etc...). Neste caso, trata-se do "pith paper" (cuja tradução à letra seria papel de medula), muitas vezes erradamente confundido com papel de arroz. Mas não é. Trata-se de uma fatia fina do caule da planta Tetrapanax papyrifer (da família Araliaceae)*. A textura aveludada do 'papel da medula' resultava especialmente em aguarelas devido à elevada capacidade de absorver água criando relevos na superfície em relevo e um efeito translúcido realçando as cores. No Ocidente o interesse por este tipo de suporte foi de tal ordem que várias plantas foram levadas da Ásia para a replantação.
* Este arbusto, abundante em várias regiões do Sul da Ásia é composto de de grandes folhas palmadas e a fibra branca e brilhante existente dentro das hastes é usada como suporte de escrita e pintura; juntamente com outras fibras obtidas do arroz, cânhamo, bambu ou amoreira é usado para fazer o papel de arroz.
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