O que hoje se conhece como ruínas de S. Paulo chegou a funcionar como cemitério depois do incêndio fatídico de 1835.
Nos "Annaes maritimos e coloniaes" de 1843 (nº 10 - 3ª série parte não official) encontra-se a explicação:"Na fabricação do cemiterio em que avisadamente se aproveitou o frontispicio do collegio, e as paredes da Igreja, demoliram-se estas até meia altura, e por meio de pilares dispostos parallelamente, se construio na parte superior um passeio calçado de tijolo em toda a circumferencia. Por baixo abriram-se catacumbas na parede e sepulturas no pavimento. Aos lados da estrada principal do cemiterio se edificaram dois carneiros de abobeda para receberem as ossadas e no assento da Capella mór da Igreja queimada uma pequena Capella onde se depositam os cadaveres antes de se darem á sepultura. Todo o terreno interior està plantado de cedros. Paga-se uma taxa pelas sepulturas e catacumbas que reverte em beneficencia da Misericordia e junto ao cemiterio ha logar destinado para enterramento dos expostos. Esta obra, tão util e tão recommendavel, com a qual se converteu em tão santa applicação o que as chammas não poderam tragar desse edificio grandioso, foi levada a effeito no anno de 1837 sob a direcção do Superior do collegio de S José o Rv do Joaquim José Leite e á custa do cofre da Misericordia."
Segundo Monsenhor Manuel Teixeira, na obra A Voz das Pedras, "os cadáveres" começaram a ser sepultados nas "catacumbas do cemitério de São Paulo" a 30 de Maio de 1837. O processo de transladação dos corpos para o cemitério de S. Miguel só viria a ficar concluído em 1878.
Na época era prática habitual os enterramentos nas igrejas o que veio a ser proibido em 1835 mandando-se criar cemitérios "muralhados" fora dos limites das cidades. Em Macau esta medida só veio a ser aplicada muito mais tarde. Recorde-se que só a 2 de Novembro de 1854 foi aberto o Cemitério de S. Miguel.
Nota retirada do Boletim do Governo relativo ao ano de 1849.
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