Este óleo sobre tela de grandes dimensões (58x91cm) representa a baía da Praia da Grande vista de Sul para Norte, sendo o ponto de vista obtido a partir da zona da fortaleza do Bom Parto, na época o limite do acesso pela costa. A baía está repleta de vários navios, incluindo juncos e sampanas e um navio a vapor movido a pás. No edificado, para além do casario ao longo da zona costeira destaque para a Fortaleza do Monte. Do lado direito, ao fundo, a fortaleza de S. Francisco e o muro que cercava o convento de Santa Clara.
O quadro foi por certo levado da China por um comerciante norte-americano em meados do século 19. Após a Guerra de Independência dos Estados Unidos (1775-1783) o comércio com a China teve um papel fulcral no desenvolvimento da economia da Nova Inglaterra. Dali partiam navios carregados com ginseng dos Montes Apalaches e peles do noroeste do Pacífico para vender na China. No regresso levavam sedas, porcelanas, chá e móveis luxuosos. Este tipo de pinturas tornou-se popular sendo feitas em Macau e sobretudo em Cantão como recordações dessas viagens por pintores chineses que não assinavam as obras e que utilizavam um misto de técnicas que incorporava características ocidentais e chinesas. Habitualmente eram pinturas dimensões inferiores a este exemplo. Sendo mais pequenas eram mais baratas e o processo de produção mais rápido.
Exemplar do período denominado como "China trade", esta pintura faz parte do espólio da Historic New England, instituição criada em 1910 com sede em Boston, Massachusetts (EUA) que gere actualmente 37 casas-museu. Está catalogado com o título "Macau and the Praya Grande, Looking North". A não representação da Farol da Guia (1865) e a representação da fachada igreja Mater Dei (vulgo ruínas de S. Paulo) permite datar a obra como sendo posterior a 1835 e anterior a 1865.
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