A imagem ao lado tem como título "Traje dos Nhonhas de Macao" e a autoria é atribuída a Carlos Julião que a fez em 1779 no Estado Português da Índia.
O vestuário desta mulher é uma Saraça-Baju. Existiram outros, como o dó.
Na "Peregrinaçam de Fernam Mendez Pinto, e por elle escrita: Que consta (...). Em Lisboa, Na Officina de Antonio Craesberck de Mello, Impressa de Sua Alteza & impressa à sua custa, Anno de 1678", Fernão Mendes Pinto, a propósito de um banquete oferecido pelos moradores da cidade, usa a palavra "sereias" para descrever a forma como as mulheres estavam vestidas:
"(...) e assentados à mesa forao servidos por moças muyto fermosas,& ricamente vestidas ao modo dos Mandarins que a cada iguaria que punhao cantavao ao som dos instrumetos, que outras tangiao, e a pessoa de António de Faria foy servida co oito moças muito alvas & gentis molheres, filhas de mercadores honrados, que seus pais por amor de Mateus de Brito,& de Tristao de Gâ trouxerao da cidade, as quaes todas vinhao vestidas de sereas (...)".
Peter Mundy que no século 17 esteve em Macau escreve a este propósito:
"Neste lugar há muitos homens ricos, trajando à maneira de Portugal. As suas mulheres, como as de Goa, vestem-se com saraças e condês, estes sobre a cabeça e as outras do meio do corpo até aos pés, e andam calçadas de chinelas chatas. É este o trajo ordinário das mulheres de Macau. Só as de melhor categoria são transportadas em cadeiras à mão, como as cadeirinhas em Londres, todas totalmente cobertas, algumas das quais sao muito caras e ricas, trazidas do Japão. Mas quando saem sem elas, a patroa dificilmente se distingue da criada ou escrava pela aparência exterior, todas inteiramente cobertas, mas os seus sherazzees (saraças) são de melhor qualidade. (...)
Essas mulheres, dentro de casa, usam exteriormente uma veste de mangas muito largas, chamada kamono ou kerimono japonês, por ser o trajo ordinário usado pelos japoneses, havendo muitos que são elegantes, trazidos de lá, de seda tingida, e outros tão caros como aqueles, feitos aqui pelos chineses, de rica bordadura de seda colorida e oiro (...)"
George Bennett que passou por Macau entre 1832 e 1834 refere-se assim às "mulheres portuguesas":
"The Portuguese ladies at Macao are for the most part possessed of but few attractions. The dark eyed, beautiful damsels, the destroyers of so many hearts in Lisbon are here seldom to be met with. The lower class may be seen covered by their mantilla walking at a funereal pace to mass or confession, the only duties for which a Portuguese female considers it worth while to take exercise. The higher class are carried from one street to another by negroes in clumsy and tawdry palankeens."
Curiosidade: se quiser ver um traje mais recente consulte este post.
um vestuário muito atraente :)
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